Catecismo da Igreja Católica

PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

OS SÍMBOLOS DA FÉ

CAPITULO III - ARTIGO 12 : "CREIO NA VIDA ETERNA"

1020     O cristão, que une sua própria morte à de Jesus, vê a morte como um caminhar ao seu encontro e uma entrada na Vida Eterna. Depois de a Igreja, pela última vez, pronunciar as palavras de perdão da absolvição de Cristo sobre o cristão moribundo, selá-lo pela última vez com uma unção fortificadora e dar-lhe o Cristo no viático como alimento para a Viagem, diz-lhe com doce segurança estas palavras:

(Parágrafos relacionados 1523-1525)

Deixa este mundo, alma cristã, em nome do Pai Todo-Poderoso que te criou, em nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, que sofreu por ti, em nome do Espírito Santo que foi derramado em ti. Toma teu lugar hoje na paz e fixa tua morada com Deus na santa Sião, com a Virgem Maria, a Mãe de Deus, com São José, os anjos e todos os santos de Deus. (...) Volta para junto de teu Criador, que te formou do pó da terra. Que na hora em que tua alma sair de teu corpo se apressem a teu encontro Maria, os anjos e todos os santos. (...) Que possas ver teu Redentor face a face [a1] (...).

(Parágrafos relacionados 336,2677)

I. O Juízo Particular

1021     A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo[a2] . O Novo Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre Lázaro [a3] e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão [a4] assim como outros textos do Novo Testamento[a5] , falam de um destino último da alma [a6] pode ser diferente para uns e outros.

(Parágrafos relacionados 1038,679)

1022     Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação[a7] , seja para entrar de imediato na felicidade do céu[a8] , seja para condenar-se de imediato para sempre[a9] .

(Parágrafo relacionado 393)

No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor[a10] .

(Parágrafo relacionado 1470)

II. O Céu

1023     Os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem “tal como ele é" (1Jo 3,2), face a face (1Cor [a11] 13,12):

(Parágrafo relacionado 954)

Com nossa autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem o santo Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de fazê-lo, (...) antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face a face, sem a mediação de nenhuma criatura[a12] .

1024     Essa vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominada "o Céu". O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.

(Parágrafos relacionados 260,326,2734,1718)

1025     Viver no Céu é "viver com Cristo[a13] ". Os eleitos vivem "nele", mas lá  conservam - ou melhor, lá  encontram – sua verdadeira identidade, seu próprio nome[a14] .

(Parágrafo relacionado 1011)

"Vita est enim esse cum Christo; ideo ubi Christus, ibi vita, ibi regnum - Vida é, de fato, estar com Cristo; aí onde está  Cristo, aí está  a Vida, aí está  o Reino[a15] ".

1026     Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.

(Parágrafo relacionado 793)

1027     Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo supera toda compreensão e toda imaginação. A Escritura fala-nos dele em imagens: vida, luz, paz, festim de casamento, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, Paraíso. "O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam" (1Cor 2,9).

(Parágrafos relacionados 959,1720)

1028     Em razão de sua transcendência, Deus só poder  ser visto tal como é quando Ele mesmo abrir seu mistério à contemplação direta do homem e o capacitar para tanto. Esta contemplação de Deus em sua glória celeste é chamada pela Igreja de "visão beatifica".

(Parágrafos relacionados 1722,163)

Qual não ser  tua glória e tua felicidade: ser admitido a ver a Deus, ter a honra de participar das alegrias da salvação e da luz eterna na companhia de Cristo, o Senhor teu Deus (...) desfrutar no Reino dos Céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, as alegrias da imortalidade adquirida[a16] .

1029     Na glória do Céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em relação aos outros homens e à criação inteira. Já  reinam com Cristo; com Ele “reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap [a17] 22,5).

(Parágrafos relacionados 956,668)

III. A purificação final ou Purgatório

1030     Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.

1031     A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença [a18] e de Trento[a19] . Fazendo referência a certos textos da Escritura[a20] , a tradição da Igreja fala de um fogo purificador:

(Parágrafos relacionados 954,1472)

No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será  perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro[a21] .

1032     Este ensinamento apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já  a Sagrada Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico[a22] , a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:

(Parágrafos relacionados 958,1372,1479)

Levemo-lhes socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai [a23] que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles[a24] . 

IV. O Inferno

1033     Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos [a25] morrer em pecado mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa própria opção livre. E é este estado de auto­-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra "inferno".

(Parágrafos relacionados 1861,393,633)

1034     Jesus fala muitas vezes da "Geena", do "fogo que não se apaga[a26] ", reservado aos que recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode perder ao mesmo tempo a alma e o corpo[a27] . Jesus anuncia em termos graves que "enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciar  a condenação: "Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25,41).

1035     O ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno[a28] ". A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

(Parágrafo relacionado 393)

1036     As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão: "Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o encontram" (Mt 7,13-14):

(Parágrafos relacionados 1734,1428)

Como desconhecemos o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele para as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas exteriores, onde haverá  choro e ranger de dentes[a29] .

1037     Deus não predestina ninguém para o Inferno[a30] ; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se" (2Pd 3,9):

(Parágrafos relacionados 162,1014,1821)

Recebei, ó Pai, com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos eleitos[a31] .

V. O Juízo Final

(Parágrafos relacionados 678,679)

1038     A ressurreição de todos os mortos, "dos justos e dos injustos" (At 24,15), antecederá  o Juízo Final. Este será "a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento" (Jo 5,28-29). Então Cristo "virá em sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão reunidas em sua presença todas as nações, e Ele há  de separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e por  as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes para o castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna" (Mt 25,31-33.46).

(Parágrafos relacionados 998,1001)

1039     É diante de Cristo - que é a Verdade - que será  definitivamente desvendada a verdade sobre a relação de cada homem com Deus[a32] .  O Juízo Final há  de revelar até as últimas conseqüências o que um tiver feito de bem ou deixado de  fazer durante sua vida terrestre:

(Parágrafo relacionado 678)

Todo o mal que os maus praticam é registrado sem que o saibam. No dia em que "Deus não se calará" (Sl 50,3), voltar-se-á  para os maus: "Eu havia", dir-lhes-á, "colocado na terra meus pobrezinhos para vós. Eu, seu Chefe, reinava no céu à direita do meu Pai, mas na terra os meus membros passavam fome. Se tivésseis dado aos meus membros, vosso dom teria chegado até a Cabeça. Quando coloquei meus pobrezinhos na terra, os constituí meus tesoureiros para recolher vossas boas obras em meu tesouro; vós, porém, nada depositastes em suas mãos, razão por que nada possuís junto a mim[a33] "

1040     O Juízo Final acontecerá  por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará  então sua palavra definitiva sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte[a34] .

(Parágrafos relacionados 637,314)

1041     A mensagem do Juízo Final é apelo à conversão enquanto Deus ainda dá  aos homens "o tempo favorável, o tempo da salvação" (2Cor 6,2). O Juízo Final inspira o santo temor de Deus. Compromete com a justiça do Reino de Deus. Anuncia a "bem-aventurada esperança" (Tt 2,13) da volta do Senhor, que “virá para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado na pessoa de todos aqueles que creram (2Ts 1,10).

(Parágrafos relacionados 1432,2854)

VI. A esperança dos céus novos e da terra nova

1042     No fim dos tempos, o Reino de Deus chegar  à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado:

(Parágrafos relacionados 769,670)

Então a Igreja será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está  intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará sua restauração definitiva em Cristo[a35] "

(Parágrafos relacionados 310)

1043     Esta renovação misteriosa, que há de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura a chama de "céus novos e terra nova" (2Pd [a36] 3,13). Ser  a realização definitiva do projeto de Deus de "reunir, sob um só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra" (Ef 1,10).

(Parágrafos relacionados 671,280,518)

1044     Neste "universo novo[a37] ", a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens. "Enxugará  toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais haverá  morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá  mais. Sim! As coisas antigas se foram!" (Ap [a38] 21,4).

1045     Para o homem, esta consumação será  a realização última da unidade do gênero humano, querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrinante era "como o sacramento[a39] ". Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a Esposa do Cordeiro" (Ap 21,9). Esta não será mais ferida pelo pecado, pelas impurezas[a40] , pelo amor-próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará  de maneira inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e de comunhão mútua.

(Parágrafos relacionados 775,1404)

1046     Quanto ao cosmos, a Revelação afirma a profunda comunidade de destino do mundo material e do homem:

Pois a criação em expectativa anseia pela revelação dos filhos de Deus (...) na esperança de ela também ser libertada da escravidão da corrupção (...). Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente, suspirando pela redenção de nosso corpo (Rm 8,19-23).

(Parágrafo relacionado 349)

1047     Também o universo visível está, portanto, destinado a ser transformado, "a fim de que o próprio mundo, restaurado em seu primeiro estado, esteja, sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos justos", participando de sua glorificação em Cristo ressuscitado[a41] .

1048     "Ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira de transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara uma nova morada e nova terra. Nela reinará  a justiça, e sua felicidade irá satisfazer á e superar todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens[a42] ."

(Parágrafo relacionado 673)

1049     "Contudo, a expectativa de uma terra nova, longe de atenuar, deve impulsionar em vós a solicitude pelo aprimoramento desta terra. Nela cresce o corpo da nova família humana que já  pode apresentar algum esboço do novo século. Por isso, ainda que o progresso terrestre se deva distinguir cuidadosamente do aumento do Reino de Cristo, ele é de grande interesse para o Reino de Deus, na medida em que pode contribuir para melhor organizar a sociedade humana[a43] . "

(Parágrafo relacionado 2820)

1050     "Com efeito, depois que propagarmos na terra, no Espírito do Senhor e por ordem sua, os valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, todos estes bons frutos da natureza e de nosso trabalho, nós os encontraremos novamente, limpos, contudo, de toda impureza, iluminados e transfigurados,  quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal[a44] . Deus será, então, "tudo em todos" (1 Cor 15,28), na Vida Eterna:

(Parágrafos relacionados 1709,260)

A vida, em sua própria realidade e verdade, é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, derrama sobre todos, sem exceção, dons celestes. Graças à sua misericórdia também nós, os homens, recebemos a promessa indefectível da Vida [a45] Eterna.

RESUMINDO

1051     Cada homem, em sua alma imortal, recebe sua retribuição eterna a partir de sua morte, em um Juízo Particular feito por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos.

1052     "Cremos que as almas de todos os que morrem na graça de Cristo constituem o povo de Deus para além da morte, a qual será  definitivamente vencida no dia da ressurreição, quando essas almas serão novamente unidas a seus corpos[a46] ."

1053     "Cremos que a multidão daquelas que estão reunidas em torno de Jesus e de Maria no paraíso forma a Igreja do Céu, onde na beatitude eterna vêem a Deus tal como Ele é, e onde estão também, em graus diversos, associadas com os santos anjos ao governo divino exercido pelo Cristo na glória, intercedendo por nós e ajudando nossa fraqueza por sua solicitude fraterna[a47] ."

1054     Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão totalmente purificados, embora seguros de sua salvação eterna, passam depois de sua morte por uma purificação, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria de Deus.

1055     Em virtude da "comunhão dos santos", a Igreja recomenda os defuntos à misericórdia de Deus e oferece em favor deles sufrágios, particularmente o santo sacrifício eucarístico.

1056     Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja adverte os fiéis acerca da "triste e lamentável realidade da morte eterna[a48] , denominada também de "inferno".

1057     A pena principal do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em quem o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.

1058     A Igreja ora para que ninguém se perca: "Senhor, não permitais que eu jamais seja separado de vós[a49] "  Se é verdade que ninguém pode salvar-se a si mesmo, também é verdade que "Deus quer que todos sejam salvos" (1 Tm 2,4), e que para Ele "tudo é possível" (Mt 10,26).

1059     "A santíssima Igreja romana crê e confessa firmemente que no dia do juízo todos os homens comparecerão com seu próprio corpo diante do tribunal de Cristo para dar contas de seus próprios atos[a50] . "

1060     No fim dos tempos, o Reino de Deus chegar  à sua plenitude. Então, os justos reinarão com Cristo para sempre, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo material será transformado. Então Deus será "tudo em todos" (1 Cor 15,28), na Vida Eterna.

"AMÉM"

1061     O Credo, como também o último livro da Sagrada Escritura[a51] , termina com a palavra hebraica amen. Ela encontra-se com freqüência no fim das orações do Novo Testamento. Também a Igreja conclui suas orações com o "amém". 

(Parágrafo relacionado 2856)

1062     Em hebraico, a palavra "amém" está ligada à mesma raiz da palavra "crer". Esta raiz exprime a solidez, a confiabilidade, a fidelidade. Assim, compreendemos por que o "amém" pode ser dito da fidelidade de Deus para conosco e de nossa confiança nele.

(Parágrafo relacionado 214)

1063     No profeta Isaias encontramos a expressão "Deus de verdade", literalmente "Deus do amém", isto é, o Deus fiel às suas promessas: "Todo aquele que quiser ser bendito na terra quererá  ser bendito pelo Deus do amém" (Is 65,16). Nosso Senhor emprega com freqüência o termo "amém[a52] ", por vezes em forma duplicada[a53] , para sublinhar a confiabilidade seu ensinamento, sua autoridade fundada na verdade de Deus.

(Parágrafos relacionados 215,156)

1064     O "amém" final do Credo retoma e confirma, portanto, suas duas primeiras palavras: "eu creio". Crer é dizer "amém” às palavras, às promessas, aos mandamentos de Deus, ê confiar totalmente naquele que é o "Amém" de infinito amor e de  fidelidade perfeita. A vida cristã de cada dia será, então, o "amém" ao "eu creio" da profissão de fé de nosso Batismo:

(Parágrafos relacionados 197,2101)

O teu Símbolo seja para ti como um espelho. Olha-te nele para veres se crês tudo o que declaras crer e alegra-te cada dia por tua [a54] .

1065     O  próprio Jesus Cristo é "o Amém" (Ap 3,14).  Ele é o "Amém" definitivo do amor do Pai por nós; assume e consuma nosso "Amém" ao Pai: "todas as promessas de Deus, com efeito, têm nele (Cristo) seu sim; por isso, é por Ele que dizemos 'amém' a Deus para a glória de Deus" (2Cor 1,20):

Por Cristo, com Cristo, em Cristo,

a vós, Deus Pai Todo-Poderoso,

na unidade do Espírito Santo,

toda honra e toda glória,

agora e para sempre.

AMÉM[a55] 

 

 

Anterior => § 976 a § 1019

Folha de Apresentação

Posterior =>  §1066 a § 1134

 
FastCounter by bCentral

Qualquer falha constatada avise-nos

 

Rev.2 de  dez/2003


 [a1]  RM Rito das exéquias, encomendação da alma

 [a2]cf. 2 Tm 1, 9-10

 [a3]cf. Lc 16, 22 

 [a4]cf. Lc 23, 43 

 [a5]cf. 2 Cor 5, 8 ; Fl 1, 23 ; Hb 9, 27 ; 12, 23

 [a6]cf. Mt 16, 26 

 [a7]cf. Concilio de Lião II. Professio fidei  Michaelis Palacologi imperatoris: DS 856 ; Concilio de  Florença  Decretum pro Graecis: DS 1304-1306 ; Concilio de  Trento : DS 1820, 25 ª sessão, Decretum de purggatorio : DS 1820. 

 [a8]cf. Concilio de Lião II, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris DS 857 : João XXII, Ne super his : DS 991 ; Bento XII. Benedictus Deus : DS 1000-1001 ; concílio de Florença, Decrettum pro Graecis : DS 1305.

 [a9]cf. Concilio de Lião  II, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris DS 858: Bento XXII ; Benedictus Deus : DS 1002 ; concílio de Florença, Decrettum pro Graecis : DS 1306

 [a10]São João da Cruz, avisos e sentenças 57

 [a11] cf. Ap 22,4

 [a12]cf. Bento XII : DS 1000 ; cf Lumen gentium; Constituição; Vaticano II; 21/11/64; item 49

 [a13]cf. Jo 14, 3 ; Fl 1, 23 ; 1 Ts 4, 17 

 [a14]cf. Ap 2,17

 [a15]S.  Ambrósio, Luc. 10, 121: PL 15, 1834A 

 [a16]S.  Cipriano, ep. 56, 10, 1 : PL 4, 357B 

 [a17]cf. Mt 25, 21. 23 

 [a18]cf. DS 1304 

 [a19]cf. DS 1820 ; 1580 

 [a20]1Cor 3, 15 ; 1 Pd 1, 7

 [a21]S.  Gregório Magno, dial. 41, 3 

 [a22]cf. DS 856 

 [a23]cf. Jó 1, 5 

 [a24] S.  João Crisóstomo, hom. in 1 Cor. 41, 5 : PG 61, 594-595

 [a25]cf. Mt 25, 31-46 

 [a26]cf. Mt 5, 22. 29 ; 13, 42. 50 ; Mc 9, 43-48 

 [a27]cf. Mt 10, 28 

 [a28]cf. DS 76 ; 409 ; 411 ; 801 ; 858 ; 1002 ; 1351 ; 1575 ; SPF 12 

 [a29]LG 48 

 [a30]cf. DS 397 ; 1567 

 [a31]MR, Canon Romain 88 

 [a32]cf. Jo 12, 48-49 

 [a33]S.  Agostinho, serm. 18, 4, 4 : PL 38, 130-131 

 [a34]cf. Ct 8, 6 

 [a35]Lumen gentium; Constituição; Vaticano II; 21/11/64; item  48 

 [a36]cf. Ap 21, 1 

 [a37]Ap 21, 5 

 [a38]cf. Ap 21, 27 

 [a39]Lumen gentium; Constituição; Vaticano II; 21/11/64; item  1 

 [a40]cf. Ap 21, 27 

 [a41]S.  Irineu, hær. 5, 32, 1 

 [a42]Constituição do Vaticano II; 07/12/65  - Gaudium et spes nº 39, § 1 

 [a43]Constituição do Vaticano II; 07/12/65  - Gaudium et spes nº 39, § 2 

 [a44]Constituição do Vaticano II; 07/12/65  - Gaudium et spes nº 39, § 3 ; cf. Lumen gentium; Constituição; Vaticano II; 21/11/64; item  2 

 [a45]S.  Cirilo de Jerusalém, catech. ill. 18, 29 : PG 33, 1049

 [a46]Credo do Povo de Deus: profissão de fé solene; Motu Proprio; Paulo VI; 30/06/68 item 28 

 [a47]Credo do Povo de Deus: profissão de fé solene; Motu Proprio; Paulo VI; 30/06/68 item 29 

 [a48]Directorium Catecheticum Generale; NLBV; item   69 

 [a49] MR Oratio ante communionem. 132 TPV 1970, p.474

 [a50]DS 859 ; cf. DS 1549 

 [a51] cf. Ap 22, 21 

 [a52]cf. Mt 6, 2. 5. 16 

 [a53]cf. Jo 5, 19 

 [a54]S.  Agostinho, serm. 58, 11, 13 : PL 38, 399 

 [a55]MR Doxologia post precem TPV 1970 pp.455,460,464,471