COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

PRIMEIRA  PARTE

SEGUNDA PARTE

TERCEIRA PARTE

QUARTA PARTE

ÍNDICE ANALÍTICO DO COMPÊNDIO

PRIMEIRA PARTE

Primeira Seção

“Eu Creio” – “Nós cremos”

1. Qual é o desígnio de Deus para o homem?

Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, por um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar da sua vida bem-aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou seu Filho como redentor e salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os para sua Igreja e tornando-os filhos adotivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança.

1-25

CAPÍTULO PRIMEIRO

O homem é “capaz” de Deus

"Tu és grande, Senhor, e muito digno de louvor [..]. Tu nos fizeste para ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em ti" (Santo Agostinho). 30

2. Por que há no homem o desejo de Deus?

O próprio Deus, ao criar o homem à própria imagem, inscreveu no coração dele o desejo de o ver. Ainda que esse desejo seja com freqüência ignorado. Deus não cessa de atrair o homem a si, para que viva e encontre nele aquela plenitude de verdade e de felicidade que procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é, portanto, um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. Essa íntima e vital ligação com Deus confere ao homem a sua fundamental dignidade.

27-30 44-45

3. Como se pode conhecer a Deus apenas com a luz da razão?

Partindo da criação, ou seja, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, simplesmente com a razão, conhecer com certeza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita.

31-36 46-47

4. Basta apenas a luz da razão para conhecer o mistério de Deus?

O homem, ao conhecer a Deus apenas com a luz da razão, encontra muitas dificuldades. Além do mais, não pode entrar sozinho na intimidade do mistério divino. Por isso, Deus quis iluminá-lo com a sua Revelação, não somente sobre verdades que superam a compreensão humana, mas também sobre verdades religiosas e morais que, embora acessíveis de per si à razão, podem ser assim conhecidas por todos sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro.

37-38

5. Como se pode falar de Deus?

Pode-se falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das outras criaturas, as quais são um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É preciso, todavia, purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que contém de imaginativo e de imperfeito, sabendo-se que não se poderá jamais exprimir plenamente o infinito mistério de Deus.

39-43 48-49

CAPÍTULO SEGUNDO

Deus vem ao encontro do homem

A REVELAÇÃO DE DEUS

6. O que Deus revela ao homem?

Deus, em sua bondade e sabedoria, revela-se ao homem. Com ações e palavras revela a si mesmo e a seu desígnio benevolente, que desde toda a eternidade preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Esse desígnio consiste em fazer com que, pela graça do Espírito Santo, todos os homens participem da vida divina, como seus filhos adotivos no seu único Filho.

50-53 68-69

7. Quais são as primeiras etapas da Revelação de Deus?

Desde o princípio, Deus se manifesta aos primeiros pais, Adão e Eva, e os convida a uma íntima comunhão com ele. Depois da queda deles, não interrompe a sua revelação e promete a salvação para toda a descendência deles. Depois do dilúvio, faz com Noé uma aliança entre ele e todos os seres vivos.

54-58 70-71

8. Quais são as etapas seguintes da Revelação de Deus?

Deus elege Abraão, chamando-o para fora de seu país a fim de fazer dele "o pai de uma multidão de nações" (Gn 17,5) e prometendo-lhe abençoar nele "todas as famílias da terra" (Gn 12,3). Os descendentes de Abraão serão os depositários das promessas divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo de eleição, salvando-o da escravidão do Egito, conclui com ele a Aliança do Sinai e lhe dá, por meio de Moisés, a sua Lei. Os profetas anunciam uma radical redenção do povo e uma salvação que incluirá todas as nações numa Aliança nova e eterna. Do povo de Israel, da estirpe do rei Davi, nascerá o Messias: Jesus.  

59-64 72

9. Qual é a etapa completa e definitiva da Revelação de Deus?

É a que se realiza no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Ele, sendo o Único Filho de Deus feito homem, é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está agora plenamente realizada, ainda que a fé da Igreja tenha de captar gradualmente todo seu alcance ao longo dos séculos.

65-66 73

"A partir do momento em que nos deu o seu Filho, que é a sua única e definitiva Palavra, Deus nos disse tudo de uma só vez nessa Sua Palavra e não tem mais nada a dizer" (São João da Cruz).

10. Que valor têm as revelações privadas?

Ainda que não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver a mesma fé, desde que mantenham sua estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, a quem cabe o discernimento de tais revelações privadas, não pode, portanto, aceitar as que pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.        

67

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA

11. Por que e de que modo a Revelação divina deve ser transmitida?

Deus "quer que todos [os homens] sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2,4), ou seja, de Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a todos os homens, segundo o seu próprio mandamento: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações" (Mt 28,19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica.        

74

12. O que é a Tradição Apostólica?

          A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram a seus sucessores, os bispos, e, por meio deles, a todas as gerações até o final dos tempos o que receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo.        

          75-79,83,96,98

13. Como se realiza a Tradição Apostólica?

A Tradição Apostólica se realiza de duas maneiras: com a transmissão viva da Palavra de Deus (também chamada simplesmente de Tradição) e com a Sagrada Escritura, que é o mesmo anúncio da salvação feito por escrito.    

76

14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?

A Tradição e a Sagrada Escritura estão em estreita ligação e comunicação entre si. Ambas, com efeito, tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e brotam da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito da fé, de onde a Igreja haure a própria certeza sobre todas as coisas reveladas

80-82 97

 

15. A quem é confiado o depósito da fé?

O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus, com o sentido sobrenatural da fé, sustentado pelo Espírito Santo e guiado pelo Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina e cada vez mais a compreende e a aplica à vida.  

84,91 94,99

16. A quem cabe interpretar autenticamente o depósito da fé?

A interpretação autêntica desse depósito compete unicamente ao Magistério vivo da Igreja, ou seja, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos bispos em comunhão com ele. Cabe também ao Magistério, que ao servir a Palavra de Deus goza do carisma certo da verdade, definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação divina; essa autoridade se estende também às verdades necessariamente ligadas à Revelação.   

85-90 100

17. Que relação existe entre Escritura, Tradição e Magistério?

Eles têm uma ligação tão estreita entre si que nenhum deles existe sem os outros. Juntos, contribuem eficazmente, cada qual segundo seu modo próprio, sob a ação do Espírito Santo, para a salvação dos homens.    

95

A SAGRADA ESCRITURA

18. Por que a Sagrada Escritura ensina a verdade?

Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura; por isso se diz que ela é inspirada e ensina sem erro as verdades que são necessárias nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, que escreveram o que ele quis nos ensinar. A fé cristã, todavia, não é "uma religião do Livro", mas da Palavra de Deus, que não é "uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo" (São Bernardo de Claraval).    

105-108        135-136

19. Como ler a Sagrada Escritura?

A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a guia do Magistério da Igreja, segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3) respeito à analogia da fé, ou seja, à coesão das verdades da fé entre si.         

109-119        137

20. O que é o cânone das Escrituras?

O cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados que a Tradição Apostólica fez a Igreja discernir. Esse cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo.      

120      138

21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?

Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão testemunho da divina pedagogia do amor Salvífico de Deus. Foram escritos, sobretudo para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.    

121-123

22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?

O Novo Testamento, cujo objeto central é Jesus Cristo, confia-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos - de Mateus, Marcos, Lucas e João -, por serem o principal testemunho sobre a vida e a doutrina de Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja. 

124-127        139

23. Que unidade existe entre Antigo e Novo Testamento?

A Escritura é una, porquanto única é a Palavra de Deus, único o desígnio salvífico de Deus, única a inspiração divina de ambos os Testamentos. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois se iluminam mutuamente.        

128-130 140

24. Que função tem a Sagrada Escritura na vida da Igreja?

A Sagrada Escritura dá suporte e vigor à vida da Igreja. É para seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o salmista: ela é "lâmpada para meus passos e luz no meu caminho" (Sl 119,105). A Igreja exorta por isso à freqüente leitura da Sagrada Escritura, porque "a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo" (São Jerônimo).              

131-133        141-142

CAPÍTULO TERCEIRO

A resposta do homem a Deus

 

EU CREIO

25. Como responde o homem a Deus que se revela?

O homem, sustentado pela graça divina, responde a Deus com a obediência da fé, que é confiar plenamente em Deus e acolher a sua Verdade, porquanto garantida por ele, que é a própria Verdade. 

142-143

26. Quais são na Sagrada Escritura as principais testemunhas de obediência da fé?

          Há muitas testemunhas, em particular duas: Abraão, que, posto à prova, "creu em Deus" (Rm 4,3) e sempre obedeceu a seu chamado, tornando-se "pai de todos os crentes" (Rm 4,11.18); e a Virgem Maria, que realizou do modo mais perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: "Fiat mihi secundum Verbum tuum - Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).                                                                

          144-149

27. Na prática, o que significa para o homem crer em Deus?

Significa aderir ao próprio Deus, confiando nele e dando assentimento a todas as verdades por ele reveladas, porque Deus é a verdade.Significa crer num só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.

150-152 176-178

28. Quais são as características da fé?

A fé, dom gratuito de Deus e acessível a todos os que a pedem com humildade, é virtude sobrenatural necessária à salvação. O ato de fé é um ato humano, ou seja, um ato da inteligência do homem que, sob o impulso da vontade movida por Deus, dá livremente o próprio consenso à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada na Palavra de Deus, é operosa "pelo amor" (Gl 5,6); está em contínuo crescimento graças em particular, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela nos faz prelibar desde já a alegria celeste. 

153-165 179-180 183-184

29. Por que não há contradições entre fé e ciência?

          Embora a fé supere a razão, jamais poderá haver contradição entre fé e ciência, porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem tanto a luz da razão quanto a fé.               

159

"Crê para compreender, compreende para crer" (Santo Agostinho).

NÓS CREMOS

30. Por que a fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo eclesial?

A fé é um ato pessoal, como livre resposta do homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um ato eclesial, que se exprime na confissão: “Nós cremos". Com efeito, é a Igreja que crê. Desse modo, com a graça do Espírito Santo, ela precede, gera e alimenta a fé de cada um. Por isto a Igreja é Mãe e Educadora.      

166-169 181

"Não pode ter a Deus como Pai quem não tem a Igreja como Mãe" (São Cipriano).

31. Por que as fórmulas da fé são importantes?

As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e partilhar juntamente com outros as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.                               

170-171

32. De que modo a fé da Igreja é uma só?

A Igreja, embora formada por pessoas diferentes por língua, cultura e ritos, professa, com voz unânime, a única fé recebida de um só Senhor e transmitida pela única Tradição Apostólica. Professa um só Deus Pai, Filho e Espírito Santo - e mostra um só caminho de salvação. Portanto, nós cremos, com um só coração e com uma só alma, em tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e é proposto pela Igreja como divinamente revelado.          

172-175        182


Segunda Seção

A Profissão de Fé Cristã

O Credo

SÍMBOLO DOS APÓSTOLOS

CREDO - Niceno-Constantinopolitano

Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.

 

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos.

 

 

Creio no Espírito Santo,

 

 

 

na santa Igreja católica,

na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna.

Amém.

Creio em um só Deus,

Pai todo-poderoso,

Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e

invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encamou, pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo,

Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, ele que falou pelos profetas.

Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica.

Professo um só batismo para remissão dos pecados.

E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo

que há de vir.

Amém.

 


CAPÍTULO PRIMEIRO

 

Creio Em Deus Pai

 

Os Símbobos da fé

 

33. O que são os Símbolos da fé?

São fórmulas articuladas, chamadas também de "profissões de fé" ou "credo", com que a Igreja, desde suas origens, expressou de modo sintético e transmitiu a própria fé com uma linguagem normativa e comum a todos os fiéis.

185-188 192, 197

34. Quais são os mais antigos Símbolos da fé?

São os Símbolos batismais. Uma vez que o Batismo é dado "em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas são articuladas em referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.

189-191

35. Quais são os mais importantes Símbolos da fé?

São o Símbolo dos Apóstolos, que é o antigo Símbolo batismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno-constantinopolitano, fruto dos primeiros dois Concílios Ecumênicos de Nicéia (325) e de Constantinopla (381) e. ainda hoje comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente.

193-195

"CREIO EM DEUS PAI TODO-PODEROSO,

CRIADOR DO CÉU E DA TERRA"

36. Por que a profissão de fé começa com "Creio em Deus"?

Porque a afirmação "Creio em Deus" é a mais importante, a fonte de todas as outras verdades sobre o homem e sobre o mundo, e de toda a vida de cada um que nele crê.

198-199

37. Por que professamos um só Deus?

Porque ele se revelou ao povo de Israel como o Único, quando disse: "Ouve, Israel O Senhor nosso Deus é o único Senhor" (Dt 6,4), "eu é que sou Deus e outro não há" (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou: Deus é "um só" (Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são também Deus e Senhor não introduz nenhuma divisão no Deus Único.

200-202 228

38. Com que nome Deus e revela?

A Moisés Deus se revelou como Deus vivo, "o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de lsaac, o Deus de Jacó" (Ex 3.6). Ao mesmo Moisés, Deus revela o seu Nome misterioso: "Eu Sou Aquele que Sou (YHWH)". O nome inefável de Deus, já nos tempos do Antigo Testamento, foi substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo Testamento, Jesus, chamado de Senhor, mostra-se como verdadeiro Deus.

203-205 230-231

39. Somente Deus “é"?

Somente Deus é em si mesmo a plenitude do ser e de toda perfeição, ao passo que as criaturas receberam dele tudo o que são e têm. Ele é "aquele que é", sem origem e sem fim. Jesus revela que também ele leva o Nome divino: "Eu sou" (Jo 8,28).

212-213

40. Por que é importante a revelação do nome de Deus?

Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas contidas no seu mistério inefável: somente ele é, desde sempre e para sempre, aquele que transcende o mundo e a história. É ele que fez o céu e a terra. É o Deus fiel, sempre próximo a seu povo para o salvar. É o santo, por excelência, "rico em misericórdia" (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É Ser espiritual, transcendente, onipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor.

206-213

"Deus é o ser infinitamente perfeito que é a Santíssima Trindade" (São Turíbio de Mongrovejo).

41. Em que sentido Deus é a verdade?

Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele "é luz e nele não há trevas" (1 Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo "para dar testemunho da verdade" (Jo 18,37).

214-217 231

42. De que modo Deus revela que ele é amor?

Deus se revela a Israel como aquele que tem um amor mais forte do que o de um pai ou de uma mãe pelos seus filhos, ou de um esposo por sua esposa. Ele, em si mesmo, ”é amor" (1Jo 4,8.16), que se doa completa e gratuitamente, "que amou tanto o mundo que deu o seu Filho único para que todo o que nele crer seja salvo por ele" (Jo 3,16-17). Enviando seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que ele próprio é eterna troca de amor.

218-221

43. O que comporta crer num só Deus?

Crer em Deus, o Único comporta: conhecer sua grandeza e majestade; viver em ação de graças; confiar nele sempre, mesmo nas adversidades; reconhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar corretamente as coisas criadas por Ele.

222-227 229

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã?

O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

232-237

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana?

Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de: Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

237

46. O que Jesus Cristo nos revela do mistério do Pai?

Jesus Cristo nos revela que Deus é "Pai", não somente porque é Criador do universo e do homem, mas, sobretudo porque gera eternamente em seu seio o Filho, que é o seu Verbo, "resplendor da glória do Pai, expressão de seu ser" (Hb 1,3).

240-242

47. Quem é o Espírito Santo revelado a nós por Jesus Cristo?

É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, É Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele "procede do Pai" (Jo 15,26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja ao conhecimento "da verdade plena" (Jo 16,13).

243-248

48, Como a Igreja exprime a sua fé trinitária?

       A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras. O Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.

         249-256 266

49. Como operam as três Pessoas divinas?

Inseparáveis na sua única substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também em suas operações: a Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino cada Pessoa está presente sendo o modo que lhe é próprio na Trindade.

257-260 267

"Ó meu Deus, Trindade que adoro... pacifica a minha alma; faz dela o teu céu, a tua morada amada e o lugar do teu repouso. Que eu não te deixe jamais só, mas que eu esteja ali, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adoradora, toda entregue à tua ação criadora" (Bem-aventurada Elisabete da Trindade).

50. O que significa que Deus é todo-poderoso?

Deus se revelou como "Forte e Poderoso" (Sl 24,8), aquele ao qual "nada é impossível" (Lc 1,37). A sua onipotência é universal, misteriosa, e se manifesta ao criar o mundo do nada e o homem por amor, mas, sobretudo na Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adoração filial e no perdão dos pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao "Deus todo-poderoso e eterno" ("Omnipotens sempiteme Deus...").

268-278

51. Por que é importante afirmar: “Deus criou o céu e a terra" (Gn l,l)?

Porque a criação é o fundamento de todos os divinos desígnios salvíficos; manifesta o amor onipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do único Deus com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma primeira resposta às interrogações fundamentais do homem acerca da própria origem e do próprio fim.

279-289 315

52. Quem criou o mundo?

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são o princípio único e indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do mundo seja particularmente atribuída a Deus Pai.

290-292 316

53. Para que o mundo foi criado?

() mundo foi criado para a glória de Deus, que quis manifestar e comunicar a sua bondade, verdade e beleza. O fim último da criação é que Deus, cm Cristo, possa ser "tudo em todos" (1Cor 15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade.

293-294 319

“A glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a visão de Deus" (Santo Irineu).

54. Como Deus criou o universo?

Deus criou o universo livremente com sabedoria e amor. O mundo não é o produto de uma necessidade, de um destino cego ou do acaso. DEUS criou "do nada" (ex nihilo: 2Mc 7,28) um mundo ordenado e bom, que ele transcende de modo infinito. Deus conserva no ser a sua criação e a sustenta, dando-lhe a capacidade de agir e levando-a à sua realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo.

295-301 317-320

55. Em que consiste a Providência divina?

Consiste nas disposições com que Deus conduz as suas criaturas para a perfeição última, para a qual ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu desígnio. Mas para a sua realização se serve também da cooperação das suas criaturas. Ao mesmo tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem das mesmas, de serem causa umas das outras.

302-306 321

56. Como o homem colabora com a Providência divina?

Ao homem Deus concede e pede, respeitando a sua liberdade, a colaboração de suas ações, de suas orações, mas também de seus sofrimentos, suscitando nele "tanto o querer como o fazer, conforme o seu agrado" (Fl 2,13).

307-308 323

57. Se Deus é todo-poderoso e providente, por que existe o mal?

A essa interrogação, tão dolorosa quanto misteriosa, pode dar resposta somente o conjunto da fé cristã. Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal. Ele ilumina o mistério do mal em seu Filho, Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a raiz dos outros males.

309-310 324, 400

58. Por que Deus permite o mal?

          A fé nos dá a certeza de que Deus não permitiria o mal se do mesmo mal não tirasse o bem. Deus já realizou isso de modo admirável por ocasião da morte e ressurreição de Cristo: com efeito, do maior mal moral, a morte do seu Filho, ele auferiu os maiores bens, a glorificação de Cristo e a nossa redenção.

311-314 324

O céu e a terra

59. O que Deus criou?

          A Sagrada Escritura diz: "Deus criou o céu e a terra" (Gn 1, 1). A Igreja, na sua profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, de todos os seres espirituais e materiais, ou seja, dos anjos e do mundo visível e, de modo particular, do homem.

          325-327

60. Quem são os anjos?

Os anjos são criaturas puramente espirituais, não-corpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de inteligência e de vontade. Eles, contemplando Deus face a face incessantemente, glorificam-no, servem-no e são seus mensageiros no cumprimento da missão de salvação para todos os homens.

328-333 350-351

61. De que modo os anjos estão presentes na vida da Igreja?

          A Igreja se une aos anjos para adorar a Deus, invoca a assistência deles e celebra liturgicamente a memória de alguns.

          334-336 352

"Cada fiel tem ao próprio lado um anjo como protetor e pastor, para o conduzir à vida" (São Basílio Magno).

62. O que ensina a Sagrada Escritura acerca da criação do mundo visível?

Por meio da narração dos "seis dias" da criação, a Sagrada Escritura nos faz conhecer o valor da criação e a sua finalidade de louvor a Deus e de serviço ao homem. Todas as coisas devem a própria existência a Deus, do qual recebe a própria bondade e perfeição, as próprias leis e o próprio lugar no universo.

337-344

63. Qual é o lugar do homem na criação?

          O homem é o cume da criação visível, porquanto é criado à imagem e semelhança de Deus.

          343-344 353

64. Que tipo de ligação existe entre as coisas criadas?

Existe entre as criaturas uma interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao mesmo tempo, existe uma unidade e solidariedade entre as criaturas, pois todas têm o mesmo criador, são por ele amadas e estão ordenadas à sua glória. Respeitar as leis inscritas na criação e as relações que derivam da natureza das coisas é, portanto, princípio de sabedoria e fundamento da moral.

342 354

65. Que relação há entre a obra da criação e a da redenção?

A obra da criação culmina na obra ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à nova criação, na qual tudo encontrará seu pleno e seu cumprimento.

345-349

O homem

66. Em que sentido o homem é criado à "imagem de Deus”?

          O homem é criado à imagem de Deus no sentido de que é capaz de conhecer e de amar, na liberdade, o próprio criador. E a única criatura nesta terra que Deus quis em si mesma e que chamou a partilhar, no conhecimento e no amor, a sua vida divina. Criado à imagem de Deus, ele tem a dignidade de pessoa: não é alguma coisa, mas alguém, capaz de se conhecer, de se doar livremente e de entrar, em comunhão com Deus e com as outras pessoas.

          355-357

67. Para qual fim Deus criou o homem?

Deus criou tudo para o homem, mas, o homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus, para oferecer-lhe, neste mundo, toda a criação em ação de graças e ser elevado à vida com Deus no céu. Somente no mistério do Verbo encarnado encontra a verdadeira luz o mistério do homem predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem, que é a perfeita "imagem do Deus invisível" (CI 1,15).

358-359 381

68. Por que os homens formam uma unidade?

Todos os homens formam a unidade do gênero, humano pela comum origem que têm em Deus. Além disso, Deus "de um só homem fez toda a, espécie humana" (At 17,26). Todos, pois, têm um único Salvador e todos são chamados a partilhar da eterna felicidade de Deus.

360-361

69. Como a alma e o corpo formam no homem uma unidade?

A pessoa humana é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam uma única natureza. Essa unidade é tão profunda que, graças ao princípio espiritual que é a alma, o corpo, que é material, toma-se um corpo humano e vivo, e participa da dignidade de imagem de Deus.

362-365 382

70. Quem dá a alma ao homem?

A alma espiritual não vem dos pais, mas é criada diretamente por Deus e é imortal. Ao separar-se do corpo por ocasião da morte, ela não perece; unir-se-á novamente ao corpo no momento da ressurreição final.

366-368 382

71. Que relação estabeleceu Deus entre o homem e a mulher?

O homem e a mulher foram criados por Deus numa igual dignidade como pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa recíproca complementaridade como homem e mulher. Deus os quis um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos, são também chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimônio "uma só carne" (Gn 2,24), e a dominar a terra como "intendentes" de Deus.

369-373 383

72. Qual era a condição originária do homem segundo o desígnio de Deus?

Deus, ao criar o homem e a mulher, tinha lhes dado uma especial participação na própria vida divina, em santidade e justiça. No desígnio de Deus, o homem não deveria nem sofrer nem morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no homem em si mesmo, entre criatura e criador, entre homem e mulher, bem como entre o primeiro casal humano e toda a criação.

          374-379 384

A queda

73. Como se compreende a realidade do pecado?

Na história do homem está presente o pecado. Essa realidade se esclarece plenamente apenas à luz da Revelação divina e, sobretudo à luz de Cristo Salvador de todos, que fez superabundar a graça onde abundou o pecado.

385-389

74. O que é queda dos anjos?

Com esta expressão indica-se que Satanás e os outros demônios de falam a Sagrada Escritura e a Tradição da Igreja, de anjos criados bons por Deus transformaram-se em maus, porque com livre e irrevogável escolha rejeitaram a Deus e o seu Reino, dando assim origem ao inferno. Elos tentam associar o homem à sua rebelião contra Deus; mas Deus afirma em Cristo a sua vitória segura sobre o Maligno.

391-395 414

75. Em que consiste o primeiro pecado do homem?

O homem, tentado pelo diabo, deixou que se apagasse em seu coração a confiança em relação a seu Criador e, desobedecendo-o, quis se tornar “como Deus” sem Deus, e não segundo Deus (Gn 3,5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente para si e para todos os seus descendentes a graça da santidade e da justiça originais.

396-403 415-417

76. O que é o pecado original?

O pecado original, no qual todos os homens nascem, é o estado de privação da santidade e da justiça originais. É um pecado por nós "contraído", não "cometido"; é uma condição de nascimento e não um ato pessoal. Em virtude da unidade de origem de todos os homens, ele se transmite com a natureza humana aos descendentes de Adão, "não por imitação, mas por propagação". Essa transmissão permanece um mistério que não podemos compreender plenamente.

404 419

77. Que outras conseqüências provoca o pecado original?

Em conseqüência do pecado original, a natureza humana, sem ser totalmente corrompida, está ferida em suas forças naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte e inclinada ao pecado. Essa inclinação é chamada concupiscência.

          405-409 418

78. Depois do primeiro pecado, o que fez Deus?

Depois do primeiro pecado, o mundo foi inundado pelos pecados, porém Deus não abandonou o homem ao poder da morte, mas, ao contrário, prognosticou-lhe de modo misterioso no "Proto-evangelho" (Gn 3,15) - que o mal seria vencido e o homem elevado da queda. É o primeiro anúncio do Messias redentor. Por isso, a queda será chamada de feliz culpa, porque "mereceu tal e tão grande Redentor" (Liturgia da Vigília pascal).

410-412 420

CAPITULO SEGUNDO

Creio em Jesus Cristo, Filho único de Deus

79. Qual é a Boa Nova para o homem?

É o anúncio de Jesus Cristo, "o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16), morto e ressuscitado. No tempo do rei Herodes e do imperador César Augusto, Deus realizou as promessas feitas a Abraão e à sua descendência, enviando "seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos nós recebêssemos a dignidade de filhos" (Gl 4,4-5).

422-424

80. Como se difunde essa Boa Nova?

Desde o início, os primeiros discípulos tiveram o ardente desejo de anunciar Jesus Cristo, com o objetivo de levar todos à fé nele. Também hoje, do amoroso conhecimento de Cristo nasce o desejo de evangelizar e catequizar, ou seja, de ensinar o Cristo, desvendar na sua pessoa todo o desígnio de Deus e pôr a humanidade em comunhão com Ele.

425-429

"E EM JESUS CRISTO, SEU FILHO ÚNICO, NOSSO SENHOR”

81. O que significa o nome "Jesus"?

Dado pelo Anjo no momento da Anunciação, o nome "Jesus" significa “Deus salva”. Ele exprime a sua identidade e a sua missão, "pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados" (Mt 1,21). Pedro afirma que “não existe debaixo do céu outro nome dado à humanidade, pelo qual devamos ser salvos" (At 4,12).

430-435 452

82. Por que Jesus é chamado "Cristo"?

“Cristo” em grego, “Messias” em hebraico, significa "ungido". Jesus é o Cristo porque está consagrado por Deus, ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. É, o Messias esperado por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias, esclarecendo, porém, seu sentido: "Descido do céu" (Jo 3,13), crucificado e depois ressuscitado, ele é o servo Sofredor que "dá sua vida, Em resgate por muitos" (Mt 20,28). Do nome Cristo é que nos veio o nome de cristãos.

436-440 453

83. Em que sentido Jesus é o “Filho Único de Deus”?

          É um sentido único e perfeito. No momento do Batismo e da transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu “Filho bem-amado”. Apresentando a si mesmo como Filho que “conhece o Pai” (Mt 11,27), Jesus afirma a sua relação única e eterna com Deus, seu Pai. Ele é "o Filho Único de Deus” (1Jo 4,9), a segunda Pessoa da Trindade. É o centro toda pregação apostólica: os Apóstolos viram “a sua glória, glória como do Filho único da parte do Pai" (Jo 1,14).

          441-445 454

84. O que significa o título "Senhor"?

Na Bíblia, esse título designa habitualmente Deus Soberano. Jesus o atribui a si mesmo e revela a sua soberania divina mediante o seu poder sobre a natureza, sobre os demônios, sobre o pecado e sobre a morte, sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras confissões cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidos a Deus Pai o são também a Jesus: Deus “lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história, o único a quem o homem deve submeter totalmente a própria liberdade pessoal.

446-451 455

"JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, NASCEU DA VIRGEM MARIA"

85. Por que o Filho de Deus se fez homem?

O Filho de Deus encarnou-se no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo, por nós homens e para nossa salvação, ou seja, para reconciliar a nós, pecadores, com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos fazer “participantes da natureza, divina” (2 Pd 1,4).

456-460

86. O que significa a palavra "Encarnação"?

A Igreja chama de "Encarnação" o Mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o Filho de Deus se fez "carne" (Jo 1,14), tornando-se verdadeiramente homem. A fé na Encarnação é sinal distintivo da fé cristã.

461-463 483

87. De que modo Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem?

Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem na unidade da sua Pessoa divina. Ele, o Filho de Deus, que é "gerado, não criado, da mesma substância do Pai", fez-se verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isso deixar de ser Deus, nosso Senhor.

464.467 469

88. O que ensina a esse respeito o Concílio de Calcedônia (ano 451)?

          Concílio de Calcedônia ensina a confessar "um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito em sua divindade e perfeito em sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, 'semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado' (Hb 4,15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos segundo a divindade e, nestes últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, Mãe de Deus, segundo a humanidade".

          467

89. Como a Igreja exprime o Mistério da Encarnação?

Exprime-o afirmando que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina e a humana, não confusas, mas unidas na Pessoa do Verbo. Portanto, na humanidade de Jesus, tudo - milagres, sofrimento, morte - deve ser atribuído à sua Pessoa divina, que age por meio da natureza humana assumida.

464-469 479-481

"Ó Filho Único e Verbo de Deus, tu que és imortal, pela nossa salvação te dignaste encarnar-te no seio da santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria (...). Tu que és Um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salva-nos!" (Liturgia Bizantina de São João Crisóstomo).

 

90. O Filho de Deus feito homem tinha uma alma com um conhecimento humano?

O Filho de Deus assumiu um corpo animado por uma alma racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus aprendeu muitas coisas pela experiência. Mas também como homem, o Filho de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus, seu Pai. Penetrava igualmente nos pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente os desígnios eternos que ele viera revelar.

          470-474 482

91. Como se harmonizam entre si as duas vontades do Verbo encarnado?

Jesus em uma vontade divina uma vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de Deus quis de modo humano o que decidiu de modo divino com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação. A vontade humana de Cristo segue, sem oposição nem resistência, a vontade divina, ou melhor; está a ela subordinada.

475 482

92. Cristo tinha um verdadeiro corpo humano?

Cristo tinha assumido um verdadeiro corpo humano por meio do qual Deus invisível se tornou visível. Por essa razão, Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.

476-477

93. O que representa o Coração de Jesus?

Jesus nos conheceu e nos amou com um coração humano. O seu Coração traspassado para a nossa salvação é o símbolo daquele infinito amor com o qual ele ama o Pai e cada um dos homens.

478

94. "Concebido pelo poder do Espírito Santo": o que significa essa expressão?

       Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio por obra do Espírito Santo e sem a colaboração de homem: "O Espírito Santo descerá sobre ti" (Lc 1,35), disse-lhe o Anjo, na Anunciação.

       484-486

95. "...nasceu da Virgem Maria": por que Maria é verdadeiramente a Mãe de Deus?

          Maria é verdadeiramente Mãe de Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1;19,25). Com efeito, aquele que foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou verdadeiramente seu Filho é o Filho eterno de Deus Pai. Ele mesmo é Deus.

          495 509

96. O que significa "Imaculada Conceição"?

          Deus escolheu gratuitamente Maria desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu Filho: para realizar essa missão, foi concebida imaculada. Isso significa que, por graça de Deus e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado original desde sua concepção.

487-492 508

97. Como colabora Maria com o desígnio Divino da salvação?

Pela graça de Deus, Maria ficou imune de todo pecado pessoal durante toda a sua existência. É a "cheia de graça" (Lc 1,28), a "Toda Santa". Quando o Anjo lhe anuncia que daria à luz "o Filho do Altíssimo" (Lc 1,32), ela dá livremente o próprio assentimento com "a obediência da fé" (Rm 1,5). Maria se oferece totalmente à Pessoa e à obra do seu Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de salvação.

493-494 508-511

98. O que significa a concepção virginal de Jesus?

Significa que Jesus foi concebido no seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do homem. Ele é Filho do Pai celeste segundo a natureza divina e Filho de Maria segundo a natureza humana, mas propriamente Filho de Deus nas duas naturezas, havendo nele uma só Pessoa, a divina.

496-498 503

99. Em que sentido Maria é “sempre Virgem"?

No sentido de que ela "permaneceu Virgem ao conceber seu Filho, Virgem ao dá-Lo à luz, Virgem ao carregá-Lo, Virgem ao alimentá-Lo no seu seio, Virgem sempre" (santo Agostinho). Portanto, quando os Evangelhos falam de "irmãos e irmãs de Jesus", trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão usada na Sagrada Escritura.

499-507 510-511

100. De que modo a maternidade espiritual de Maria é universal?

Maria tem um único Filho, Jesus, mas nele a sua maternidade espiritual se estende a todos os homens que ele veio salvar. Obediente ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que cooperar com amor de mãe para o nascimento deles e para a formação deles na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura da Igreja, a mais perfeita realização dela.

501-507 511

101. Em que sentido toda a vida de Cristo é Mistério?

Toda a vida de Cristo é evento de revelação: o que é visível na vida terrena de Jesus leva a seu Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina: "quem me vê, vê o Pai" (Jo 14,9). Além disso, embora a salvação venha em plenitude da cruz e da ressurreição, a vida inteira de Cristo é Mistério de salvação, porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha 'como objetivo salvar o homem decaído e restaurá-lo na sua vocação de filho de Deus.

512-521 561-562

102. Quais foram os preparativos para os Mistérios de Jesus?

Em primeiro lugar, há uma longa esperança que durou por muitos séculos, que nós revivemos durante a celebração litúrgica do tempo de Advento. Além da obscura expectativa que pôs no coração dos pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho por meio da Antiga Aliança, até João Batista, que é o último e o maior dos profetas.

522-524

103. O que ensina o Evangelho sobre os Mistérios do nascimento e da infância de Jesus?

No Natal, a glória do Céu se manifesta na fraqueza de uma criança; a circuncisão de Jesus é sinal da sua inserção no povo hebraico e prefiguração do nosso Batismo; a Epifania é a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as nações; na sua apresentação no templo, em Simeão e Ana é toda a espera de Israel que vem ao encontro, do seu Salvador; a fuga para o Egito e a matança dos inocentes anunciam que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; a sua volta do Egito lembra o êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: é _Ele o verdadeiro e definitivo libertador.

525-530563-564

104. Que ensinamento nos oferece a vida oculta de Jesus em Nazaré?

       Durante a vida oculta em Nazaré, Jesus permanece no silêncio de uma existência comum. Permite-nos assim estar em comunhão com ele na santidade de uma vida cotidiana feita de oração, de simplicidade, de trabalho, de amor filial. A sua submissão a Maria e a José, seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José, com sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, embora sem o compreender sempre.

       533-534 564

105. Por que Jesus recebe de João o "batismo de conversão para o perdão dos pecados" (Lc 3,3)?

          Para dar início à sua vida pública e antecipar o "Batismo" da sua morte: aceita assim, embora estivesse sem pecado, ser contado entre os pecadores, ele, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). O Pai o proclama seu "Filho amado" (Mt 3,17) e o Espírito desce sobre ele. O batismo de Jesus é a prefiguração do nosso batismo.

          535-537 565

106. O que revelam as tentações de Jesus no deserto?

As tentações de Jesus no deserto recapitulam a de Adão no paraíso e as de Israel no deserto. Satanás tenta Jesus na obediência dele à missão que o Pai lhe confiara. Cristo, novo Adão, resiste e a sua vitória anuncia a da sua paixão, suprema obediência do seu amor filial. A Igreja se une em particular a esse Mistério no tempo litúrgico da Quaresma.

          538-540 566

107. Quem é convidado a fazer parte do Reino de Deus, anunciado e realizado por Jesus?

       Jesus convida todos os homens a fazerem parte do Reino de Deus. Também o pior pecador é chamado a se converter e a aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já aqui na terra, aos que o acolhem com coração humilde. É a eles que são revelados os seus Mistérios.

          541-546 567

108. Por que Jesus manifesta o Reino por meio de sinais e milagres?

Jesus acompanha a sua palavra com sinais e milagres para atestar que o Reino está presente nele, o Messias. Embora ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar todos os males nesta terra, mas para nos libertar antes de mais nada da escravidão do pecado. A expulsão dos demônios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o "príncipe deste mundo" (Jo 12,31).

547-550 567

109. No Reino, que autoridade Jesus confere a seus Apóstolos?

Jesus escolhe os Doze, futuras testemunhas da sua Ressurreição, e os faz partícipes da sua missão e da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e reger a Igreja. Nesse colégio, Pedro recebe "as chaves do Reino" (Mt 16,19) e ocupa o primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de confirmar os seus irmãos.

551-553 567

110. Que significado tem a Transfiguração?

Na Transfiguração mostra-se antes de mais nada a Trindade: "O Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem clara" (Santo Tomás de Aquino). Ao evocar com Moisés e Elias a sua "partida" (Lc 9,31), Jesus mostra que a sua glória passa pela cruz e dá antecipação da sua ressurreição e da sua gloriosa vinda, "que transformará o nosso pobre corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso" (Fl 3,21).

554-556 568

"Tu te transfiguraste na montanha e, na medida em que eram capazes, os teus discípulos contemplaram a tua Glória, Cristo Deus, a fim de que, quando te vissem crucificado, compreendessem que a tua Paixão era voluntária e anunciassem ao mundo que és verdadeiramente a irradiação do Pai" (Liturgia Bizantina).

111. Como se dá a entrada messiânica em Jerusalém?

No tempo estabelecido, Jesus decide subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer e ser e ressuscitar. Como Rei Messias que manifesta a vinda do Reino, ele entra na sua cidade montado em um jumento. É acolhido pelos pequenos, cuja aclamação é retomada no Sanctus eucarístico: "Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana (salva-nos)" (Mt 21,9). A liturgia da Igreja dá início à Semana Santa com a celebração dessa entrada em Jerusalém.

557-560569-570

"JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,

FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO"

112. Qual a importância do Mistério pascal de Jesus?

O Mistério pascal de Jesus, que compreende a sua paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no centro da fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou uma vez por todas com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo.

571-573

113. Com que acusações Jesus foi condenado?

Alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém e em particular contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso o entregaram a Pilatos, para que o condenasse à morte.

574-576

114. Como se comportou Jesus em relação à Lei de Israel?

Jesus não aboliu a Lei dada por Deus a Moisés no Sinai, mas deu-lhe cumprimento ao lhe dar a interpretação definitiva. É o Legislador divino que executa integralmente essa Lei. Além disso, ele, o Servo fiel, oferece com a sua morte expiadora o único sacrifício capaz de redimir todas "as transgressões cometidas no decorrer da primeira Aliança" (Hb 9,15).

577-582 592

115. Qual foi a atitude de Jesus em relação ao templo de Jerusalém?

Jesus foi acusado de hostilidade em relação ao Templo. Todavia, respeitou-o como "casa do seu Pai" (Jo 2,16) e ali proferiu uma parte importante do seu ensinamento. Mas também predisse a destruição dele, numa relação com a própria morte, e se apresentou ele mesmo como a casa definitiva de Deus em meio aos homens.

583-586 593

116. Jesus contradisse a fé de Israel no Único e Salvador?

Jesus jamais contradisse a fé num Deus Único, nem mesmo quando realizava a obra divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos pecados. O pedido de Jesus de crer nele e de se converter permite entender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus digno de morte porque blasfemador.

5,87-591 594

117. Quem é responsável pela morte de Jesus?

A paixão e a morte de Jesus não podem ser "imputadas indistintamente nem a todos os judeus então vivos nem aos outros judeus vindos depois, no tempo e no espaço. Cada um dos pecadores, ou seja, todo homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do Redentor e mais gravemente culpados são aqueles, sobretudo" se cristãos, que mais vezes caem de novo no pecado ou se deleitam nos vícios.

595-598

118. Por que a morte de Cristo faz parte do desígnio de Deus?

          Para reconciliar consigo todos os homens destinados à morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa amorosa de enviar seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo sofredor, a morte de Jesus aconteceu "segundo as Escrituras".

          599-605 619

119. De que modo Cristo se ofereceu ao Pai?

Toda a vida de Cristo é livre oferta ao Pai para cumprir o seu desígnio de salvação. Ele dá "a vida em resgate por muitos" (Mc 10,45) e desse modo reconcilia com Deus toda a humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam que a sua humanidade é o instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os homens.

606-609 620

120. Como se exprime na última Ceia a oferta de Jesus?

Na última Ceia com os Apóstolos, na vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza de modo antecipado a oferta voluntária de si mesmo: "Isto é o meu corpo, que é dado por vós!" (Lc 22,19), "este é o meu sangue, que é derramado..." (Mt 26,28). Ele institui assim ao mesmo tempo a Eucaristia como "memorial” (1Cor 11,25) do seu sacrifício e os seus Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.

610-611 621

 

121. O que acontece na agonia do Horto de Getsêmani?

Apesar do horror que causa a morte na humanidade toda santa daquele e que é o “Autor da Vida” (At 13,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à vontade do Pai: para nos salvar, Jesus aceita carregar os nossos pecados, no seu corpo, "fazendo-se obediente até a morte" (Fl 2,8).

612

122. Quais são os efeitos do sacrifício de Cristo na cruz?

Jesus ofereceu livremente a sua vida em sacrifício expiatório, ou seja, reparou as nossas culpas com a obediência plena do seu amor até a morte. Esse "amor até o fim" (Jo 13,1) do Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a humanidade. O sacrifício pascal de Cristo resgata, pois, os homens de modo único, perfeito e definitivo, e lhes abre a comunhão com Deus.

613-617 622-623

123. Por que Jesus chama os seus discípulos a tomar a cruz deles?

Chamando os seus discípulos a tomar a própria cruz e segui-lo, Jesus quer associar a seu sacrifício redentor aqueles que são seus primeiros beneficiários.

618

124, Em que condições estava o corpo de Cristo enquanto se encontrava no túmulo?

       Cristo conheceu uma verdadeira morte e uma verdadeira _sepultura: Mas o poder divino preservou o seu corpo da corrupção.

       624-630

"JESUS DESCEU AOS INFERNOS,

RESSUSGITOU DOS MORTOS NO TERCEIRO DIA"

125. O que são "os infernos" aonde Jesus' desceu?

Os "infernos" - diferente do 'inferno da condenação - constituíam o estado de todos aqueles, justos e maus, que tinham morrido antes de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina, Jesus nos infernos, esteve com os justos que esperavam o seu Redentor para entrar enfim na visão de Deus. Depois de ter vencido, mediante a sua morte, a morte e o diabo, "que tinha o poder da morte" (Hb 2,14), libertou os justos à espera do Redentor e lhes abriu as portas do Céu.

632-637

126. Que lugar ocupa a Ressurreição de Cristo na nossa fé?

      A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte essencial do Mistério pascal.

      631,638

127. Que “sinais” atesta a ressurreição de Cristo?

Além do sinal essencial constituído pelo túmulo vazio, a ressurreição de Jesus é atestada pelas mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos Apóstolos. Jesus depois "apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Mais tarde apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez" (1 Cor 15,5-6) e a outros ainda. Os Apóstolos não puderam inventar a ressurreição, pois ela lhes parecia impossível: com efeito, Jesus até os reprovara pela incredulidade deles.

639-644 656-657

128. Por que a Ressurreição é ao mesmo tempo um acontecimento transcendente?

          Mesmo sendo um acontecimento histórico, constatável e atestado por meio de sinais e testemunhos, a Ressurreição, como entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus, transcende e supera a história, como mistério da fé. Por esse motivo, Cristo ressuscitado não se manifestou ao mundo, mas aos seus discípulos, fazendo deles suas testemunhas diante do povo.

          647 656-657

129. Qual é o estado do corpo ressuscitado de Jesus?

          A Ressurreição de Cristo não foi um retorno à vida terrena. O seu corpo ressuscitado é aquele que foi crucificado e carrega os sinais da sua Paixão, mas é agora participante da vida divina com as propriedades de um corpo glorioso. Por essa razão Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como e onde quer e sob aspectos diferentes.

          645-646

130. De que modo a Ressurreição é obra da Santíssima Trindade?

A Ressurreição de Cristo é uma obra transcendente de Deus. As três Pessoas agem juntas segundo o que lhes é próprio: o Pai manifesta o seu poder; o Filho "retoma" a vida que livremente ofereceu (Jo 10,17), reunindo a sua alma e o seu corpo, que o Espírito vivifica e glorifica.

648-650

131. Quais são o sentido e o alcance salvífico da Ressurreição?

A Ressurreição é o ápice da Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, como também tudo o que Ele fez e ensinou, e realiza todas as promessas divinas a nosso favor. Além disso, o Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o princípio da nossa justificação e da nossa Ressurreição: desde agora nos dá a graça da adoção filial que é real participação da sua vida de Filho único, no final dos tempos ele ressuscitará o nosso corpo.

651-655 658

“JESUS SUBIU AOS CÉUS, ESTA SENTADO A DIREITA DE DEUS PAI TODO-PODEROSO"

132. O que representa a Ascensão?

Depois de quarenta dias, período em que se mostrou aos Apóstolos sob os traços de uma humanidade comum que escondiam a sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe aos céus e se senta à direita do Pai. Ele é o Senhor que reina agora com a sua humanidade na glória eterna de Filho de Deus e intercede incessantemente a nosso favor junto ao Pai. Envia-nos o seu Espírito e nos dá a esperança de estar com ele um dia, lendo-nos preparado um lugar.

659-667

"DONDE VIRA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS"

133. Como reina agora o Senhor Jesus?

Senhor do cosmo e da história, Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece misteriosamente na terra, onde o seu reino já está presente como germe e início na Igreja. Um dia voltará na glória, mas não sabemos no momento. Por isso, vivemos na vigilância, orando: "Vem, Senhor Jesus" (Ap 22,20).

          668-674 680

134. Como se realizará a vinda do Senhor na glória?

Depois do último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo acontecerá com o triunfo definitivo de Deus na Parusia de Cristo e com o último Juízo. Realizar-se-á assim o Reino de Deus.

675-677 680

135. Como Cristo julgará os vivos e os mortos?

Cristo julgará com o poder que adquiriu como Redentor do mundo, que veio para salvar os homens. Os segredos dos corações serão revelados, bem como a conduta de cada um em relação a Deus e ao próximo. Todo homem será repleto de vida ou condenado pela eternidade, de acordo com suas obras. Assim se realizará "a plenitude de Cristo" (Ef 4,13), na qual "Deus será tudo em todos" (1Cor 15,28).

678-679 681-682

CAPÍTULO TERCEIRO

Creio no Espírito Santo

"CREIO NO ESPÍRITO SANTO"

136. O que quer dizer a Igreja quando professa: "Creio no Espírito. Santo."?

Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e é "adorado e glorificado com o Pai e o Filho". O Espírito foi "enviado aos nossos corações" (Gl 4,6) a fim de recebermos a nova vida de filhos de Deus.

683-686

137. Por que a missão do Filho e do Espírito são inseparáveis?

Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos, mas inseparáveis. Do início ao fim dos tempos, com efeito, quando o Pai envia seu Filho envia também o seu Espírito que nós une a Cristo na fé, afim de que possamos, como filhos adotivos, chamar a Deus de "Pai" (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós o conhecemos por meio da sua ação quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.

687-690 742-743

138. Quais são as denominações do Espírito Santo?

"Espírito Santo" é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus o chama também de Espírito Paráclito (Consolador, Advogado), Espírito de Verdade. O Novo Testamento chama também de Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da glória, da promessa.

691-693

139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?

São numerosos: a água viva, que brota do coração traspassado de Cristo e sacia os batizados; a unção com o óleo; que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo, que transforma aquilo que toca; a nuvem, escura ou luminosa, em que se revela a "glória divina”, a imposição das mãos, pela qual é dado o Espírito; a pomba, que desce sobre Cristo e permanece sobre ele no batismo.

694-701

140. O que significa que o Espírito "falou por meio dos profetas"?

       Com o termo profetas, se entende todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo para falar em nome de Deus. O Espírito dá às profecias do Antigo Testamento pleno cumprimento em Cristo, cujo mistério desvenda no Novo Testamento.

       687-688 702-706 743

141. O que realiza o Espírito Santo em João Batista?

O Espírito Santo enche João Batista, o último profeta do Antigo Testamento, o qual, sob a sua ação, é enviado a "preparar um povo bem disposto para o Senhor" (Lc 1,17) e a anunciar a vinda de Cristo, Filho de Deus: aquele sobre o qual viu descer e permanecer o Espírito, aquele "que batiza com o Espírito" (Jo 1,33).

717-720

142. Qual é a obra do Espírito em Maria?

O Espírito Santo dá cumprimento em Maria às expectativas e à preparação do Antigo Testamento para a vinda de Cristo. De maneira única, a enche de graça e torna a sua virgindade fecunda, para dar à luz o Filho de Deus encarnado. Faz dela a Mãe do "Cristo total", ou seja, de Jesus Cabeça e da Igreja, seu corpo. Maria está presente entre os Doze no dia de Pentecostes, quando o Espírito inaugura os "últimos tempos" com a manifestação da Igreja.

721-726 744

143. Que relação há entre o Espírito e Cristo Jesus na sua missão terrena?

          O Filho de Deus é consagrado Messias mediante a unção do Espírito na sua humanidade desde a Encarnação. Ele o revela no seu ensinamento, cumprindo a promessa feita aos Pais e o comunica à Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da sua Ressurreição.

          727-730 745-746

144. O que acontece no dia de Pentecostes?

Cinqüenta dias depois da sua Ressurreição, no dia de Pentecostes, Jesus Cristo glorificado derrama em profusão o Espírito e o manifesta como Pessoa divina, de modo que a Trindade Santa é plenamente revelada. A Missão de Cristo e do Espírito toma-se a Missão da Igreja, enviada para anunciar e difundir o mistério da comunhão trinitária.

731-732738

"Vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível, pois foi ela que nos salvou" (Liturgia Bizantina, Tropário das Vésperas de Pentecostes).

145. O que faz o Espírito na Igreja?

O Espírito edifica, anima e santifica a Igreja. Espírito de amor, ele dá aos batizados a semelhança divina perdida por causa do pecado e os faz viver em Cristo a Vida mesma da Trindade Santa. Manda-os testemunhar a Verdade de Cristo e os organiza nas suas mútuas funções, a fim de que todos produzam "o fruto do Espírito" (Gl 5,22).

733-741 747

146. Como agem Cristo e o seu Espírito no coração dos fiéis?

Por meio dos sacramentos, Cristo comunica aos membros do seu Corpo o seu Espírito e a graça de Deus que produz os frutos de vida nova, segundo o Espírito. Enfim, o Espírito Santo é o Mestre da oração.

738-741

"CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA"

A Igreja no desígnio de Deus

147. O que significa o termo Igreja?

Designa o povo que Deus convoca e reúne de todos os recantos da terra, para constituir a assembléia dos que pela fé e pelo Batismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo do Espírito Santo.

751-752 777,804

148. Há outros nomes e imagens com que a Bíblia indica a Igreja?

Na Sagrada Escritura, encontramos muitas imagens que mostram aspectos complementares do mistério da Igreja. O Antigo Testamento privilegia imagens ligadas ao povo de Deus; o Novo Testamento, as ligadas a Cristo como Cabeça desse povo, que é o seu Corpo, e tiradas da vida pastoral (aprisco, rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha), de moradia (morada, pedra, templo), familiar (esposa, mãe, família).

753-757

149. Quais são a origem e a consumação da Igreja?

A Igreja encontra origem e consumação no desígnio eterno de Deus. Foi preparado na Antiga Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as nações. Fundada pelas palavras e pelas ações de Jesus Cristo, foi realizada, sobretudo mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada como mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Terá sua consumação no final dos tempos como assembléia celeste de todos os redimidos.

758-766 778

150. Qual a missão da Igreja?

A missão da Igreja é anunciar e instaurar entre todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela constitui aqui na terra o germe e o início desse Reino salvífico.

767-769

151. Em que sentido a Igreja é Mistério?

A Igreja é Mistério porque na sua realidade visível está presente e operante uma realidade espiritual, divina, que se percebe somente com os olhos da fé.

770-773779

152. Que significa a Igreja ser sacramento universal de salvação?

          Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de todo o gênero humano.

          774-776 780

A Igreja: povo de Deus,

Corpo de Cristo, templo do Espírito Santo

 

153. Por que a Igreja é povo de Deus?

A Igreja é o povo de Deus porque aprouve a Ele santificar e salvar os homens não de modo isolado, mas constituindo-os num só povo reunido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

781 802-804

154. Quais são as características do povo de Deus?

Esse povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Batismo, tem por origem Deus Pai, por chefe Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão ser o sal da terra e a luz do mundo, por meta o Reino de Deus, já iniciado nesta terra.

782

155. Em que sentido o povo de Deus participa das três funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?

          O povo de Deus participa do seu ofício sacerdotal porquanto os batiza dos são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa do seu ofício profético, porque com o sentido sobrenatural da fé adere indefectivelmente a ela, a aprofunda e a testemunha; participa do seu ofício régio com o serviço, imitando Jesus Cristo que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos pobres e sofredores.

783-786

156. De que modo a Igreja é o corpo de Cristo?

Por meio do espírito, Cristo morto e ressuscitado une a si intimamente os seus fiéis. Desse modo, os que crêem em Cristo, como íntimos dele, sobretudo na Eucaristia, estão unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade se realiza na diversidade de membros e de funções.

787-791 805-806

157. Quem é a cabeça desse corpo?

Cristo "é a Cabeça do corpo, que é a Igreja" (Cl 1,18). A Igreja vive dele, nele e por ele. Cristo e a Igreja formam o "Cristo total" (Santo Agostinho). "Cabeça e membros são como que uma só pessoa mística" (Santo Tomás de Aquino).

792-795 807

158. Por que a Igreja é chamada de esposa de Cristo?

Porque o próprio Senhor se identificou como o "Noivo" (Mc 2,19), que amou a Igreja, unindo-a a si com uma Aliança eterna. Ele se entregou a si mesmo por ela, para purificá-la com o Seu sangue e "torná-la santa" (Ef 5,26) e mãe fecunda de todos os filhos de Deus. Se o termo “corpo" evidencia a unidade da "cabeça" com os membros, o termo “esposa" ressalta a distinção dos dois numa relação pessoal.

796 808

159. Por que a Igreja é chamada de templo do Espírito Santo?

Porque o Espírito Santo reside no corpo que, a Igreja: na sua Cabeça e nos seus membros; além disso, Ele edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas.

797-798 809-810

“O que o nosso espírito, ou seja, a nossa alma é para os nossos membros, isso mesmo é o Espírito Santo para os membros, de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja" (Santo Agostinho).

160. O que são os carismas?

Os carismas são dons especiais do Espírito Santo concedidos, a cada um para o bem dos homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério cabe discerni-los.

799-801

A Igreja é uma, santa, católica e apostólica?

161. Por que a Igreja é una?

          A Igreja é una porque tem origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus: como fundador e chefe, Jesus, que restabelece a unidade de todos os povos num só corpo; como alma, o Espírito Santo, que une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.

          813-815 866

162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?

       A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo subsiste (subsistit in) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele. Somente por meio dela se pode obter a plenitude dos meios de salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio apostólico, cujo chefe é Pedro.

       816 870

163. Como considerar os cristãos não-católicos?

Nas Igrejas e comunidades eclesiais que se separaram da plena comunhão da Igreja católica encontram-se muitos elementos de santificação e de verdade. Todos esses bens provêm de Cristo e impelem à unidade católica. Os membros dessas igrejas e comunidades são incorporados a Cristo no Batismo: por isso, nós os reconhecemos como irmãos.

817-819

164. Como se empenhar a favor da unidade dos cristãos?

O desejo de restabelecer a 'união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito. Diz respeito a toda a Igreja e se realiza com a conversão do coração, a oração, o recíproco conhecimento fraterno e o diálogo teológico.

820-822 866

165. Em que sentido, a Igreja é santa?

A Igreja é santa, porquanto Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para santificá-la e tomá-la santificante; o Espírito Santo a vivifica com a caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um de seus membros e o fim de toda a sua atividade. A Igreja conta em seu seio com a Virgem Maria e inumeráveis Santos como, modelos e intercessores. A santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, os quais, aqui na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação.

823-829 867

166. Por que a Igreja é chamada de católica?

A Igreja é Católica, ou seja, universal, porque nela está presente Cristo: "Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica" (Santo Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a integridade da fé; contém e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em missão a todos os povos, em qualquer tempo e a qualquer que seja a cultura a que pertençam.

          830-831 868

167. É católica a Igreja particular?

É católica toda Igreja particular (ou seja, a diocese e a eparquia) formada pela comunidade dos cristãos que estão em comunhão na fé e nos sacramentos com o seu bispo, ordenado na sucessão apostólica, e com a Igreja de Roma, que "preside na caridade" (Santo Inácio de Antioquia).

832-835

168. Quem pertence à Igreja católica?

Todos os homens pertencem ou são ordenados de modos diversos à unidade católica do povo de Deus. Está plenamente incorporado à Igreja católica quem, tendo o Espírito de Cristo; está unido a ela por vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os batizados que não realizam plenamente essa unidade católica estão numa certa comunhão, embora imperfeita, com a Igreja católica.

836-838

169. Qual é a relação da Igreja católica com o povo hebreu?

A Igreja católica reconhece a própria relação com o povo hebreu pelo fato de que Deus escolheu esse povo como o primeiro de todos a acolher a sua Palavra. É ao povo hebreu que pertencem "a adoção, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas e também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à carne, o Cristo" (Rm 9,4.5). Diferentemente das outras religiões não-cristãs, a fé hebraica já é resposta à Revelação de Deus na Antiga Aliança.

839-840

170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não-cristãs?

Há uma ligação, que provém em primeiro lugar da origem e do fim comuns de todo o gênero humano. A Igreja católica reconhece que tudo o que de bom e de verdade se encontra nas outras religiões vem de Deus, é raio da sua verdade, pode preparar para o acolhimento do Evangelho e estimular à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.

841-845

171. O que significa a afirmação: “Fora da Igreja não há salvação”?

Significa que toda salvação vem de Cristo Cabeça por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto, não podem ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à salvação, nela não entrarem e nela não perseverarem. Ao mesmo tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que, sem culpa, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, mas procuram sinceramente a Deus, e, sob influência da graça, se esforçam por cumprir a vontade dele, conhecida por meio do ditame da consciência.

846-848

172. Por que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?

Porque Cristo ordenou: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). Essa ordem missionária do Senhor tem a sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque "quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4).

849-851

173. De que modo a Igreja é missionária?

Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no decurso da história a missão do próprio Cristo. Os cristãos, portanto, devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo, seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si até o martírio.

852-856

174. Por que a Igreja é apostólica?

A Igreja é apostólica por sua origem, estando edificada sobre o "alicerce dos Apóstolos" (Ef 2,20); por seu ensinamento, que é o mesmo dos Apóstolos; por sua estrutura, porquanto ensinada, santificada e dirigida, até a volta de Cristo, pelos Apóstolos, graças a seus sucessores, os bispos em comunhão com o sucessor de Pedra.

857 869

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?

A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, convocou doze dentre os seus discípulos e os constituiu como seus Apóstolos, fazendo deles as testemunhas escolhidas da sua ressurreição e o fundamento da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de continuarem sua missão, dizendo: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21) e prometeu ficar com eles até o fim do mundo.

858-861

176. O que é a sucessão apostólica?

A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e do poder dos Apóstolos a seus Sucessores, os Bispos. Graças a essa transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos ordena, para a difusão do Reino de Cristo sobre a terra, todo o seu apostolado.

861-865

Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada

177. Quem são os fiéis?

Os fiéis são aqueles que, incorporados a Cristo mediante o Batismo, são constituídos membros do povo de Deus. Tendo-se tornado participantes, segundo a própria condição, da função sacerdotal, profética e régia de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade na sua dignidade de filhos de Deus.

871-872

178. Como é formado o povo de Deus?

Na Igreja, por instituição divina, há os ministros sagrados que receberam o sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados de leigos. De uns e de outros saem os fiéis, que se consagram de modo especial a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.

873 934

179. Por que Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica?

Cristo instituiu a hierarquia eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus no seu nome, e por isso lhe deu autoridade. Ela é formada pelos ministros sagrados: bispos, presbíteros, diáconos. Graças ao sacramento da Ordem, os bispos e os presbíteros agem, no exercício de seu ministério, em nome e na pessoa de Cristo Cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da palavra, da liturgia, da caridade.

874-876 935

180. Como se realiza a dimensão colegial do ministério eclesial?

Conforme o exemplo dos doze Apóstolos escolhidos e enviados com Cristo, a união dos membros da hierarquia eclesiástica está a serviço da comunhão de todos os fiéis. Cada bispo exerce o seu ministério como membro do colégio episcopal em comunhão com o papa, tornando-se participante com ele da solicitude pela Igreja Universal. Os sacerdotes exercem seu ministério, no presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio bispo e sob sua orientação.

877

181. Por que o ministério eclesial tem também um caráter pessoal?

O ministério eclesial tem também um caráter pessoal porque, em virtude do sacramento da Ordem, cada qual é responsável diante de Cristo, que o chamou pessoalmente, conferindo-lhe a missão.

878-879

182. Qual é a missão do papa?

O papa, bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É o vigário, de Cristo, chefe do Colégio dos bispos e pastor de toda a Igreja, sobre a qual tem, por divina instituição, poder pleno, supremo, imediato e universal.

881-882 936-937

183. Qual é a tarefa do colégio dos bispos?

          O colégio dos bispos, em comunhão com o papa e jamais sem ele, exerce também sobre a Igreja o supremo e pleno poder.

          883-885

184. Como os bispos realizam a sua missão de ensinar?

Os bispos, em comunhão com o papa, têm o dever de anunciar a todos, fielmente e com autoridade, o Evangelho, como testemunhas autênticas da fé apostólica, revestidos da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus adere indefectivelmente à fé sob a guia do Magistério vivo da Igreja.

888-890 939

185. Quando se exerce a infalibilidade do Magistério?

A infalibilidade se exerce quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio dos bispos em comunhão com o papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com ato definitivo uma doutrina referente à fé ou à moral, e também quando o papa e os bispos, em seu Magistério ordinário, concordam em propor uma doutrina como definitiva. A esses ensinamentos todo fiel deve aderir com o obséquio da fé.

891

186. Como os bispos exercem o ministério de santificar?

Os bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo como ministério da palavra e dos sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a sua oração, o seu exemplo e o seu trabalho.

893

187. Como os bispos exercem a função de reger?

Cada bispo, corno membro do colégio episcopal, tem colegialmente a solicitude por todas as Igrejas particulares e por toda a igreja junto com os outros bispos unidos ao papa. O bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa a com a autoridade do sagrado poder próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a guia do sucessor de Pedro.

894-896

188. Qual é a vocação dos fiéis leigos?

Os fiéis leigos têm como vocação própria procurar o reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades temporais segundo Deus. Realizam assim o chamado à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os batizados.

897-900 940

189. Como participam os fiéis leigos do ofício sacerdotal de Cristo?

Dele participam ao oferecer como sacrifício espiritual "agradável a Deus, por Jesus Cristo" (1Pd 2,5), sobretudo na Eucaristia - a própria vida com todas as obras, preces e iniciativas apostólicas, vida familiar e trabalho cotidiano, males da vida suportados com, paciência e descanso corporal e espiritual. Assim, também os leigos, dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a Deus o próprio mundo.

901-903

190. Como participam de seu ofício profético?

Participam ao acolherem cada vez mais na fé a Palavra de Cristo e ao anunciá-la ao mundo mediante o testemunho da vida e da palavra, a ação evangelizadora e a catequese. Essa ação evangelizadora adquire uma particular eficácia pelo fato de se realizar nas condições comuns do século.

          904-907 942

191. Como participam de seu ofício régio?

Os leigos participam da função régia de Cristo por terem recebido dele o poder de vencer em si mesmos e no mundo o pecado, com a abnegação de si e a santidade de sua vida. Exercem vários ministérios a serviço da comunidade e impregnam de valor moral as atividades temporais do homem e as instituições da sociedade.

908-913 943

192. O que é a vida consagrada?

       É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamado particular de Cristo, com o qual os consagrados se dedicam totalmente a Deus e tendem à perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Essa consagração se caracteriza pela prática dos conselhos evangélicos.

          914-916 944

193. O que oferece a vida a vida consagrada à missão da Igreja?

A vida consagrada participa da missão da Igreja mediante a plena dedicação a Cristo e aos irmãos, testemunhando a esperança do Reino celeste.

931-933 945

194. O que significa a expressão comunhão dos santos?

Essa expressão indica em primeiro lugar a comum participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a fé, os sacramentos - em particular a Eucaristia -, os carismas e os outros dons espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que "não é interesseira" (l Cor 13,5), mas estimula o fiel “a pôr tudo em comum" (At 4,32), até os próprios bens materiais a serviço dos mais pobres.

946-953 960

195. O que significa ainda a expressão comunhão dos santos?

Essa expressão designa também a comunhão entre as pessoas santas (sancti), ou seja, entre os que pela graça estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros tendo deixado esta vida, estão se purificando, ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, já gozam da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos formam em Cristo uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade.

954-959 961-962

Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja

196. Em que sentido a bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja?

A bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do corpo, que é a Igreja. Jesus, moribundo na cruz, apontou-a como mãe do discípulo com estas palavras: "Eis a tua mãe!" (Jo 19,27).

963-966 973

197. Como a Virgem Maria ajuda a Igreja?

Depois da ascensão do seu Filho, a Virgem Maria ajuda com suas orações as primícias da Igreja e, mesmo depois da sua assunção ao céu, ela continua a interceder pelos seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade e a exercer sobre eles uma influência salutar, que brota da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, e a invocam como advogada, auxiliadora, protetora, medianeira.

967-970

198. Que tipo de culto se dirige à santa Virgem?

É um culto singular, mas difere essencialmente do culto de adoração prestado somente à Santíssima Trindade. Esse culto de especial veneração encontra particular expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração Mariana, como o santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.

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199. De que modo a bem-aventurada Virgem Maria é o ícone escatológico da Igreja?

          Ao olhar para Maria, toda santa e já glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla nela o que ela mesma é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.

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"CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS"

200. Como se perdoam os pecados?

O primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados é o Batismo. Para os pecados cometidos depois do Batismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação ou Penitência, por meio do qual o batizado se reconcilia com Deus e com a Igreja.

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201. Por que a Igreja tem o poder de perdoar os pecados?

A Igreja tem a missão e o poder de perdoar os pecados porque o próprio Cristo lho conferiu: "Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos" (Jo 20,22-23).

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“CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE”

202. O que se indica como termo carne, e qual a sua importância?

O termo carne designa o homem na sua condição de fraqueza e de mortalidade. “A carne é o eixo da salvação" (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus criador da carne; cremos no Verbo feito carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da carne, consumação da criação e da redenção da carne.

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203. O que significa "ressurreição da carne"?

Significa que o estado definitivo do homem não será apenas a alma espiritual separada do corpo, mas que também os nossos corpos mortais um dia readquirirão a vida.

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204. Qual a relação entre a Ressurreição de Cristo e a nossa?

Como Cristo ressurgiu verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim ele próprio ressuscitará a todos no último dia, com um corpo incorruptível: "Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, para a condenação" (Jo 5,29).

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205. Com a morte, o que acontece com o nosso corpo e a nossa alma?

          Com a morte, separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, ao passo que a alma, que é imortal, se encaminha para o juízo de Deus e espera unir-se novamente ao corpo quando ele ressurgir transformado na volta do Senhor. Compreender como acontecerá a ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso intelecto.

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206. O que significa morrer em Cristo?

Significa morrer na graça de Deus, sem pecado mortal. O crente em Cristo, seguindo o seu exemplo pode assim transformar a própria morte num ato de obediência e de amor para com o Pai. "E digna de fé esta palavra: Se morremos com ele, com ele viveremos" (2Tm 2,11).

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"CREIO NA VIDA ETERNA"

207. O que é a vida eterna?

A vida eterna é a que terá início logo depois da morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por um juízo particular por obra de Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será sancionada pelo juízo final.

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208. O que é o juízo particular?

É o juízo de retribuição imediata, que cada qual, desde a sua morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras. Essa retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou na condenação eterna no inferno.

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209. O que se entende por "céu"?

Por "céu" se entende o estado de felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não têm necessidade de ulterior purificação são reunidos em torno de Jesus e de Maria, dos anjos e dos santos. Formam assim a Igreja do céu, onde eles vem a Deus "face a face" (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor coma Santíssima Trindade e intercedem por nós.

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"A vida, na sua mesma realidade e verdade, é o Pai, que, mediante o Filho e no Espírito Santo, derrama como fonte sobre todos nós os seus dons celestes. E por sua bondade promete verdadeiramente também a nós homens os bens divinos da vida eterna" (São Cirilo de Jerusalém).

210. O que é o purgatório?

O purgatório é o estado dos que morrem na amizade de Deus, mas, embora certos de sua salvação eterna, têm ainda necessidade de purificação para entrar na bem-aventurança celeste.

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211. Como podemos ajudar a purificação das almas do purgatório?

Em virtude da comunhão dos santos, os fiéis ainda peregrinos nesta terra podem ajudar as almas do purgatório, oferecendo por elas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.

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212. Em que consiste o inferno?

 Consiste na condenação eterna dos que, por livre escolha, morrem no pecado mortal. A pena principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, em quem unicamente o homem tem a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira. Cristo exprime essa realidade com as palavras: "Afastai-vos de mim, malditos. Ide para o fogo eterno" (Mt 25,41).

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213. Como se concilia a existência do inferno com a infinita bondade de Deus?

Deus, embora desejando "que todos venham a converter-se" (2Pe 3,9), todavia, tendo criado o homem livre e responsável, respeita as decisões dele. Portanto, é o próprio homem que, em plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até o momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor misericordioso de Deus.

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214, Em que consistirá o juízo final?

O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor Jesus, ao retornar como juiz dos vivos e dos mortos, emitirá a respeito "dos justos e dos injustos" (At 24,15), reunidos todos juntos diante dele. Depois desse juízo final, o corpo ressuscitado participará da retribuição que a alma teve no juízo particular.

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215, Quando acontecerá esse juízo?

          Esse juízo acontecerá no final do mundo, cujo dia e hora somente Deus conhece.

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216. O que é a esperança dos novos céus e da nova terra?

Depois do juízo final, o próprio universo, livre da escravidão da corrupção, participará da glória de Cristo com a inauguração dos "novos céus" e de uma "nova terra" (2Pe 3,13). Atingir-se-á assim a plenitude do Reino de Deus, ou seja, a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de "recapitular tudo em Cristo, tudo o que está no céu e na terra" (Ef 1,10). Deus então será "tudo em todos" (1 Cor 15,28) na vida eterna.

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“AMÉM”

217. O que significa o Amém que conclui que conclui a nossa profissão de fé?

A palavra hebraica Amen, que conclui também o ÚLTIMO LIVRO da Sagrada Escritura, algumas orações do Novo Testamento e as da liturgia da Igreja, significa o nosso "sim" confiante e total ao que professamos crer, confiando-nos totalmente naquele que é o "Amém" (Ap 3,14) definitivo: Cristo Senhor.

1061-1065

COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

PRIMEIRA  PARTE

SEGUNDA PARTE

TERCEIRA PARTE

QUARTA PARTE