Catecismo da Igreja Católica

QUARTA PARTE - A ORAÇÃO CRISTÃ

PRIMEIRA SEÇÃO

A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ

2558     "Grande é o Mistério da fé." A Igreja o professa no Sím­bolo dos Apóstolos (Primeira parte) e o celebra na Liturgia sacramental (Segunda parte), para que a vida dos fiéis seja conforme a Cristo no Espírito Santo para a glória de Deus Pai (Terceira parte). Esse Mistério exige, pois, que os fiéis nele creiam, celebrem-no e dele vivam numa relação viva e pessoal com o Deus vivo e verdadeiro. Essa relação é a oração.

O QUE É A ORAÇÃO?

Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria[a1] .

A oração como dom de Deus

2559     "A [§2] oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes[a3] . De onde falamos nós, ao rezar? Das alturas de nosso orgulho e vontade própria, ou das "profundezas" (Sl 130,1) de um coração humilde e contrito? Quem se humilha será exaltado[a4] . A humildade é o fundamento da oração. "Nem sabemos o que seja conveniente pedir" (Rm 8,26). A humildade é a disposição para receber gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus[a5] .

2560     "Se conhecesses o dom de Deus!" (Jo 4,10). A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços aonde vamos pro­curar nossa água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar, e é Ele que pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja.

A oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós tenhamos sede dele[a6] .

2561     "És tu que lhe pedirias e Ele te daria água viva" (Jo 4,10). Nossa oração de pedido é, paradoxalmente, uma resposta. Resposta à queixa do Deus vivo: "Eles me abandonaram a mim a fonte de água viva, para cavar para si cisternas furadas!" ( 2,13), resposta de fé à promessa gratuita da salvação[a7] , resposta de amor à sede do Filho único[a8] .

A oração como Aliança

2562     De onde vem a oração humana? Qualquer que seja a linguagem da oração (gestos e palavras), é o homem todo c reza. Mas, para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito, geralmente do coração (mais de mil vezes). E o coração que reza. Se ele está longe de Deus, a expressão da oração é vá.

2563     O [§9] coração é a casa em que estou, onde moro (segundo expressão semítica ou bíblica: aonde eu "desço"). Ele é nosso centro escondido, inatingível pela razão e por outra pessoa; só o Espírito de Deus pode sondá-lo e conhecê-lo. Ele é o lugar da decisão, no mais profundo de nossas tendências psíquicas. E o lugar da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. E o lugar do encontro, pois, à imagem de Deus, vivemos em relação; é o lugar da Aliança.

2564     A oração cristã é uma relação de Aliança entre Deus e o homem em Cristo. É ação de Deus e do homem; brota do Espírito Santo e de nós, totalmente dirigida para o Pai, em união com a vontade humana do Filho de Deus feito homem.

A oração como Comunhão

2565     Na [§10] Nova Aliança, a oração é a relação viva dos filhos de Deus com seu Pai infinitamente bom, com seu Filho, Jesus Cristo, e com o Espírito Santo. A graça do Reino é a "união de toda a Santíssima Trindade com o espírito pleno[a11] ”. A vida de oração desta forma consiste em estar habitualmente na presença do Deus três vezes Santo e em comunhão com Ele. Esta comunhão de vida é sempre possível, porque, pelo Ba­tismo, nos tomamos um mesmo ser com Cristo. A oração é cristã enquanto comunhão com Cristo [a12] e cresce na Igreja que é seu Corpo. Suas dimensões são as do Amor de Cristo[a13] .

CAPÍTULO I

A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO.

VOCAÇÃO UNIVERSAL Ã ORAÇÃO

2566     O [§14] homem está à procura de Deus. Pela criação, Deus chama todo ser do nada à existência. "Coroado de glória e esplendor[a15] ”, o homem é, depois dos anjos, capaz de reconhecer que "é poderoso o Nome do Senhor em toda a terra[a16] ”. Mesmo depois de ter perdido a semelhança com Deus por seu pecado, o homem con­tinua sendo um ser feito à imagem de seu Criador. Conserva o desejo daquele que o chama à existência. Todas as religiões tes­temunham essa procura essencial dos homens[a17] .

2567     Deus [§18] é o primeiro a chamar o homem. Ainda que o ho­mem esqueça seu Criador ou se esconda longe de sua Face, ainda que corra atrás de seus ídolos ou acuse a divindade de tê-lo abandonado, o Deus vivo e verdadeiro chama incessan­temente cada pessoa ao encontro misterioso da oração. Essa atitude de amor fiel vem sempre em primeiro lugar na oração; a atitude do homem é sempre resposta a esse amor fiel. A medida que Deus se revela e revela o homem a si mesmo, a oração aparece como um recíproco apelo, um drama de Alian­ça. Por meio das palavras e dos atos, esse drama envolve o coração e se revela através de toda a história da salvação.

ARTIGO I

NO ANTIGO TESTAMENTO

2568     A [§19] revelação da oração no Antigo Testamento se insere entre a queda e a elevação do homem, entre o chamado doloroso de Deus a seus primeiros filhos: "Onde estás?... Que fizeste?" (Gn 3,9.13), e a resposta do Filho único ao entrar no mundo: "Eis-me aqui, eu vim, ó Deus, para fazer a tua von­tade[a20] ”. A oração, dessa forma, está ligada à história dos ho­mens, é a relação com Deus nos acontecimentos da história.

A criação - fonte da oração

2569     É [§21] sobretudo a partir das realidades da criação que se vive a oração. Os nove primeiros capítulos do Gênesis descrevem essa relação com Deus como oferenda dos primogênitos rebanho de Abel[a22] , como invocação do nome divino por Enós[a23] , como "caminhada com Deus[a24] ". A oferenda de Noé é "agradável" a Deus, que o abençoa e, por meio dele, abençoa toda a criação[a25] , porque seu coração é justo e íntegro; também ele caminha com Deus" (Gn 6,9). Essa qualidade da oração é vivida por uma multidão de justos em todas as religiões. Em sua Aliança indefectível com os seres vivos[a26] , Deus sempre convida os homens a orar. Mas é sobretudo a partir nosso pai Abraão que a oração é revelada no Antigo Testamento.

A promessa e a oração da fé

2570     Assim [§27] que Deus o chama, Abraão parte, "como lhe disse o Senhor" (Gn 12,4); seu coração se mostra "submisso à Palavra” ele obedece. A escuta do coração que se decide segundo Deus é essencial à oração; as palavras lhe são relativas. Mas a oração de Abraão se exprime primeiro por atos: como homem de silêncio, ele constrói, a cada etapa, um altar ao Senhor. Somente mais tarde aparece sua primeira oração com palavras: uma queixa velada que lembra a Deus suas promessas que parecem não se realizar[a28] . Desde o começo aparece assim um dos aspectos do drama da oração: a provação da fé na fidelidade de Deus.

2571     Tendo [§29] acreditado em Deus[a30] , caminhando em sua presença e em aliança com ele[a31] , o patriarca está disposto a acolher em sua tenda o hóspede misterioso: é a admirável hospitalidade de Mambré, prelúdio da anunciação do verdadeiro Filho da Promessa[a32] . Por isso, tendo-lhe Deus confiado seu plano, o coração de Abraão está sintonizado com a compaixão de seu Senhor pelos homens, e ele ousa interceder por eles com audaciosa confiança[a33] .

2572     Como [§34] última purificação de sua fé, requer-se do "depositário das promessas" (Hb 11,17) que sacrifique o filho que Deus lhe dera. Sua fé não esmorece: "E Deus que proverá o cordeiro para o holocausto" (Gn 22,8), "pois Deus, pensava ele, é capaz também de ressuscitar os mortos" (Hb 11,19). Dessa forma, o pai dos que crêem se configurou ao Pai que não há de poupar seu próprio Filho, mas o entregará por todos nós[a35] . A oração restaura o ho­mem à semelhança de Deus e o faz participar do poder do amor de Deus que salva a multidão[a36] .

2573     Deus [§37] renova sua promessa a Jacó, pai das doze tribos de Israel[a38] . Antes de enfrentar seu irmão Esaú, ele luta uma noite inteira com "alguém" misterioso que se recusa a revelar-lhe o nome, mas o abençoa antes de o deixar ao despontar da aurora. A tradição espiritual da Igreja reteve dessa história o símbolo da oração como combate da fé e vitória da perseverança[a39] .

Moisés e a oração do mediador

2574     Logo [§40] que começa a se realizar a Promessa (a Páscoa, o Êxodo, a entrega da Lei e a conclusão da Aliança), a oração de Moisés é a figura surpreendente da oração de intercessão que se realizará no “único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus" (1 Tm 2,5).

2575     Também [§41] aqui Deus vem primeiro. É Ele quem chama Moi­sés do meio da sarça ardente[a42] . Esse acontecimento será sempre uma das figuras primordiais da oração na tradição espiritual judaica e cristã. De fato, se "o Deus de Abraão, Isaac e Jacó" chama seu servo Moisés, é porque Ele é o Deus Vivo que quer a vida dos homens. Ele se revela para salvá-los, mas não sozinho, nem apesar deles; chama Moisés para enviá-lo, para associá-lo sua compaixão, à sua obra de salvação. Há, por assim dizer, uma imploração divina nesta missão, e Moisés, depois de longo debate, conformará sua vontade com a de Deus salvador. Mas, nesse diálogo em que Deus se confia, Moisés também aprende a orar esquiva-se, objeta e principalmente pede. E é em resposta a sei pedido que o Senhor lhe confia seu Nome inefável, que se revelará em seus grandes feitos.

2576     "Deus [§43] falava com Moisés face a face, como um homem fala com outro" (Ex 33,11). A oração de Moisés é típica da oração contemplativa graças à qual o servo de Deus é fiel à sua missão. Moisés "conversa" muitas vezes e longamente com o Senhor, subindo à montanha para ouvi-lo e implorá-lo, e descendo ao povo para lhe repetir as palavras de seu Deus e guiá-lo. "Toda minha casa lhe está confiada. Falo-lhe face a face, claramente e não em enigmas" (Nm 12,7-8), pois "Moisés era um homem muito humilde, o mais humilde dos homens que havia na terra" (Nm 12,3).

2577     Dessa [§44] intimidade com o Deus fiel, lento para a cólera e cheio de amor[a45] , Moisés tirou a força e a tenacidade de sua intercessão. Não ora por si, mas pelo povo que Deus adquiriu. Já durante o combate com os amalecitas[a46] , ou para obter a cura de Míriam[a47] , Moisés intercede. Mas é sobretudo depois da apostasia do povo que "ele se posta na brecha", diante de Deus (Sl 106,23), para salvar o povo[a48] . Os argumentos de si oração (a intercessão também é um combate misterioso) inspirarão a audácia dos grandes orantes do povo judeu e da Igreja: Deus é amor, por isso é justo e fiel; não se pode contra­dizer, deve lembrar-se de suas ações maravilhosas, sua Glória está em jogo, não pode abandonar o povo que traz seu nome.

Davi e a oração do rei

2578     A oração do povo de Deus florescerá à sombra da Casa de Deus, da Arca da Aliança e, mais tarde, do Templo. São princi­palmente os guias do povo os pastores e os profetas - que o ensinarão a orar. Samuel, menino, teve de aprender de sua mãe Ana como "se portar diante do Senhor[a49] ”, e do sacerdote Eli, como ouvir Sua Palavra: "Fala, Senhor, que teu servo ouve" (1Sm 3,9-10). Mais tarde, também ele conhecerá o preço e o peso da intercessão: "Quanto a mim, longe de mim esteja que eu venha a pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós e de vos mostrar o bem e o reto caminho" (1Sm 12,23).

2579     Davi [§50] é por excelência o rei "segundo o coração de Deus", o pastor que ora por seu povo e em seu nome, aquele cuja submis­são à vontade de Deus, cujo louvor e arrependimento serão o modelo da oração do povo. Como ungido de Deus, sua oração é adesão fiel à promessa divina[a51] , confiança cheia de amor e alegria naquele que é o único Rei e Senhor. Nos Salmos, Davi, inspirado pelo Espírito Santo, é o primeiro profeta da oração judaica e cristã. A oração de Cristo, verdadeiro Messias e filho de Davi, revelará e realizará o sentido dessa oração.

2580     O [§52] Templo de Jerusalém, a casa de oração que Davi queria construir, será a obra de seu filho Salomão. A oração da Dedi­cação do Templo [a53] se apóia na Promessa de Deus e em sua Aliança, na presença ativa de seu nome entre o povo e a lembran­ça dos grandes feitos do Êxodo. O rei levanta então as mãos ao céu e suplica ao Senhor por si, por todo o povo, pelas gerações futuras, pelo perdão dos pecados, pelas necessidades de cada dia, para que todas as nações saibam que Ele é o único Deus e para que o coração de seu povo seja inteiramente dele.

Elias, os profetas e a conversão do coração

2581     O [§54] Templo devia ser para o povo de Deus o lugar de sua educação à oração: as peregrinações, as festas, os sacrifícios, a oferenda da tarde, o incenso, os pães da "proposição", todos esses sinais da Santidade e da Glória de Deus, Altíssimo e tão próximo, eram apelos e caminhos da oração. Mas o ritualismo. arrastava muitas vezes o povo para um culto por demais exterior. Faltava a educação da fé, a conversão do coração. Foi a missão dos profetas, antes e depois do Exílio.

2582     Elias é o pai dos profetas, "da geração dos que procuram Deus, dos que buscam sua face[a55] ”. Seu nome, "O Senhor é me Deus", anuncia o clamor do povo em resposta à sua oração no monte Carmelo[a56] . S. Tiago nos remete a Elias para nos incitar à oração: "A oração fervorosa do justo tem grande poder[a57] ".

2583     Depois [§58] de ter aprendido a misericórdia em seu retiro á margem da torrente do Carit, ensina à viúva de Sarepta a fé na palavra de Deus, fé que ele confirma por sua oração insistente: Deus devolve à vida o filho da viúva[a59] .

Por ocasião do sacrifício no monte Carmelo, prova decisiva para a fé do povo de Deus, foi por sua súplica que o fogo do Senhor consumiu o holocausto, "na hora em que se apresenta a oferenda da tarde": "Responde-me, Senhor, responde-me!", são as mesmas palavras de Elias que as Liturgias orientais repetem na Epiclese eucarística[a60] .

Por fim, retomando o caminho do deserto para o lugar em que o Deus vivo e verdadeiro se revelou a seu povo, Elias se escondeu, como Moisés, "na fenda do rochedo", até que "passasse" a Presença misteriosa de Deus[a61] . Mas somente na montanha da Transfiguração se revelará Aquele cuja Face buscam[a62] ; o conhecimento da Glória de Deus está na face Cristo crucificado e ressuscitado[a63] .

2584     No [§64] "face a face" com Deus, os profetas haurem luz e força para sua missão. Sua oração não é uma fuga do mundo infiel, mas uma escuta da Palavra de Deus, às vezes um debate ou uma queixa, sempre uma intercessão que aguarda e prepara a intervenção do Deus salvador, Senhor da história[a65] .

OS Salmos, oração da assembléia

2585     Desde [§66] Davi até a vinda do Messias, os Livros Sagrados con­têm textos de oração que atestam o aprofundamento cada vez maior da oração por si mesmo e pelos outros[a67] . Os salmos foram pouco a pouco reunidos numa coletânea de cinco livros: os Salmos (ou "Lou­vores"), obra-prima da oração no Antigo Testamento.

2586     Os [§68] Salmos alimentam e exprimem a oração do povo de Deus como assembléia, por ocasião das grandes festas em Jerusa­lém e cada sábado nas sinagogas. Esta oração é inseparavelmente pessoal e comunitária; refere-se aos que oram e a todos os homens; sobe da Terra Santa e das comunidades da Diáspora, mas abrange toda a criação; lembra os acontecimentos salvíficos do passado e se estende até a consumação da história; recorda as promessas de Deus já realizadas e aguarda o Messias que as realizará definitivamente. Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são sempre essenciais à oração de Sua Igreja[a69] .

2587     O [§70] Saltério é o livro em que a Palavra de Deus se torna oração do homem. Nos outros livros do Antigo Testamento, as palavras proclamam as obras" (de Deus em favor dos homens) "e elucidam o mistério nelas contido[a71] ”. No Saltério, as palavras do salmista exprimem, cantando-as a Deus, suas obras de salvação. O mesmo Espírito inspira a obra de Deus e a resposta do homem. Cristo unirá uma e outra. Nele, os salmos nos ensinam continuamente a orar.

2588     As expressões multiformes da oração dos Salmos tomam forma tanto na liturgia do Templo como no coração do homem. Quer se trate de um hino, de uma oração de aflição ou de ação de graças, de uma súplica individual ou comunitária, de canto de aclamação ao rei ou de um cântico de peregrinação, ou ainda de uma meditação sapiencial, os Salmos são o espelho das maravilhas de Deus na história de seu povo e das situações humanas vividas pelo salmista. Um Salmo pode refletir um acontecimento do passado, mas é de uma sobriedade tão grande que pode ser rezado na verdade pelos homens de qualquer condição e em qualquer tempo.

2589     Os [§72] Salmos são marcados por características constantes: a simplicidade e a espontaneidade da oração, o desejo do próprio Deus através de e com tudo o que é bom em sua criação, a situação desconfortável do crente que, em seu amor preferencial ao Senhor, está exposto a uma multidão de inimigos e tentações e, na expectativa do que fará o Deus fiel, a certeza de seu amor e a entrega à sua vontade. A oração dos Salmos é sempre motivada pelo louvor, e por isso o título desta coletânea convém perfeitamente ao que ela nos oferece: "Os Louvores". Feita para o culto da Assembléia, ela anuncia o convite à oração e canta-lhe a resposta: "Hallelu-Ya"! (Aleluia), "Louvai o Senhor"!

Haverá algo melhor do que um Salmo? É por isso que Davi diz muito acertadamente: "Louvai o Senhor, pois o Salmo é uma coisa boa: a nosso Deus, louvor suave e belo!" E é verdade. Pois o Salmo é bênção pronunciada pelo povo, louvor de f pela assembléia, aplauso de todos, palavra dita pelo universo voz da Igreja, melodiosa profissão de [a73] ..

RESUMINDO

2590     "A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes[a74] .”

2591     Deus chama incansavelmente toda pessoa ao encontro misterioso com Ele. A oração acompanha toda a história da salvação como um apelo recíproco entre Deus e o homem.

2592     A oração de Abraão e de Jacó se apresenta como um combate da fé apoiada na confiança na fidelidade de Deus e na certeza da vitória prometida à perseverança.

2593     A oração de Moisés responde à iniciativa do Deus vivo para a salvação de seu povo. Prefigura a oração de intercessão do único mediador, Jesus Cristo.

2594     A oração do povo de Deus floresce à sombra da Casa de Deus, da Arca da Aliança e do Templo, sob a direção dos pastores, principalmente do rei Davi, e dos profetas.

2595     Os profetas chamam à conversão do coração e, buscando ar­dentemente a face de Deus, como Elias, intercedem pelo povo.

2596     Os Salmos constituem a obra-prima da oração no Antigo Tes­tamento. Apresentam dois componentes inseparáveis; o pes­soal e o comunitário. Estendem-se a todas as dimensões da história, comemorando as promessas de Deus já realizadas e esperando a vinda do Messias.

2597     Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são um elemento essencial e permanente da oração de sua Igreja e são adequa­dos aos homens de qualquer condição e tempo.

 

ARTIGO 2

NA PLENITUDE DO TEMPO

2598     O evento da oração nos é plenamente revelado no Verbo que se fez carne e habita entre nós. Procurar compreender sua oração, por meio daquilo que suas testemunhas nos anunciam dela no Evan­gelho, é aproximar-nos do Santo Senhor Jesus como da sarça ardente: primeiro contemplá-lo na oração, depois ouvir como Ele nos ensina a orar, para conhecer, enfim, como Ele atende nossa prece.

Jesus ora

2599     O [§75] Filho de Deus que se tomou Filho da Virgem aprendeu tam­bém a rezar segundo seu coração de homem. Aprendeu as fórmu­las de oração com sua mãe, que conservava e meditava em seu coração todas as "grandes coisas" feitas pelo Todo-Poderoso[a76] .

Aprendeu nas palavras e ritmos da oração de seu povo, na sinagoga de Nazaré e no Templo. Mas sua oração brota de uma fonte bastante secreta, como deixa prever com a idade de doze anos: "Eu devo estar na casa de meu Pai" (Lc 2,49). Aqui começa a se revelar a novidade da oração na plenitude dos tempos: a oração filial, que o Pai esperava de seus filhos, será enfim vivida pelo próprio Filho único em sua humanidade, com os homens e para os homens.

2600     O [§77] Evangelho segundo S. Lucas destaca a ação do Espírito Santo e o sentido da oração no ministério de Cristo. Jesus ora antes dos momentos decisivos de sua missão: antes de o Pai dar testemunho dele por ocasião do Batismo [a78] e da Transfiguração [a79] e antes de realizar por sua Paixão o plano de amor do Pai[a80] . Ora também antes dos momentos decisivos que darão início à missão dos Apóstolos: antes de escolher e chamar os Doze[a81] , antes que Pedro o confesse como "Cristo de Deus [a82] e para que a fé do chefe dos Apóstolos não desfaleça na tentação[a83] . A oração de Jesus antes das ações salvíficas que realiza a pedido do Pai é uma entrega, humilde e confiante, de sua vontade humana à vontade amorosa do Pai.

2601     "Estando [§84] em certo lugar, orando, ao terminar, um de se discípulos pediu-lhe: Senhor, ensina-nos a orar" (Lc 11,1). Não é antes de tudo contemplando seu mestre a orar que o discípulo de Cristo deseja orar? Pode então aprender a orar que o Mestre da oração. É contemplando e ouvindo o Filho que filhos aprendem a orar ao Pai.

2602     Jesus [§85] muitas vezes se retira, na solidão, na montanha, de preferência à noite, para orar[a86] . Em sua oração, leva consigo os homens, pois, assumindo a humanidade em sua Encarnação, oferece-os ao Pai, oferecendo-se a si mesmo. Ele, o Verbo que "assumiu a carne", em sua oração humana participa de tudo o que vivem "seus irmãos[a87] "; Ele se compadece de fraquezas para livrá-los delas[a88] . Foi para isso que o Pai o enviou. Suas palavras e obras aparecem então como a mani­festação visível de sua oração "em segredo".

2603     De [§89] Cristo, durante seu ministério, os evangelistas conserva­ram duas orações mais explícitas, que começam ambas com uma ação de graças. Na primeira[a90] , Jesus glorifica o Pai, agradece-lhe e o bendiz porque escondeu os mistérios do Reino aos que se julgam doutos e revelou-os aos "pequeninos" (os pobres das Bem­-aventuranças). Sua exclamação emocionada, "Sim, Pai!", expri­me o fundo de seu coração, sua adesão ao "beneplácito" do Pai, como num eco ao "Fiat" de Sua Mãe em sua concepção e como prelúdio àquele sim que dirá ao Pai em sua agonia. Toda a oração de Jesus está nesta adesão amorosa de seu coração de homem ao "mistério da vontade" do Pai[a91] .

2604     A [§92] segunda oração é referida por São João [a93] antes da res­surreição de Lázaro. A ação de graças precede o acontecimen­to: "Pai, eu te dou graças por me teres ouvido", o que implica que o Pai escuta sempre seu pedido, e Jesus logo acrescenta: "Eu sabia que sempre me ouves". Isso implica que, de sua parte, Jesus pede de modo constante. Dessa forma, motivada pela ação de graças, a oração de Jesus nos revela como pedir: Antes que o dom seja feito, Jesus adere Àquele que nos dá seus dons. O Doador é mais precioso do que o dom concedi­do, Ele é o "Tesouro", e nele é que está o coração de seu Filho; o dom é dado "por acréscimo[a94] ”.

A oração "sacerdotal" de Jesus [a95] ocupa um lugar único na eco­nomia da salvação. Será meditada no final da primeira seção. Revela com efeito a oração sempre atual de nosso Sumo Sacerdote e, ao mesmo tempo, contém o que Ele nos ensina em nossa oração a nosso Pai, que será desenvolvida na segunda seção.

2605     Ao [§96] chegar a Hora de realizar o plano de amor do Pai, Jesus deixa entrever a profundidade insondável de sua oração filial, não apenas antes de se entregar livremente ("Abba... não seja feita a minha vontade, mas a tua": Lc 22,42), mas também em suas últimas palavras na Cruz, quando orar e entregar-se são um só e mesmo ato: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34); "Em verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo Paraíso" (Lc 23,43); "Mulher, eis aí teu filho"; "Eis tua mãe" (Jo 19,26-27); "Tenho sede!" (Jo 19,28); "Meu Deus, por que me abandonaste[a97] ?”; "Tudo está consumado" (Jo 19,30); "Pai, c tuas mãos entrego meu espírito" (Lc 23,46), até aquele grande grito, quando Ele expira, entregando o espírito[a98] .

2606     Todas [§99] as misérias da humanidade de todos os tempos, escrava do pecado e da morte, todos os pedidos e intercessões história da salvação estão recolhidos neste Grito do Verbo encarnado. Eis que o Pai os acolhe e, indo além de todas as esperanças, ouve-os, ressuscitando seu Filho. Dessa forma se realiza e se consuma o evento da oração na Economia da criação e da salvação. Sua chave de interpretação nos é dada pelo Saltério em Cristo. E no Hoje da Ressurreição que o Pai diz: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede, e eu te darei as nações como herança, os confins da terra como propriedade[a100] !”

A Epístola aos Hebreus exprime em termos dramáticos como a oração de Jesus opera a vitória da salvação. "É ele que, nos dias de sua vida terrestre, apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa de sua submissão. E, embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, se tomou para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna" (1 Hb 5,7-9)

JESUS ENSINA A ORAR

2607     Ao [§101] orar, Jesus já nos ensina a orar. O caminho teologal de nossa oração é a oração a seu Pai. Mas o Evangelho nos dá um ensinamento explícito de Jesus sobre a oração. Como pedagogo, ele nos toma onde estamos e, progressivamente, nos conduz ao Pai. Dirigindo-se às multidões que o seguem, Jesus parte daquilo que elas já conhecem da oração, conforme a Antiga Aliança, e as abre para a novidade do Reino que vem. Depois lhes revela em parábolas essa novidade. Enfim, falará abertamente do Pai e do Espírito Santo a seus discípu­los, que deverão ser pedagogos da oração em sua Igreja.

2608     No [§102] Sermão da Montanha, Jesus insiste na conversão do coração: a reconciliação com o irmão antes de apresentar uma oferenda no altar[a103] , o amor aos inimigos e a oração pelos perseguidores[a104] , a oração ao Pai "em segredo" (Mt 6,6), a não-multiplicação das palavras[a105] , o perdão do fundo do coração na oração, a pureza do coração [a106] e a busca do Reino[a107] . Essa conversão é inteiramente orientada para o Pai; é filial.

2609     O [§108] coração assim decidido a se converter aprende a orar na fé. A fé é uma adesão filial a Deus, acima daquilo que sentimos e com­preendemos. Tomou-se possível porque o Filho bem-amado nos abre as portas para o Pai. Este pode pedir-nos que "procuremos" e "batamos", uma vez que Ele mesmo é a porta e o caminho[a109] .

2610     Assim [§110] como Jesus ora ao Pai e dá graças antes de receber seus dons, Ele nos ensina essa audácia filial: "Tudo quanto suplicardes e pedirdes, crede que já recebestes" (Mc 11,24). "Tudo é possível para quem crê" (Mc 9,23), com uma fé "que não hesita[a111] ”. tal é a força da oração. Se por um lado Jesus se entris­tece pela "falta de fé" de seus parentes (Mc 6,6) e pela "fraqueza na fé" de seus discípulos[a112] , por outro lado fica admirado com a "grande fé" do centurião romano [a113] e da cananéia[a114] .

2611     A [§115] oração de fé não consiste apenas em dizer "Senhor, Senhor", mas em levar o coração a fazer a vontade do Pai[a116] . Jesus convida os discípulos a terem, na oração, a preocupação de cooperarem com o plano divino[a117] .

2612     Em [§118] Jesus, "o Reino de Deus está próximo" (Mc 1,15) e convoca à conversão e à fé, como também, à vigilância. Na ora­ção, o discípulo vigia atento Aquele que É e que Vem na memó­ria de sua primeira Vinda na humildade da carne e na esperança de sua segunda Vinda na Glória[a119] . Em comunhão com o Mestre a oração dos discípulos é um combate, e é vigiando na prece que não se cai em tentação[a120] .

2613     Três [§121] parábolas principais sobre a oração nos são transmitida por S. Lucas.

A primeira, "o amigo importuno[a122] ”, convida a uma oração persistente: "Batei e se vos abrirá". Àquele que assim ora, o Pai do céu "dará tudo o que precisa", sobretudo o Espírito Santo, que contém todos os dons.

A segunda, "a viúva importuna[a123] ”, focaliza uma das qualidades da oração: é preciso rezar sempre sem esmorecimento, com a paciência fé. "Mas, quando vier o Filho do homem, acaso encontrará fé na terra?

A terceira parábola, "o fariseu e o publicano[a124] ”, refere-se à humildade do coração que reza. "Meu Deus, tem piedade de mim, pecador.” Essa oração a Igreja constantemente toma sua: "Kyrie eleison!"

2614     Quando [§125] Jesus confia abertamente a seus discípulos o ministério da oração ao Pai, revela-lhes qual deverá ser sua oração, e a nossa, quando Ele voltar para o Pai, em sua Humanidade glorificada. A novidade agora é "pedir em seu Nome[a126] ”. A fé nele introduz os discípulos no conhecimento do Pai, porque Jesus é "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6). A fé produz seus frutos no amor: guardar sua Palavra, seus mandamentos, permanecer com Ele no Pai, que nele nos ama a ponto de permanecer em nós. Nessa Aliança nova, a certeza de sermos ouvidos em nossos pedidos se fundamenta na oração de Jesus[a127] .

2615     Mais [§128] ainda, o que o Pai nos dá quando nossa oração está unida à de Jesus é o "outro Paráclito para que convosco permaneça para sempre o Espírito da Verdade" (Jo 14,16-17). Essa novidade da oração e de suas condições aparece no discurso de despedida[a129] . No Espírito Santo, a oração cristã é comunhão de amor com o Pai, não apenas por Cristo, mas também nele: "Até agora nada pedistes em meu Nome. Pedi e recebereis, e vossa alegria será perfeita" (Jo 16,24).

Jesus ouve a oração

2616     A [§130] oração a Jesus é ouvida por Ele já durante seu ministério, por meio dos sinais que antecipam o poder de sua Morte e Res­surreição: Jesus ouve a oração de fé, expressa em palavras (o leproso[a131] , Jairo[a132] , a cananéia[a133] , o bom ladrão[a134] ), ou em silêncio (os carregadores do paralítico[a135] , a hemorroíssa que lhe toca as ves­tes[a136] , as lágrimas e o perfume da pecadora[a137] ). O pedido insistente dos cegos: "Filho de Davi, tem compaixão de nós" (Mt 9,27)ou "Filho de Davi, tem compaixão de mim" (Mc 10,47) foi retomado na tradição da Oração a Jesus: "Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tem piedade de mim, pecador!" Quer na cura das enfermidades, quer na remissão dos pecados, Jesus responde sempre à oração que implora com fé: "Vai em paz, tua fé te salvou!"

Sto. Agostinho resume admiravelmente as três dimensões da oração de Jesus (cf. 2667): "Ele ora por nós como nosso sacer­dote, ora em nós como nossa cabeça, e a Ele sobe nossa oração como ao nosso Deus. Reconheçamos pois, nele, os nossos cla­mores e em nós os seus clamores[a138] ".

A oração da Virgem Maria

2617     A [§139] oração de Maria nos é revelada na aurora da plenitude dos tempos. Antes da Encarnação do Filho de Deus e antes da efusão do Espírito Santo, sua oração coopera de maneira única com o plano benevolente do Pai; na Anunciação para a con­cepção de Cristo[a140] , em Pentecostes para a formação da Igreja, Corpo de Cristo[a141] . Na fé de sua humilde serva, o Dom de Deus encontra o acolhimento que esperava desde o começo dos tempos. Aquela que o Todo-Poderoso tornou "cheia de graça" responde pela oferenda de todo seu ser: "Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua palavra". Fiat, esta é a oração cristã: ser todo dele porque Ele é todo nosso.

2618     O [§142] Evangelho nos revela como Maria ora e intercede na fé: em Caná[a143] , a mãe de Jesus pede a seu filho pelas necessidades de um banquete de núpcias, sinal de outro Banquete, o das núpcias do Cordeiro, que dá seu Corpo e Sangue a pedido da Igreja, sua Esposa. E é na hora da nova Aliança, ao pé da Cruz[a144] , que Maria é ouvida como a Mulher, a nova Eva, a verdadeira "mãe dos vivos”.

2619     Por [§145] isso o cântico de Maria [a146] (o Magnificat latino ou o Megalynário bizantino) é ao mesmo tempo o cântico da Mãe de Deus e o da Igreja, cântico da Filha de Sião e do novo Povo de Deus, cântico de ação de graças pela plenitude de graças distribuídas na Economia da salvação, cântico dos "pobres", cuja esperança é satisfeita pela realização das promessas feitas a nossos pais "em favor de Abraão e de sua descendência para sempre".

RESUMINDO

2620     No Novo Testamento, o modelo perfeito da oração encontra-se na prece filial de Jesus. Feita muitas vezes na solidão, no segredo, a oração de Jesus implica uma adesão amorosa à vontade do Pai até a cruz e uma confiança absoluta de ser ouvido.

2621     Jesus ensina seus discípulos a orar com um coração purificado, uma fé viva e perseverante, uma audácia filial. Incita-os à vigilância e convida-os a apresentar a Deus seus pedidos em seu Nome. Jesus Cristo atende pessoalmente às orações, que lhe são dirigidas.

2622     A oração da Virgem Maria, em seu "Fiat" e em seu "Magnificat”, caracteriza-se pela oferta generosa de todo seu ser na fé.

 

ARTIGO 3

NO TEMPO DA IGREJA

2623     No [§147] dia de Pentecostes, o Espírito da promessa foi derramado sobre os discípulos, "reunidos no mesmo lugar" (At 2,1), esperando-o, "todos unânimes, perseverando na oração" (At 1,14). O Espírito, que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse[a148] , vai também formá-la para a vida de oração.

2624     Na [§149] primeira comunidade de Jerusalém, os fiéis se mostravam "assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações" (At 2,42). A seqüência é típica da oração da Igreja: fundada na fé apostólica e auten­ticada pela caridade, ela é alimentada na Eucaristia.

2625     Essas [§150] orações são, sobretudo, as que os fiéis ouvem e lêem nas Escrituras, atualizando-as, porém, principalmente as dos Salmos, a partir de sua realização em Cristo[a151] . O Espírito Santo, que assim lembra Cristo à sua Igreja orante, também a conduz à Verdade plena e suscita formulações novas que exprimirão o insondável Mistério de Cristo atuando na vida, nos sacramentos e na missão de sua Igreja. Essas formulações se desenvolverão nas grandes tradições litúrgicas e espirituais. As formas da oração, como nos são reveladas pelas Escrituras apostólicas canônicas, serão normativas da oração cristã.

1.       A benção e a adoração

2626     A [§152] bênção exprime o movimento de fundo da oração; é o encontro de Deus e do homem; nela o dom de Deus e a acolhida do homem se chamam e se unem. A oração de bênção é a resposta do homem aos dons de Deus: uma vez que Deus abençoa, o coração do homem pode bendizer Aquele que é a fonte de toda bênção.

2627     Duas [§153] formas fundamentais exprimem esse movimento da bênção: ora ela sobe, levada no Espírito Santo por Cristo ao Pai (nós o bendizemos por nos ter abençoado[a154] ); ora ela implora a graça do Espírito Santo, que, por Cristo, desce de junto do Pai (é Ele que nos abençoa[a155] ).

2628     A [§156] adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos fez [a157] e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É prosternação do Espírito diante do "Rei da glória[a158] ” e o silêncio respeitoso diante do Deus "sempre maior[a159] ”. A adoração do Deus três vezes santo e sumamente amável nos enche de humildade e dá garantia a nossas súplicas.

II.      A oração de súplica

2629         O[§160]  vocabulário referente à súplica tem muitos matizes no Novo Testamento: pedir, implorar, suplicar com insistência, invocar, clamar, gritar e mesmo "lutar na oração[a161] ". Mas sua forma mais habitual, por ser a mais espontânea, é o pedido: é pela oração de súplica que exprimimos a consciência de nossa relação com Deus: como criaturas, não somos nem nossa origem, nem senhores das adversidades, nem nosso fim último. Mas, como pecadores, sabemos, na qualidade de cristãos, nos afastamos de nosso Pai. O pedido já é uma volta para Ele.

2630         O[§162]    Novo Testamento contém poucas orações de lamentação, freqüentes no Antigo Testamento. Agora, em Cristo ressuscitado, o pedido da Igreja é sustentado pela esperança, embora estejamos ainda na expectativa e devamos nos converter cada dia. Brota de outra profundeza o pedido cristão, que S. Paulo chama de gemidos, os da criação, em "dores de parto" (Rm 8,22), os nossos, também "à espera da redenção de nosso corpo, pois nossa salvação é objeto de esperança" (Rm 8,23-24), enfim, "os gemidos inefáveis do próprio Espírito Santo que "socorre nossa fraqueza, pois nem sequer sabemos o que seja conveniente pedir" (Rm 8,26).

2631     O [§163] pedido de perdão é o primeiro movimento da oração de súplica (cf. o publicano: "Tem piedade de mim, pecador": Lc 18,13). É a condição prévia de uma oração justa e pura. A humildade confiante nos repõe na luz da comunhão com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo, e uns com os outros[a164] : "Então tudo o que lhe pedimos recebemos dele" (1 Jo 3,22). O pedido de é a perdão condição prévia da liturgia eucarística, como da oração pessoal.

2632     A [§165] súplica cristã está centrada no desejo e na procura do Reino que vem, de acordo com o ensinamento de Jesus[a166] ". Existe uma hierarquia nos pedidos: primeiro o Reino, depois o que é necessá­rio para acolhê-lo e cooperar para sua vinda. Essa cooperação com a missão de Cristo e do Espírito Santo, que é agora a da Igreja, é o objeto da oração da comunidade apostólica[a167] . E a oração de Paulo, o apóstolo por excelência, que nos revela como o cuidado divino por todas as Igrejas deve animar a oração cristã[a168] . Pela oração, todo batizado trabalha para a Vinda do Reino.

2633     Quando [§169] participamos, assim, do amor salvador de Deus, com­preendemos que toda necessidade pode vir a ser objeto de pedido. Cristo, que tudo assumiu para resgatar tudo, é glorificado pelos pedidos que oferecemos ao Pai em seu Nome[a170] . E com essa garan­tia que Tiago [a171] e Paulo nos exortam a orar em todo tempo[a172] .

III.    A oração de intercessão

2634     A[§173]  intercessão é uma oração de pedido que nos conforma de perto com a oração de Jesus. Ele é o único Intercessor junto do Pai em favor de todos os homens, dos pecadores, sobretudo[a174] . Ele é "capaz de salvar de modo definitivo aque­les que por meio dele se aproximam de Deus, visto que Ele vive para sempre para interceder por eles" (Hb 7,25). O pró­prio Espírito Santo "intercede por nós... pois é segundo Deus que ele intercede pelos santos" (Rm 8,26-27).

2635     Interceder[§175] , pedir em favor de outro, desde Abraão, é pró­prio de um coração que está em consonância com a misericór­dia de Deus. No tempo da Igreja, a intercessão cristã participa da de Cristo; é a expressão da comunhão dos santos. Na in­tercessão, aquele que ora "não procura seus próprios interes­ses, mas pensa sobretudo nos dos outros" (Fl 2,4) e reza por aqueles que lhe fazem mal[a176] .

2636     As [§177] primeiras comunidades cristãs viveram intensamente forma de partilha[a178] . O Apóstolo Paulo as faz participar assim de seu ministério do Evangelho[a179] , mas intercede também por elas[a180] . A intercessão dos cristãos não conhece fronteiras: "Por todos os homens, pelos que detêm a autoridade" (1 Tm 2,1), pelos que perseguem [a181] pela salvação daqueles que recusam o Evangelho[a182] .

IV.    A oração de ação de graças

2637     A [§183] ação de graças caracteriza a oração da Igreja que, celebrando a Eucaristia, manifesta e se torna mais aquilo que ela é. Com efeito, na obra da salvação, Cristo liberta a criação do pecado e da morte para consagrá-la de novo e fazê-la retornar ao Pai, para sua Glória. A ação de graças dos membros do Corpo participa da de sua Cabeça.

2638     Como na oração de súplica, todo acontecimento e toda necessidade podem se tornar oferenda de ação de graças. As cartas de S. Paulo começam e terminam freqüentemente uma ação de graças, e o Senhor Jesus sempre está presente. “Por tudo dai graças, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito, em Cristo Jesus" (l Ts 5,18). "Perseverai na oração, vigilantes, com ação de graças" (Cl 4,2).

V.      A oração de louvor

2639     O [§184] louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediata­mente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele mes­mo é, dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória. Por ela, o Espírito se associa nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus[a185] , dando testemunho ao Filho único, em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as levar Àquele que é sua fonte e termo final: "O único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós somos feitos" (1 Cor 8,6).

2640       São Lucas menciona muitas vezes em seu Evangelho a admiração e o louvor diante das maravilhas de Cristo. Chama a atenção também para as ações do Espírito Santo, que são os Atos dos Apóstolos: a comunidade de Jerusalém [a186] , o paralítico curado por Pedro e João[a187] , a multidão que com isso glorifica a Deus [a188] e os pagãos da Pisídia que, "alegres, glorificam a Palavra do Senhor" (At 13,).

2641       Recitai [§189] uns com os outros "salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando o Senhor em vosso coração" (Ef 5,19[a190] ). Como os escritores do Novo Testamento, as primeiras comunida­des cristãs relêem o livro dos Salmos, cantando nele o Mistério de Cristo. Na novidade do Espirito, elas compõem também hinos e cânticos a partir do Acontecimento inaudito que Deus realizou em seu Filho: a Encarnação, a Morte vitoriosa da morte, a Ressurrei­ção e Ascensão à sua direita[a191] . É dessa "maravilha" de toda a economia da salvação que brota a doxologia, o louvor de Deus[a192] .

2642       A [§193] Revelação "daquilo que deve acontecer em breve", o Apocalipse, é comunicada pelos cânticos da Liturgia celeste[a194] , mas também pela intercessão das "testemunhas" (mártires[a195] ) Os profetas e os santos, todos os que foram degolados na terra em testemunho de Jesus[a196] , a multidão imensa daqueles que, vindos da grande tribu­lação, nos precederam no Reino, cantam o louvor de glória daquele que está sentado no Trono e do Cordeiro[a197] . Em comunhão com eles, a Igreja da terra canta também esses cânticos, na fé e na provação. No pedido e na intercessão, a fé espera contra toda es­perança e dá graças ao "Pai das luzes, do qual desce toda dádiva perfeita[a198] ". A fé é assim um puro louvor.

2643     A [§199] Eucaristia contém e exprime todas as formas de oração. É "a oferenda pura" de todo o Corpo de Cristo "para a glória de seu Nome[a200] ”; segundo as tradições do Oriente e do Ocidente, ela é "o sacrifício de louvor".

RESUMINDO

2644     O Espírito Santo, que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, educa-a também para a vida de oração, suscitan­do expressões que se renovam dentro de formas permanentes: benção, súplica, intercessão, ação de graças e louvor.

2645     Porque Deus o abençoa é que o coração do homem pode bendizer por sua vez Aquele que é a fonte de toda bênção.

2646     A oração de pedido tem por objeto o perdão, a procura do Reino, como também toda verdadeira necessidade.

2647     A oração de intercessão consiste num pedido em favor de outrem. Não conhece fronteiras e se estende até os inimigos.

2648     Toda alegria e todo sofrimento, todo acontecimento e toda necessidade podem ser a matéria da ação de graças que, participando da ação de graças de Cristo, deve dar plenitude a toda a vida: "Por tudo dai graças (1Ts 5,18).

2649     A oração de louvor, totalmente desinteressada, dirige-se a Deus. Canta-o pelo que Ele; dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É.

 

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Folha de Apresentação

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Rev.2 de  dez/2003


 [a1] Santa Teresa do Menino Jesus, Manuscritto C, 25r: Manuscritos autobiográficos: Obra completa (Livraria Editora Vaticana 1997) p. 263.

 [§2]2613,2736

 [a3]São João Damasceno, Expositio fidei, 68 [De fide orthodoxa 3, 24]: PTS 12, 167 (PG 94, 1089).

 [a4]Cf Lc 18,9-14.

 [a5]Cf Santo Agostinho, Sermo 56, 6, 9: ed. P. Verbraken: Revue Bénédictine 68 (1958) 31 (PL 38, 381).

 [a6]Cf S. Gregório Nazianzeno, Oratio 40, 25: SC 358, 261 (PG 36, 398); Santo Agostinho, De diversis quaestionibus octoginta tribus, 64, 4: CCL 44A, 140 (PL 40, 56).

 [a7]Cf Jo 7,37-39; Is 12,3; 51,1

 [a8]Cf Jo 19,28; Zc 12,10; 13,1.

 [§9] 368,2699,1696

 [§10] 260,792

 [a11] São Gregório Nazianzeno, Oração 16, 9: PG 35, 945.

 [a12] Cf Rm 6,5.

 [a13] Cf Ef 3,18-21.

 [§14]296,355,28

 [a15] Cf Sl 8,6.

 [a16] Cf Sl 8,2

 [a17] Cf At 17,27.

 [§18]30,142

 [§19]410,1736,2738

 [a20] Cf Hb 10,5-7.

 [§21]288,58,59

 [a22]Cf Gn 4,4.

 [a23]Cf Gn 4,26.

 [a24]Cf Gn 5,24.

 [a25]Cf Gn 8,20-9,17.

 [a26]Cf Gn 9,8-16.

 [§27] 145

 [a28]Cf Gn 15,2-3.

 [§29]494,2635

 [a30]Cf Gn 15,6.

 [a31]Cf Gn 17,1-2.

 [a32]Cf Gn 18,1-15; Lc 1,26-38.

 [a33]Cf Gn 18,16-33.

 [§34] 603

 [a35]Cf Rm 8,32.

 [a36] Cf Rm 4,16-21.

 [§37]162

 [a38] Cf Gn 28,10-22.

 [a39] Cf Gn 32,25-31; Lc 18,1-8.

 [§40] 62

 [§41] 205

 [a42]Cf Ex 3,1-10.

 [§43]555

 [§44]210,2635,214

 [a45]Cf Ex 34,6.

 [a46]Cf Ex 17,8-13.

 [a47]Cf Nm 12,13-14.

 [a48]Cf Ex 32,1-34,9.

 [a49]Cf 1 Sm 1,9-18.

 [§50]709,436

 [a51]Cf 2 Sm 7,18-29.

 [§52]583

 [a53]Cf 1 Rs 8,10-61.

 [§54]1150

 [a55]Cf Sl 24,6.

 [a56]Cf 1 Rs 18,39.

 [a57]Cf Tg 5,16-18.

 [§58] 696,555

 [a59]Cf 1 Rs 17,7-24.

 [a60]Cf 1 Rs 18,20-39. 

 [a61]Cf 1 Rs 19,1-14; Ex 33,19-23.

 [a62]Cf Lc 9,30-35.

 [a63]Cf 2 Cor 4,6.

 [§64] 2709

 [a65]Cf Am 7,2.5; Is 6,5. 8.11; Jr 1,6; 15,15-18; 20,7-18.

 [§66] 1093

 [a67]Cf Esd 9,6-15; Ne 1,4-11; Jn 2,3-10; Tb 3,11-16; Jt 9,2-14.

 [§68] 1177

 [a69]Cf Princípios e normas para a Liturgia das Horas, 100-109: Liturgia das Horas, v. 1 (Livraria Editora Vaticana 1981) p. 62-63.

 [§70] 2641

 [a71]Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 2: AAS 58 (1966) 818.

 [§72]304

 [a73]Santo Ambrósio, “Enarrationes in Psalmos,” 1, 9: CSEL 64, (PL 14, 968).

 [a74]São João Damasceno, Expositio fidei, 68 [De fide orthodoxa, 3, 24]: PTS 12, 167 (PG 94, 1089)

 [§75] 470-473,584,534

 [a76]Cf Lc 1,49; 2,19; 2,51.

 [§77] 535,554,612,856,443

 [a78]Cf Lc 3,21.

 [a79]Cf Lc 9,28.

 [a80]Cf Lc 22,41-44.

 [a81]Cf Lc 6,12.

 [a82]Cf Lc 9,18-20.

 [a83]Cf Lc 22,32.

 [§84] 2765

 [§85] 616

 [a86]Cf Mc 1,35; 6,46; Lc 5,16.

 [a87]Cf Hb 2,12.

 [a88]Cf Hb 2,15; 4,15.

 [§89] 2637,2546,494

 [a90]Cf Mt 11,25-27 e Lc 10,21-22.

 [a91]Cf Ef 1,9.

 [§92] 478,2746

 [a93]Cf Jo 11,41-42.

 [a94]Cf Mt 6,21.33.

 [a95]Cf Jo 17.

 [§96] 614

 [a97]Mc 15,34; Cf Sl 22,2

 [a98]Cf Mc 15,37; Jo 19,30.

 [§99]403,653,2587

 [a100]Cf At 13,33.

 [§101] 520

 [§102] 541,1430

 [a103]Cf Mt 5,23-24.

 [a104]Cf Mt 5,44-45.

 [a105]Cf Mt 6,7.

 [a106]Cf Mt 6,14-15

 [a107]Cf Mt 6,21.25.33.

 [§108] 153,1814

 [a109]Cf Mt 7,7-11.13-14.

 [§110] 165

 [a111]Cf Mt 21,21.

 [a112]Cf Mt 8,26.

 [a113] Cf Mt 8,10.

 [a114] Cf Mt 15,28.

 [§115]2827

 [a116] Cf Mt 7,21.

 [a117]Cf Mt 9,38; Lc 10,2; Jo 4,34.

 [§118]672,2725

 [a119]Cf Mc 13; Lc 21,34-36.

 [a120]Cf Lc 22,40.46.

 [§121] 546,2559

 [a122]Cf Lc 11,5-13.

 [a123]Cf Lc 18,1-8.

 [a124]Cf Lc 18,9-14.

 [§125] 434

 [a126]Cf Jo 14,13.

 [a127]Cf Jo 14,13-14.

 [§128] 728

 [a129]Cf Jo 14,23-26; 15,7.16; 16,13-15.23-27

 [§130] 548,2667

 [a131]Cf Mc 1,40-41.  

 [a132]Cf Mc 5,36.

 [a133]Cf Mc 7,29.

 [a134]Cf Lc 23,39-43.

 [a135]Cf Mc 2,5.

 [a136]Cf Mc 5,28.

 [a137]Cf Lc 7,37-38.

 [a138]Santo Agostinho, Enarratio in Psalmum 85, 1: CCL 39, 1176 (PL 36, 1081); cf Principi e norme per la Liturgia delle Ore, 7: Liturgia delle Ore, v. 1 (Livraria Editora Vaticana 1981) p. 30

 [§139] 148,494,490

 [a140] Lc 1, 38 Maria disse: «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo a deixou.

 [a141] At 1, 14 Todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus.

 [§142]2674,726

 [a143]Cf Jo 2,1-12.

 [a144]Cf Jo 19,25-27.

 [§145]724

 [a146] Lc 1,46 Então Maria disse:  «Minha alma proclama a grandeza do Senhor,

47        meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,

48        porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão,

49        porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor:

seu nome é santo,

50        e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração.

51        Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração,

52        derruba do trono os poderosos e eleva os humildes;

53        aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias.

54        Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,

55        - conforme prometera aos nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.»

 [§147] 731

 [a148] Cf Jo 14,26.

 [§149] 1342

 [§150] 1092,1200

 [a151]Cf Lc 24,27.44.

 [§152] 1078

 [§153]1083

 [a154]Cf Ef 1,3-14; 2 Cor 1,3-7; 1 Pd 1,3-9.

 [a155]Cf 2 Cor 13,13; Rm 15,5-6. 13; Ef 6,23-24

 [§156]2096-2097,2559

 [a157]Cf Sl 95,1-6.

 [a158]Cf Sl 24,9-10.

 [a159]Santo Agostinho, “Enarratio in Psalmum” 62, 16: CCL 39, 804 (PL 36, 758).

 [§160]396

 [a161]Cf Rm 15,30; Cl 4,12.

 [§162] 2090

 [§163] 2838

 [a164]Cf 1 Jo 1,7-2,2.

 [§165]2816,1942,2854

 [a166]Cf Mt 6,10.33; Lc 11,2.13.

 [a167]Cf At 6,6; 13,3.

 [a168]Cf Rm 10,1; Ef 1,16-23; Fl 1,9-11; Cl 1,3-6; 4,3-4.12.

 [§169] 2830

 [a170]Cf Jo 14,13.

 [a171]Cf Tg 1,5-8.

 [a172]Cf Ef 5,20; Fl 4,6-7; Cl 3,16-17; 1 Ts 5,17-18.

 [§173]432

 [a174]Cf Rm 8,34; 1 Jo 2,1; 1 Tm 2,5-8.

 [§175] 2571,2577

 [a176]Cf Santo Estevão que prega pelos seus carrascos como Jesus: cf At 7,60; Lc 23,28.34.

 [§177] 1900,1037

 [a178]Cf At 12,5; 20,36; 21,5; 2 Cor 9,14

 [a179]Cf Ef 6,18-20; Cl 4,3-4; 1 Ts 5,25

 [a180]Cf 2 Ts 1,11; Cl 1,3; Fl 1,3-4.

 [a181]Cf Rm 12,14.

 [a182]Cf Rm 10,1

 [§183] 224,1328,2603

 [§184] 213

 [a185]Cf Rm 8,16.

 [a186]Cf At 2,47.

 [a187]Cf At 3,9.

 [a188]Cf At 4,21.

 [§189] 2587

 [a190]Cf Cl 3,16.

 [a191]Cf Fl 2,6-11; Cl 1,15-20; Ef 5,14; 1 Tm 3,16; 6,15-16; 2 Tm 2,11-13.

 [a192]Cf Ef 1,3-14; 3,20-21; Rm 16,25-27; Jd 24-25.

 [§193] 1137

 [a194]Cf Ap 4,8-11; 5,9-14; 7,10-12

 [a195]Cf Ap 6,10.

 [a196]Cf Ap 18,24.

 [a197] Ap 19,1-8.

 [a198]Cf Cf Tg 1,17

 [§199]1330

 [a200]Cf Ml 1,11.