Catecismo da Igreja Católica

Quarta Parte

A Oração Cristã

PRIMEIRA SEÇÃO - A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ

CAPÍTULO I

A REVELAÇÃO DA ORAÇÃO.

VOCAÇÃO UNIVERSAL À ORAÇÃO

ARTIGO I - NO ANTIGO TESTAMENTO

RESUMINDO

2590     "A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes.”

2591     Deus chama incansavelmente toda pessoa ao encontro misterioso com Ele. A oração acompanha toda a história da salvação como um apelo recíproco entre Deus e o homem.

2592     A oração de Abraão e de Jacó se apresenta como um combate da fé apoiada na confiança na fidelidade de Deus e na certeza da vitória prometida à perseverança.

2593     A oração de Moisés responde à iniciativa do Deus vivo para a salvação de seu povo. Prefigura a oração de intercessão do único mediador, Jesus Cristo.

2594     A oração do povo de Deus floresce à sombra da Casa de Deus, da Arca da Aliança e do Templo, sob a direção dos pastores, principalmente do rei Davi, e dos profetas.

2595     Os profetas chamam à conversão do coração e, buscando ar­dentemente a face de Deus, como Elias, intercedem pelo povo.

2596     Os Salmos constituem a obra-prima da oração no Antigo Tes­tamento. Apresentam dois componentes inseparáveis; o pes­soal e o comunitário. Estendem-se a todas as dimensões da história, comemorando as promessas de Deus já realizadas e esperando a vinda do Messias.

2597     Rezados e realizados em Cristo, os Salmos são um elemento essencial e permanente da oração de sua Igreja e são adequa­dos aos homens de qualquer condição e tempo.

 

ARTIGO 2 - NA PLENITUDE DO TEMPO

RESUMINDO

2620     No Novo Testamento, o modelo perfeito da oração encontra-se na prece filial de Jesus. Feita muitas vezes na solidão, no segredo, a oração de Jesus implica uma adesão amorosa à vontade do Pai até a cruz e uma confiança absoluta de ser ouvido.

2621     Jesus ensina seus discípulos a orar com um coração purificado, uma fé viva e perseverante, uma audácia filial. Incita-os à vigilância e convida-os a apresentar a Deus seus pedidos em seu Nome. Jesus Cristo atende pessoalmente às orações, que lhe são dirigidas.

2622     A oração da Virgem Maria, em seu "Fiat" e em seu "Magnificat”, caracteriza-se pela oferta generosa de todo seu ser na fé.

 

ARTIGO 3 - NO TEMPO DA IGREJA

RESUMINDO

2644     O Espírito Santo, que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, educa-a também para a vida de oração, suscitan­do expressões que se renovam dentro de formas permanentes: benção, súplica, intercessão, ação de graças e louvor.

2645     Porque Deus o abençoa é que o coração do homem pode bendizer por sua vez Aquele que é a fonte de toda bênção.

2646     A oração de pedido tem por objeto o perdão, a procura do Reino, como também toda verdadeira necessidade.

2647     A oração de intercessão consiste num pedido em favor de outrem. Não conhece fronteiras e se estende até os inimigos.

2648     Toda alegria e todo sofrimento, todo acontecimento e toda necessidade podem ser a matéria da ação de graças que, participando da ação de graças de Cristo, deve dar plenitude a toda a vida: "Por tudo dai graças (1Ts 5,18).

2649     A oração de louvor, totalmente desinteressada, dirige-se a Deus. Canta-o pelo que Ele; dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele É.

 

CAPÍTULO II - A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO

ARTIGO 1 - NAS FONTES DA ORAÇÃO

RESUMINDO

2661     É por uma transmissão viva, a Tradição, que, na Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar.

2662     A Palavra de Deus, a liturgia da Igreja, as virtudes da fé, esperança e caridade são fontes da oração.

 

ARTIGO 2 - O CAMINHO DA ORAÇÃO

RESUMINDO

2680     A oração é dirigida sobretudo ao Pai; também é dirigida ~ Jesus, sobretudo pela invocação de seu santo nome: "Jesus Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!"

2681     "Ninguém pode dizer: 'Jesus é Senhor', a não ser no Espírito Santo" (1 Cor 12,3). A Igreja nos convida a invocar o Espírito Santo como o Mestre interior da oração cristã.

2682     Em virtude da cooperação singular da Virgem Maria com a ação do Espírito Santo, a Igreja gosta de rezar em comunhão com ela, para exaltar com ela as grandes coisas que Deus realizou nela e para confiar-lhe súplicas e louvores.

 

ARTIGO 3 - GUIAS PARA A ORAÇÃO

RESUMINDO

2692     Na oração, a Igreja peregrina é associada à dos santos, cuja intercessão solicita.

2693     As diferentes espiritualidades cristãs participam da tradição viva da oração e são guias preciosos para a vida espiritual.

2694     A família cristã é o primeiro lugar da educação à oração.

2695     Os ministros ordenados, a vida consagrada, a catequese, os grupos de oração e a "direção espiritual" garantem na Igreja uma ajuda à oração.

2696     Os lugares mais favoráveis à oração são o oratório pessoal ou familiar, os mosteiros, os santuários de peregrinações e, sobretudo, a igreja, que é lugar próprio da oração litúrgica para a comunidade paroquial e o lugar privilegiado da ado­ração eucarística.

 

CAPÍTULO III - A VIDA DE ORAÇÃO

ARTIGO 1 - AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO

RESUMINDO

2720     A Igreja convida os fiéis a uma oração regular: orações diá­rias, Liturgia das Horas, Eucaristia dominical, festas do ano litúrgico.

2721     A tradição cristã compreende três expressões maiores da vida de oração: a oração vocal, a meditação e a oração mental. Estas têm em comum o recolhimento do coração.

2722     A oração vocal, fundada na união do corpo e do espírito na natureza humana, associa o corpo á oração interior do cora­ção, a exemplo de Cristo, que reza a seu Pai e ensina o "Pai-Nosso" a seus discípulos.

2723     A meditação é uma busca orante que põe em ação o pensa­mento, a imaginação, a emoção, o desejo. Tem por finalidade a apropriação crente do assunto meditado, confrontado com a realidade de nossa vida.

2724     A oração mental é a expressão simples do mistério da oração. E um olhar de fé fito em Jesus, uma escuta da Palavra de Deus, um silencioso amor. Realiza a união à oração de Cristo na medida em que nos faz participar de seu Mistério.

 

ARTIGO 2 - O COMBATE DA ORAÇÃO

RESUMINDO.

2752     A oração supõe um esforço e uma luta contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador. O combate da oração é inseparável do "combate espiritual" necessário para agir habitualmente segundo o Espírito de Cristo: reza-se como se vive, porque se vive como se reza.

2753     No combate da oração devemos enfrentar concepções errô­neas, diversas correntes de mentalidade, a experiência de nossos fracassos. A essas tentações que lançam dúvida sobre a utilidade ou a própria possibilidade da oração convém responder pela humildade, confiança e perseverança.

2754     As dificuldades principais no exercício da oração são a dis­tração e a aridez. O remédio está na fé, na conversão e na vigilância do coração.

2755     Duas tentações freqüentes ameaçam a oração: a falta de fé e a acídia, que é uma forma de depressão devida ao relaxamen­to da ascese, que leva ao desânimo.

2756     A confiança filial é posta â prova quando temos o sentimento de não ser sempre ouvidos. O Evangelho nos convida a nos interrogar sobre a conformidade de nossa oração com o de­sejo do Espírito.

2757     "Orai sem cessar" (1 Ts 5,17). Rezar sempre é possível. É mesmo uma necessidade vital. Oração e vida cristã são inseparáveis.

2758     A oração da Hora de Jesus, chamada com propriedade "ora­ção sacerdotal , recapitula toda a Economia da criação e da salvação e inspira os grandes pedidos do "Pai-Nosso".

 

SEGUNDA SEÇÃO - A ORAÇÃO DO SENHOR: "PAI NOSSO!"

2759     "Um dia, em certo lugar, Jesus rezava. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: 'Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos"' (Lc 11,1). E em resposta a este pedido que o Senhor confia a seus discípulos e à sua Igreja a oração cristã fundamental. S. Lucas traz um texto breve (de cinco pedidos); S. Mateus, uma versão mais desenvolvi da (de sete pedidos). A tradição litúrgica da Igreja conservou o texto de S. Mateus:

Pai nosso que estais nos céus,

santificado seja o vosso nome;

venha a nós o vosso reino;

seja feita a vossa vontade,

assim na terra como no céu;

pão nosso de cada dia nos dai hoje;

perdoai-nos as nossas ofensas,

assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido;

e não nos deixeis cair em tentação.

mas livrai-nos do mal.

2760     Bem cedo, o uso litúrgico concluiu a Oração do Senhor com uma doxologia. Na Didaché (8,2): "Pois vosso é o poder e a glória para sempre". As Constituições Apostólicas (7,24,1) acrescentam no começo: 'o reino, e é esta a fórmula conservada hoje na oração ecumênica. A tradição bizantina, logo em seguida à "glória”, acrescenta "Pai, Filho e Espírito Santo". O missal romano desdobra o último pedido na perspectiva explícita da expectativa da "bem-aventurada esperança" e da Vinda de Jesus Cristo, nosso Senhor vindo em seguida a aclamação da assembléia, que retoma a doxologia das Constituições Apostólicas.

 

ARTIGO 1 - "O RESUMO DE TODO O EVANGELHO"

RESUMINDO

2773     Atendendo ao pedido de seus discípulos ("Senhor, ensina-nos a orar": Lc 11,1), Jesus lhes confia a oração cristã funda­mental do Pai-Nosso.

2774     "A Oração dominical é realmente o resumo de todo o Evan­gelho", "a mais perfeita das orações" Está no centro das Escrituras.

2775     É chamada "Oração dominical" porque nos vem do Senhor; Jesus, Mestre e Modelo de nossa oração.

2776     A Oração dominical é a oração da Igreja por excelência. É parte integrante das grandes Horas do Oficio Divino e dos sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia. Integrada na Eucaristia, ela manifesta o caráter "escatológico" de seus pedidos, na esperança do Senhor, "até que Ele venha" (1 Cor 11,26):

 

ARTIGO 2 - "PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU"

RESUMINDO

2797     A confiança simples e fiel, a segurança humilde e alegre são as disposições que convêm a quem reza o Pai-Nosso.

2798     Podemos invocar a Deus como "Pai" porque o Filho de Deus feito homem no-lo revelou, Ele, em quem, pelo Batismo, somos incorporados e adotados como filhos de Deus.

2799     A oração do Senhor nos põe em comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, ela nos revela a nós mesmos.

2800     Rezar ao Pai "nosso" deve desenvolver em nós a vontade de nos assemelhar a Ele e (fazer crescer em nós) um coração humilde e confiante.

2801     Dizendo Pai Nosso, invocamos a Nova Aliança em Jesus Cristo, a comunhão com a Santíssima Trindade e a caridade divina que se estende, pela igreja, às dimensões do mundo.

2802     "Que estais nos céus" não designa um lugar, mas a majesta­de de Deus e sua presença no coração dos justos. O céu, a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual já pertencemos.

 

ARTIGO 3 - OS SETE PEDIDOS

RESUMINDO

2857     No "Pai-Nosso", os três primeiros pedidos têm por objeto a Glória do Pai: a santificação do Nome, a vinda do Reino e o cumprimento da Vontade divina. Os quatro seguintes apresen­tam-lhe nossos desejos: esses pedidos concernem à nossa vida, para nutri-la ou para curá-la do pecado, e se relacionam com nosso combate visando à vitória do Bem sobre o Mal.

2858     Ao pedir: "Santificado seja o vosso Nome" entramos no pla­no de Deus, a santificação de seu Nome - revelado a Moisés, depois em Jesus - por nós e em nós, bem como em todas as nações e em cada ser humano.

2859     Com o segundo pedido, a Igreja tem em vista principalmente a volta de Cristo e a vinda final do Reino de Deus, rezando também pelo crescimento do Reino de Deus no "hoje" de nossas vidas.

2860     No terceiro pedido rezamos ao nosso Pai para que una nossa vontade à de seu Filho, a fim de realizar seu plano de salvação na vida do mundo.

2861     No quarto pedido, ao dizer "Dai-nos", exprimimos, em comu­nhão com nossos irmãos, nossa confiança filial em nosso Pai do céu. "Pão Nosso" designa o alimento terrestre necessário à subsistência de todos nós e significa também o Pão de Vida:

Palavra de Deus e Corpo de Cristo. É recebido no "Hoje" de Deus como o alimento indispensável, (super) essencial do Banquete do Reino que a Eucaristia antecipa.

2862     O quinto pedido implora a misericórdia de Deus para nossas ofensas, misericórdia que só pode penetrar em nosso coração se soubermos perdoar nossos inimigos, a exemplo e com a ajuda de Cristo.

2863     Ao dizer "Não nos deixeis cair em tentação", pedimos a Deus que não nos permita trilhar o caminho que conduz ao pecado. Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza; solicita a graça da vigilância e a perseverança final.

2864     No último pedido, "mas livrai-nos do mal", o cristão pede  a Deus, com a Igreja, que manifeste a vitória, já alcançada por Cristo, sobre o "Príncipe deste mundo", sobre Satanás, o  anjo que se opõe pessoalmente a Deus e a seu plano salvação.

2865     Pelo "Amém" final exprimimos nosso 'fiat" em relação aos sete pedidos: "Que assim seja!"

 

 

Resumindo – 3ª Parte

Folha de Apresentação

A paz de Cristo

 
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Rev.2 de  dez/2003