Catecismo da Igreja Católica
QUARTA PARTE - A ORAÇÃO CRISTÃ
CAPÍTULO II
A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO
2650 A [§1]oração não se reduz ao surgir espontâneo de um impulso interior; para rezar é preciso querer. Não basta saber o que as Escrituras revelam sobre a oração; também é indispensável aprender a rezar. E é por uma transmissão viva (a sagrada Tradição) que o Espírito Santo, na "Igreja crente e orante[a2]", ensina os filhos de Deus a rezar.
2651 A [§3]tradição da oração cristã é uma das formas de crescimento da Tradição da fé, sobretudo pela contemplação e pelo estudo dos difíceis, que guardam em seu coração os acontecimentos e as palavras da Economia da salvação, e pela penetração profunda das realidades espirituais que eles experimentam[a4].
ARTIGO 1
NAS FONTES DA ORAÇÃO
2652 O[§5] Espírito Santo é "a água viva" que, no coração orante, “jorra para a Vida eterna[a6]". É Ele que nos ensina a haurir essa água na própria fonte: Cristo. Ora, existem na vida cristã fontes em que Cristo nos espera para nos dessedentar com o Espírito Santo.
A Palavra de Deus
2653 A [§7]Igreja "exorta todos os fiéis cristãos, com veemência e de modo peculiar... a que pela freqüente leitura das divinas Escrituras aprendam 'a eminente ciência de Jesus Cristo' Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada pela oração, a fim de que se estabeleça o colóquio entre Deus e o homem; pois 'a Ele falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos[a8]”.
2654 Os Padres espirituais, parafraseando Mt 7,7, resumem assim as disposições do coração alimentado pela Palavra de Deus na oração: "Procurai pela leitura, e encontrareis meditando; batei orando, e vos será aberto pela contemplação[a9]"
A Liturgia da Igreja
2655 A [§10]missão de Cristo e do Espírito Santo, que, na liturgia sacramental da Igreja, anuncia, atualiza e comunica o Mistério da salvação, prolonga-se no coração de quem reza. Os Padres espirituais comparam às vezes o coração a um altar. A oração interioriza e assimila a Liturgia durante e após sua celebração. Mesmo quando é vivida "no segredo" (Mt 6,6), a oração é sempre oração da Igreja, comunhão com a Santíssima Trindade[a11].
2656 Entramos na oração como entramos na Liturgia: pela porta estreita da fé. Por meio dos sinais de sua Presença, procuramos e desejamos a Face do Senhor, e é sua Palavra que queremos ouvir e guardar.
2657 O Espírito Santo, que nos ensina a celebrar a Liturgia na expectativa da volta de Cristo, nos educa a orar na esperança. Por sua vez, a oração da Igreja e a oração pessoal alimentam em nós a esperança. Especialmente os salmos, com sua linguagem concreta e variada, nos ensinam a fixar nossa esperança em Deus: "Esperei ansiosamente pelo Senhor, Ele se inclinou para mim e ouviu o meu grito" (Sl ,2). "Que o Deus da esperança vos cumule de toda alegria e paz em vossa fé, a fim de que pela ação do Espírito Santo a vossa esperança transborde" (Rm 15,13).
2658 "A [§13]esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado" (Rm 5,5). A oração, formada pela vida litúrgica, tudo haure do Amor com que somos amados em Cristo e que nos concede responder-lhe, amando como Ele nos amou. O Amor é a fonte de oração; quem dela bebe atinge o cume da oração:
Meu Deus, eu vos amo, e meu único desejo é amar-vos até o último suspiro de minha vida. Meu Deus infinitamente amável, eu vos amo e preferiria morrer amando-vos a viver sem vos amar. Senhor, eu vos amo, e a única graça que vos peço é amar-vos eternamente... Meu Deus, se minha língua não pode dizer a cada instante que eu vos amo, quero que meu coração vo-lo repita tantas vezes quantas eu respiro[a14].
"Hoje"
2659 Aprendemos [§15]a rezar em certos momentos ouvindo a Palavra do Senhor e participando de seu Mistério pascal, mas é em todos os tempos, nos acontecimentos de cada dia, que seu Espírito nos é oferecido para fazer jorrar a oração. O ensinamento de Jesus sobre a oração a nosso Pai está na mesma linha que o ensinamento sobre a Providência[a16]. O tempo está nas mãos do Pai; no presente é que nós o encontramos, nem ontem, nem amanhã, mas hoje: "Oxalá ouvísseis hoje a sua voz! Não endureçais vossos corações" (Sl 95,8).
2660 Orar [§17]nos acontecimentos de cada dia e de cada instante é um dos segredos do Reino revelados aos "pequeninos", aos servos de Cristo, aos pobres das bem-aventuranças. E justo e bom orar para que a vinda do Reino de justiça e de paz influa na marcha da história, mas é também importante modelar pela oração a massa das humildes situações do cotidiano. Todas as formas de oração podem ser esse fermento ao qual o Senhor compara o Reino[a18].
RESUMINDO
2661 É por uma transmissão viva, a Tradição, que,
na Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar.
2662 A Palavra de Deus, a liturgia da Igreja, as virtudes
da fé, esperança e caridade são fontes da oração.
ARTIGO 2
O CAMINHO DA ORAÇÃO
2663 Na [§19]tradição viva da oração, cada Igreja propõe aos fiéis, segundo o contexto histórico, social e cultural, a linguagem de Jesus na sua oração: palavras, melodias, gestos, iconografia. Cabe ao Magistério [a20]discernir a fidelidade desses caminhos de oração à tradição da fé apostólica, e compete aos pastores e aos catequistas explicar seu sentido, sempre relacionado com Jesus Cristo.
A oração ao Pai
2664 Não [§21] existe outro caminho da oração cristã senão Cristo. Seja a nossa oração comunitária ou pessoal, vocal ou interior, ela só tem acesso ao Pai se orarmos "em nome" de Jesus. A santa humanidade de Jesus é, portanto, o caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a orar a Deus, nosso Pai.
A oração a Jesus
2665 A [§22]oração da Igreja, alimentada pela Palavra de Deus, e a celebração da Liturgia nos ensinam a orar ao Senhor Jesus. Ainda que seja dirigida sobretudo ao Pai, ela inclui, em todas as tradições litúrgicas, formas de oração dirigidas a Cristo. Certos Salmos, conforme sua atualização na Oração da Igreja, e o Novo Testamento põem em nossos lábios e gravam em nossos corações as invocações desta oração a Cristo: Filho de Deus, Verbo de Deus, Senhor, Salvador, Cordeiro de Deus, Rei, Filho bem-amado, Filho da Virgem, Bom Pastor, nossa Vida, nossa Luz, nossa Esperança, nossa Ressurreição, Amigo dos homens...
2666 Mas [§23]o Nome que contém tudo é o que o Filho de Deus recebe em sua Encarnação: JESUS. O Nome divino é indizível pelos lábios humanos [a24], mas, assumindo nossa humanidade, o Verbo de Deus no-lo entrega e podemos invocá-lo: “Jesus", Javé salva'[a25]. O Nome de Jesus contém tudo: Deus e homem e toda a economia da criação e da salvação. Orar a "Jesus" e invocá-lo, chamá-lo em nós. Seu Nome é o único que contém a Presença que significa. Jesus é Ressuscitado, todo aquele que invoca seu nome acolhe o Filho de Deus que o amou e por ele se entregou[a26].
2667
Esta [§27]invocação de
fé muito simples foi desenvolvida na tradição da oração em várias formas no
Oriente e no Ocidente. A formulação mais comum, transmitida pelos monges do
Sinai, da Síria e do monte Athos é a invocação: "Jesus Cristo, Filho de
Deus, Senhor, tem piedade de nós, pecadores!" Esta associa o hino
cristológico de (Fl 2,6-11 com o pedido do publicano e dos mendigos da luz[a28]. Por ela, o
coração se põe em consonância com a miséria dos homens e com a Misericórdia de
seu Salvador.
2668
A [§29]invocação do
santo nome de Jesus é o caminho mais simples oração contínua. Muitas vezes
repetida por um coração humildemente atento, ela não se dispersa numa torrente
de palavras (Mc 6,7), mas "conserva a Palavra e produz fruto pela perseverança[a30].
É
possível "em todo tempo", pois não é uma ocupação ao lado de outra,
mas a única ocupação, a de amar a Deus, que anima e transfigura toda ação em
Cristo Jesus.
2669 A [§31]oração da
Igreja venera e honra o Coração de Jesus, como invoca o seu Santíssimo nome.
Adora o Verbo encamado e seu Coração, que por nosso amor se deixou traspassar
por nossos pecados. A oração cristã gosta de seguir o caminho da cruz
(Via-Sacra), seguindo o Salvador. As estações, do Pretório ao Gólgota e ao
Túmulo, marcam o caminho de Jesus, que resgatou o mundo por sua santa Cruz.
"Vinde, Espírito Santo"
2670 "Ninguém [§32]pode dizer 'Jesus é Senhor' a não ser no Espírito Santo" (1 Cor 12,3). Cada vez que começamos a orar a Jesus, é o Espírito Santo que, por sua graça proveniente, nos atrai ao caminho da oração. Se Ele nos ensina a orar recordando-nos Cristo, como não orar a Ele mesmo? Por isso, a Igreja nos convida a implorar cada dia o Espírito Santo, sobretudo no início e no fim de toda ação importante.
Se o Espírito não deve ser adorado, como é que Ele me diviniza pelo Batismo? E se Ele deve ser adorado, não deve ser o objeto de um culto particular[a33]?
2671 A forma tradicional para pedir a vinda do Espírito Santo é invocar o Pai por Cristo, nosso Senhor, para que nos dê o Espírito Consolador[a34]. Jesus insiste nesse pedido em seu nome exatamente no momento em que promete o dom do Espírito de Verdade[a35]. Mas a oração mais simples e mais direta é também tradicional: "Vinde, Espírito Santo", e cada tradição litúrgica a desenvolveu em antífonas e hinos:
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo de vosso amor[a36].
Rei celeste, Espírito Consolador, Espírito de Verdade, presente em toda parte e plenificando tudo, tesouro de todo bem e fonte da Vida, vinde, habitai em nós, purificai-nos e salvai-nos, ó Vós, que sois bom[a37]!
2672 O [§38]Espírito Santo, cuja Unção impregna todo o nosso ser, é o Mestre interior da oração cristã. E o artífice da tradição viva da oração. Sem dúvida, existem tantos caminhos na oração quantos orantes, mas é o mesmo Espírito que atua em todos e com todos. Na comunhão do Espírito Santo, a oração cristã se torna oração da Igreja.
Em comunhão com a Santa Mãe de Deus
2673 Na [§39]oração, o Espírito Santo nos une à Pessoa do Filho Único, em sua humanidade glorificada. Por ela e nela, nossa oração filial entra em comunhão, na Igreja, com a Mãe de Jesus[a40].
2674 A [§41]partir do consentimento dado na fé por ocasião da Anunciação e mantido sem hesitação sob a cruz, a maternidade de Maria se estende aos irmãos e às irmãs de seu Filho "que ainda são peregrinos e expostos aos perigos e às misérias[a42]”. Jesus, o único Mediador, é o Caminho de nossa oração; Maria, sua Mãe e nossa Mãe, é pura transparência dele. Maria "mostra o Caminho" ("Hodoghitria"), é seu "sinal” conforme a iconografia tradicional no Oriente e no Ocidente.
2675 A [§43]partir dessa cooperação singular de Maria com a ação do Espírito Santo, as Igrejas desenvolveram a oração à santa Mãe de Deus, centrando-a na Pessoa de Cristo manifestada em seus mistérios. Nos inúmeros hinos e antífonas que exprimem essa oração, alternam-se geralmente dois movimentos: um "exalta" o Senhor pelas "grandes coisas" que fez para sua humilde serva e, por meio dela, por todos os seres humanos[a44]; o outro confia à Mãe de Jesus as súplicas e louvores dos filhos de Deus, pois ela conhece agora humanidade que nela é desposada pelo Filho de Deus.
2676 Esse duplo movimento da oração a Maria encontrou uma expressão privilegiada na oração da Ave-Maria:
"Ave[§45], Maria (alegra-te, Maria)." A saudação do anjo Gabriel abre a oração da Ave-Maria. E o próprio Deus que, por intermédio de seu anjo, saúda Maria. Nossa oração ousa retomar a saudação de Maria com o olhar que Deus lançou sobre sua humilde serva[a46], alegrando-nos com a mesma alegria que Deus encontra nela[a47].
"Cheia de graça, o Senhor é convosco." As duas palavras de saudação do anjo se esclarecem mutuamente. Maria é cheia de graça porque o Senhor está com ela. A graça com que ela é cumulada é a presença daquele que é a fonte de toda graça. "Alegra-te, filha de Jerusalém... o Senhor está no meio de ti" (Sf 3,14.17a). Maria, em quem vem habitar o próprio Senhor, é em pessoa a filha de Sião, a Arca da Aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: ela é "a morada de Deus entre os homens" (Ap 21,3). "Cheia de graça", e toda dedicada àquele que nela vem habitar e que ela vai dar ao mundo.
"Bendita [§48]sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus." Depois da saudação do anjo, tornamos nossa a palavra de Isabel. "Repleta do Espírito Santo" (Lc 1,41), Isabel é a primeira na longa série das gerações que declaram Maria bem-aventurada[a49]: "Feliz [§50]aquela que creu..." (Lc 1,45): Maria é "bendita entre as mulheres" porque acreditou na realização da palavra do Senhor. Abraão, por sua fé, se tomou uma bênção para "todas as nações da terra" (Gn 12,3). Por sua fé, Maria se tomou a mãe dos que crêem, porque, graças a ela, todas as nações da terra recebem Aquele que é a própria bênção de Deus: "Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus".
2677 "Santa [§51]Maria, Mãe de Deus, rogai por nós..." Com Isabel também nós nos admiramos: "Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite?" (Lc 1,43). Porque nos dá Jesus, seu filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma: "Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela à vontade de Deus: "Seja feita a vossa vontade".
"Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte." Pedindo a Maria que reze por nós, reconhecemo-nos como pobres pecadores e nos dirigimos à "Mãe de misericórdia", à Toda Santa. Entregamo-nos a ela "agora", no hoje de nossas vidas. E nossa confiança aumenta para desde já entregar em suas mãos "a hora de nossa morte". Que ela esteja então presente, como na morte na Cruz de seu Filho, e que na hora de nossa passagem ela nos acolha como nossa Mãe[a52], para nos conduzir a seu Filho, Jesus, no Paraíso.
2678 A [§53]piedade medieval do Ocidente desenvolveu a oração do Rosário como alternativa popular à Oração das Horas. No Oriente, a forma litânica da oração "Acatisto" e da Paráclise ficou mais próxima do ofício coral nas Igrejas bizantinas, ao passo que as tradições armênia, copta e siríaca preferiram os hinos e os cânticos populares à Mãe de Deus. Mas na Ave-Maria, nos "theotokia", nos hinos de Sto. Efrém ou de S. Gregório de Narek, a tradição da oração é fundamentalmente a mesma.
2679 Maria [§54]é a Orante perfeita, figura da Igreja. Quando rezamos a ela, aderimos com ela ao plano do Pai, que envia seu Filho para salvar todos os homens. Como o discípulo bem-amado, acolhemos em nossa casa [a55]a Mãe de Jesus, que se tornou a mãe de todos os vivos. Podemos rezar com ela e a ela. A oração da Igreja é acompanhada pela oração de Maria, que lhe está unida na esperança[a56].
RESUMINDO
2680 A oração é dirigida sobretudo ao Pai; também
é dirigida ~ Jesus, sobretudo pela invocação de seu santo nome: "Jesus
Cristo, Filho de Deus, Senhor, tende piedade de nós, pecadores!"
2681 "Ninguém pode dizer: 'Jesus é Senhor',
a não ser no Espírito Santo" (1 Cor 12,3). A Igreja nos convida a invocar
o Espírito Santo como o Mestre interior da oração cristã.
2682 Em virtude da cooperação singular da Virgem
Maria com a ação do Espírito Santo, a Igreja gosta de rezar em comunhão com
ela, para exaltar com ela as grandes coisas que Deus realizou nela e para
confiar-lhe súplicas e louvores.
ARTIGO 3
GUIAS PARA A ORAÇÃO
Uma nuvem de testemunhas
2683 As [§57]testemunhas que nos precederam no Reino[a58], especialmente as que a Igreja reconhece como "santos", participam da tradição viva da oração pelo exemplo modelar de sua vida, pela transmissão de seus escritos e por sua oração hoje. Contemplam a Deus, louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra. Entrando "na alegria" do Mestre, eles foram "postos sobre o muito[a59]". Sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e pelo mundo inteiro.
2684 Na [§60]comunhão dos santos, desenvolveram-se, ao longo da história das Igrejas, diversas espiritualidades. O carisma pessoal de uma testemunha do Amor de Deus aos homens pôde ser transmitido, como "o espírito" de Elias a Eliseu[a61]” e a João Batista[a62], para que alguns discípulos tenham parte nesse espirito[a63]. Há uma espiritualidade igualmente na confluência de outras correntes, litúrgicas e teológicas, atestando a inculturação da fé num meio humano e em sua história. As espiritualidades cristãs participam da tradição viva da oração e são guias indispensáveis para os fiéis, refletindo, em sua rica diversidade, a pura e única Luz do Espírito Santo.
O Espírito é de fato o lugar dos santos, e o santo é para o Espírito um lugar próprio, pois se oferece para habitar com Deus e é chamado seu templo[a64].
Servidores da oração
2685 A [§65]família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é "a Igreja doméstica", onde os filhos de Deus aprendem a orar "como Igreja" e a perseverar na oração. Para as crianças, particularmente, a oração familiar cotidiana é o primeiro testemunho da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo.
2686 Os [§66]ministros ordenados também são responsáveis pela formação para a oração de seus irmãos e irmãs em Cristo. Servidores do bom Pastor que são, eles são ordenados para guiar o povo de Deus às fontes vivas da oração: a Palavra de Deus, a Liturgia, a vida teologal, o Hoje de Deus nas situações concretas[a67].
2687 Muitos [§68]religiosos consagraram toda a vida à oração. Desde o deserto do Egito, eremitas, monges e monjas consagraram seu tempo ao louvor de Deus e à intercessão por seu povo. A vida consagrada não se mantém e não se propaga sem a oração; esta é uma das fontes vivas da contemplação e da vida espiritual na Igreja.
2688 A [§69]catequese das crianças, dos jovens e adultos procura fazer com que a Palavra de Deus seja meditada na oração pessoal, atualizada na oração litúrgica e interiorizada em todo tempo, a fim de produzir seu fruto numa vida nova. A catequese é também o momento em que a piedade popular pode ser avaliada e educada[a70]. A memorização das orações fundamentais oferece um apoio indispensável à vida de oração, mas importa grandemente fazer com que saboreie o sentido das mesmas[a71].
2689 Os grupos de oração, e mesmo as "escolas de oração", são hoje um dos sinais e molas da renovação da oração na Igreja, contanto que se beba nas fontes autênticas da oração cristã. O cuidado com a comunhão é sinal da verdadeira oração na Igreja.
2690 O Espírito Santo dá a certos fiéis dons de sabedoria, de fé e de discernimento em vista do bem comum que é a oração (direção espiritual). Aqueles e aquelas que têm esses dons são verdadeiros servidores da tradição viva da oração:
Por isso, se a alma deseja avançar na perfeição, conforme o conselho de S. João da Cruz, deve "considerar bem em que mãos se entrega, pois, conforme o mestre, assim será o discípulo; conforme o pai, assim será o filho". E ainda: "O diretor deve não somente ser sábio e prudente, mas também experimentado... Se o guia espiritual não tem a experiência da vida espiritual, é incapaz de nela conduzir as almas que Deus chama, e nem sequer as compreenderá[a72]".
Lugares favoráveis à oração
2691 A [§73]Igreja, casa de Deus, é o lugar próprio para a oração litúrgica da comunidade paroquial. E também o lugar privilegiado da adoração da presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento. A escolha de um lugar favorável é importante para a verdade da oração:
ü para a oração pessoal, pode ser um "recanto de oração", com as Sagradas Escrituras e imagens sagradas, para aí estar "no segredo" diante do Pai[a74]. Numa família cristã, essa espécie de peque no oratório favorece a oração em comum;
ü nas regiões onde existem mosteiros, a vocação dessas comunidades é favorecer a partilha da Oração das Horas com os fiéis e permitir a solidão necessária a uma oração pessoal mais intensa[a75];
ü as peregrinações evocam nossa caminhada pela terra em direção ao céu. São tradicionalmente tempos fortes de renovação da oração. Os santuários são para os peregrinos, em busca de suas fontes vivas, lugares excepcionais para viver "como Igreja" as formas da oração cristã.
RESUMINDO
2692 Na oração, a Igreja peregrina é associada à
dos santos, cuja intercessão solicita.
2693 As diferentes espiritualidades cristãs
participam da tradição viva da oração e são guias preciosos para a vida
espiritual.
2694 A família cristã é o primeiro lugar da
educação à oração.
2695 Os ministros ordenados, a vida consagrada, a
catequese, os grupos de oração e a "direção espiritual" garantem na
Igreja uma ajuda à oração.
2696 Os lugares mais favoráveis à oração são o
oratório pessoal ou familiar, os mosteiros, os santuários de peregrinações e,
sobretudo, a igreja, que é lugar próprio da oração litúrgica para a comunidade
paroquial e o lugar privilegiado da adoração eucarística.
CAPÍTULO III.
A VIDA DE ORAÇÃO
2697 A [§76]oração é a vida do coração novo e deve nos animar a cada momento. Nós, porém, esquecemo-nos daquele que é nossa Vida e nosso Tudo. Por isso os Padres espirituais, na tradição do Deuteronômio e dos profetas, insistem na oração como "recordação de Deus", como um despertar freqüente da "memória do coração": "E preciso se lembrar de Deus com mais freqüência do que se respira[a77]". Mas não se pode orar "sempre", se não se reza em certos momentos, por decisão própria: são os tempos fortes da oração cristã, em intensidade e duração.
2698 A [§78]Tradição da Igreja propõe aos fiéis ritmos de oração destinados a nutrir a oração continua. Alguns são cotidianos: a oração da manhã e da tarde, antes e depois das refeições, a Liturgia das Horas. O domingo, centrado na Eucaristia, é santificado principalmente pela oração. O ciclo do ano litúrgico e suas grandes festas são os ritmos fundamentais da vida de oração dos cristãos.
2699 O [§79]Senhor conduz cada pessoa pelos caminhos e na maneira que lhe agradam. Cada fiel responde ao Senhor segundo a determinação de seu coração e as expressões pessoais de sua oração. Entretanto, a tradição cristã conservou três expressões principais da vida de oração: a oração vocal, a meditação, a oração contemplativa. Uma característica fundamental lhes é comum: o recolhimento do coração. Esta vigilância em guardar a Palavra e em permanecer na presença de Deus faz dessas três expressões tempos fortes da vida de oração.
ARTIGO 1
AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO
I. A oração vocal
2700 Deus [§80]fala ao homem por sua Palavra. É por palavras, mentais ou vocais, que nossa oração cresce. Mas o mais importante é a presença do coração naquele a quem falamos na oração. "Que a nossa oração seja ouvida depende não da quantidade das palavras, mas do fervor de nossas almas[a81]."
2701 A [§82]oração vocal é um dado indispensável da vida cristã. Aos discípulos, atraídos pela oração silenciosa do Mestre, este ensina uma oração vocal: o "Pai-Nosso". Jesus não só rezou as orações litúrgicas da sinagoga; os Evangelhos O mostram elevando a voz para exprimir sua oração pessoal, da bênção exultante do Pai [a83]até a angústia do Getsêmani[a84].
2702 Essa [§85]necessidade de associar os sentidos à oração interior responde a uma exigência de nossa natureza humana. Somos corpo e espírito, e sentimos a necessidade de traduzir exteriormente nossos sentimentos. É preciso rezar com todo o nosso ser para dar à nossa súplica todo o poder possível.
2703 Essa [§86]necessidade corresponde também a uma exigência divina. Deus procura adoradores em Espírito e Verdade e, por conseguinte, a oração que sobe viva das profundezas da alma. Ele também quer a expressão exterior que associa o corpo à oração interior, pois ela Lhe traz esta homenagem perfeita de tudo aquilo a que Ele tem direito.
2704 Sendo exterior e tão plenamente humana, a oração vocal é por excelência a oração das multidões. Mas também a oração mais interior não pode menosprezar a oração vocal. A oração se torna interior na medida em que tomamos consciência daquele "com quem falamos[a87]". Então a oração vocal é uma primeira forma da oração contemplativa.
II. A meditação
2705 A [§88]meditação é sobretudo uma procura. O espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã, a fim de aderir e responder ao que o Senhor pede. Para tanto, é indispensável uma atenção difícil de ser disciplinada. Geralmente, utiliza-se um livro, e os cristãos dispõem de muitos: as Sagradas Escrituras, especialmente o Evangelho, as imagens sacras, os textos litúrgicos do dia ou do tempo, os escritos dos Padres espirituais, as obras de espiritualidade, o grande livro da criação e o da história, a página do "Hoje" de Deus.
2706 Meditando no que lê, o leitor se apropria do conteúdo lido, confrontando-o consigo mesmo. Neste particular, outro livro está aberto: o da vida. Passamos dos pensamentos à realidade. Conduzidos pela humildade e pela fé, descobrimos os movimentos que agitam o coração e podemos discerni-los. Trata-se de fazer a verdade para se chegar à luz: "Senhor, que queres que eu faça?"
2707 Os [§89]métodos de meditação são tão diversos quanto os mestres espirituais. Um cristão deve querer meditar regularmente. Caso contrario, assemelha-se aos três primeiros terrenos da parábola do semeador[a90]. Mas um método é apenas um guia; o importante é avançar, com o Espírito Santo, pelo único caminho da oração: Jesus Cristo.
2708 A [§91]meditação mobiliza o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Essa mobilização é necessária para aprofundar as convicções de fé, suscitar a conversão do coração e fortificar a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã procura meditar de preferência "os mistérios de Cristo", como na "lectio (leitura) divina" ou no Rosário. Esta forma de reflexão orante é de grande valor, mas a oração cristã deve procurar ir mais longe: ao conhecimento de amor do Senhor Jesus, à união com Ele.
III. A oração mental
2709 O [§92]que é a oração mental? Sta. Teresa responde: "A oração mental, a meu ver, é apenas um relacionamento íntimo de amizade em que conversamos muitas vezes a sós com esse Deus por quem nos sabemos amados[a93]".
A oração mental busca "aquele que meu coração ama[a94]". É Jesus e, nele, o Pai. Ele é procurado porque desejá-lo é sempre o começo do amor, e é procurado na fé pura, esta fé que nos faz nascer dele e viver nele. Na oração, podemos ainda meditar; contudo, o olhar se fixa no Senhor.
2710 A [§95]escolha do tempo e da duração da oração mental depende de uma vontade determinada, reveladora dos segredos do coração. Não fazemos oração quando temos tempo: reservamos um tempo para sermos do Senhor, com a firme determinação de, durante o caminho, não o tomarmos de volta enquanto caminhamos, quaisquer que sejam as provações e a aridez do encontro. Nem sempre se pode meditar, mas sempre se pode estar em oração, independentemente das condições de saúde, trabalho ou afetividade. O coração é o lugar da busca e do encontro, na pobreza e na fé.
2711 Entrar [§96]em oração é algo análogo ao que ocorre na Liturgia Eucarística: reunir" o coração, recolher todo o nosso ser sob a moção do Espírito Santo, habitar na morada do Senhor (e esta morada somos nós), despertar a fé, para entrar na Presença daquele que nos espera, fazer cair nossas máscaras e voltar nosso coração para o Senhor que nos ama, a fim de nos 0 entregar a Ele como uma oferenda que precisa ser purificada e transformada.
2712 A [§97]oração é a prece do filho de Deus, do pecador perdoado que consente em acolher o amor com que é amado e que quer responder-lhe amando mais ainda[a98]. Esse pecador perdoado sabe, porém, que o amor com que responde é precisamente o que o Espírito derrama em seu coração, pois tudo é graça da parte de Deus. A oração é a entrega humilde e pobre à vontade amorosa do Pai, em união cada vez mais profunda com seu Filho bem-amado.
2713 Dessa [§99]forma, a oração mental é a expressão mais simples do mistério da prece. A oração é um dom, uma graça; não pode ser acolhida senão na humildade e na pobreza. A oração é uma relação de aliança estabelecida por Deus no fundo de nosso ser[a100]. A oração é comunhão: a Santíssima Trindade, nesta relação, conforma o homem, imagem de Deus, "a sua semelhança".
2714 A oração mental é também um tempo forte por excelência da prece. Na oração, o Pai nos "arma de poder por seu Espírito, para que se fortifique em nós o homem interior, para que Cristo habite em nossos corações pela fé e sejamos arraigados e fundados no amor".[a101]
2715 A [§102]contemplação é olhar de fé fito em Jesus. "Eu olho para Ele e Ele olha para mim", dizia, no tempo de seu santo pároco, o camponês de Ars em oração diante do Tabernáculo[a103]. Essa atenção a Ele é renúncia ao "eu". Seu olhar purifica o coração; A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos de nosso coração; ensina-nos a ver tudo na luz de sua verdade e de sua compaixão por todos os homens. A contemplação considera também os mistérios da vida de Cristo, proporcionando-nos "o conhecimento íntimo do Senhor", para mais O amar e seguir[a104].
2716 A [§105]oração mental é escuta da Palavra de Deus. Longe de ser passiva, essa escuta é a obediência da fé, acolhida incondicional do servo e adesão amorosa do filho. Participa do "sim" do Filho que se tornou Servo e do "Fiat" de sua humilde serva.
2717 A [§106]oração mental é silêncio, este "símbolo do mundo que vem [a107]ou "amor silencioso[a108]. As palavras na oração não são discursos, mas gravetos que alimentam o fogo do amor. É neste silêncio, insuportável ao homem "exterior", que o Pai nos diz seu Verbo encarnado, sofredor, morto e ressuscitado e que o Espírito filial nos faz participar na oração de Jesus.
2718 A oração mental é união â prece de Cristo na medida em nos faz participar de seu Mistério. O Mistério de Cristo é celebrado pela Igreja na Eucaristia, e o Espírito o faz viver na oração para que esse Mistério seja manifestado pela caridade em ato.
2719 A [§109]oração mental é uma comunhão de amor portadora de Vida para a multidão, na medida em que ela é consentimento a habitar na noite da fé. A Noite pascal da Ressurreição passa pela da agonia e do túmulo. São esses três tempos fortes da Hora de Jesus que, seu Espírito (e não a "carne, que é fraca") faz viver na oração. E preciso consentir em "vigiar uma hora com ele[a110]".
RESUMINDO
2720 A Igreja convida os fiéis a uma oração
regular: orações diárias, Liturgia das Horas, Eucaristia dominical, festas do
ano litúrgico.
2721 A tradição cristã compreende três expressões
maiores da vida de oração: a oração vocal, a meditação e a oração mental. Estas
têm em comum o recolhimento do coração.
2722 A oração vocal, fundada na união do corpo e
do espírito na natureza humana, associa o corpo á oração interior do coração,
a exemplo de Cristo, que reza a seu Pai e ensina o "Pai-Nosso" a seus
discípulos.
2723 A meditação é uma busca orante que põe em
ação o pensamento, a imaginação, a emoção, o desejo. Tem por finalidade a
apropriação crente do assunto meditado, confrontado com a realidade de nossa
vida.
2724 A oração mental é a expressão simples do
mistério da oração. E um olhar de fé fito em Jesus, uma escuta da Palavra de Deus, um silencioso amor.
Realiza a união à oração de Cristo na medida em que nos faz participar de seu
Mistério.
ARTIGO 2
O COMBATE DA ORAÇÃO
2725 A [§111]oração é um dom da graça e uma resposta decidida de nossa parte. Supõe sempre um esforço. Os grandes orantes da Antiga Aliança antes de Cristo, como também a Mãe de Deus e os santos com Ele, nos ensinam: a oração é um combate. Contra quem? Contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador, que tudo faz para desviar o homem da oração, da união com seu Deus. Reza-se como se vive, porque se vive como se reza. Se não quisermos habitualmente agir segundo o Espírito de Cristo, também não poderemos habitualmente rezar em seu Nome. O "combate espiritual" da vida nova do cristão é inseparável do combate da oração.
I. As objeções à oração
2726 No [§112]combate da oração, devemos enfrentar, em nós mesmos e à nossa volta, concepções errôneas da oração. Algumas vêem nela uma simples operação psicológica; outras, um esforço de concentração para se chegar ao vazio mental. Algumas a codificam em atitudes e palavras rituais. No inconsciente de muitos cristãos, rezar é uma ocupação incompatível com tudo o que eles devem fazer: não têm tempo. Os que procuram a Deus pela oração desanimam depressa, porque ignoram que a oração também procede do Espírito Santo e não apenas deles.
2727 Devemos [§113]também enfrentar mentalidades "deste mundo" que nos contaminam se não formos vigilantes, por exemplo: a afirmação de que o verdadeiro seria apenas o que é verificado pela razão e pela ciência (rezar, pelo contrário, é um mistério que ultrapassa nossa consciência e nosso inconsciente); os valores de produção e rendimento (a oração, sendo improdutiva, é inútil); o sensualismo e o bem-estar material, considerados como critério da verdade, do bem e da beleza (a oração, porém, "amor da Beleza" [filocalia, é enamorada da glória do Deus vivo e verdadeiro); em reação contra o ativismo, a oração é apresentada como fuga do mundo (a oração cristã, no entanto, não é um sair da história nem está divorciada da vida).
2728 Enfim, nosso combate deve enfrentar aquilo que sentimos como nossos fracassos na oração: desânimo diante de nossa aridez, tristeza por não ter dado tudo ao Senhor, por ter ''muitos bens[a114]", decepção por não ser atendidos segundo nossa vontade própria, insulto ao nosso orgulho (o qual não aceita nossa indignidade de pecadores), alergia à gratuidade da oração etc. A conclusão é sempre a mesma: para que rezar? Para superar esses obstáculos é preciso lutar para ter a humildade, a confiança, a perseverança.
II. A humilde vigilância do coração
DIANTE DAS DIFICULDADES DA ORAÇÃO
2729 A [§115]dificuldade comum de nossa oração é a distração. Esta pode referir-se às palavras e ao seu sentido, na oração vocal. Pode, porém, referir-se mais profundamente àquele a quem oramos, na oração vocal (1itúrgica ou pessoal), na meditação e na oração mental. Perseguir obsessivamente as distrações seria cair em suas armadilhas, já que e suficiente o voltar ao nosso coração: uma distração nos revela aquilo a que estamos amarrados, e essa tomada de consciência humilde diante do Senhor deve despertar nosso amor preferencial por Ele, oferecendo-lhe resolutamente nosso coração, para que Ele o purifique. Aí se situa o combate: a escolha do Senhor a quem servir[a116].
2730 Positivamente[§117], o combate contra nosso "eu" possessivo e dominador é a vigilância, a sobriedade do coração. Quando Jesus insiste na vigilância, ela está sempre relacionada com Ele, com sua vinda, com o último dia e com cada dia: "hoje". O Esposo vem no meio da noite; a luz que não deve ser extinta é a da fé: "Meu coração diz a teu respeito: 'Procurai a sua face"' (Sl 27,8).
2731 Outra [§118]dificuldade, especialmente para aqueles que querem sinceramente orar, é a aridez. Esta acontece na oração, quando o coração está desanimado, sem gosto com relação aos pensamentos, às lembranças e aos sentimentos, mesmo espirituais. E o momento da fé pura que se mantém fielmente com Jesus na agonia e no túmulo. "Se o grão de trigo que cai na terra morrer, produzirá muito fruto" (Jo 12,24). Se a aridez é causada pela falta de raiz, porque a Palavra caiu sobre as pedras, o combate deve ir na linha da conversão[a119].
DIANTE DAS TENTAÇÕES NA ORAÇÃO
2732 A [§120]tentação mais comum, mais oculta, é nossa falta de fé, que se exprime não tanto por uma incredulidade declarada quanto por uma opção de fato. Quando começamos a orar, mil trabalhos ou cuidados, julgados urgentes, apresentam-se como prioritários; de novo, é o momento da verdade do coração e de seu amor preferencial. Com efeito, voltamo-nos para o Senhor como o último recurso: mas de fato acreditamos nisso? As vezes tomamos o Senhor como aliado, mas o coração ainda está na presunção. Em todos os casos, nossa falta de fé revela que não estamos ainda na disposição do coração humilde: "Sem mim, nada podeis fazer" (Jo 15,5).
2733 Outra [§121]tentação, cuja porta é aberta pela presunção, é a acídia (chamada também "preguiça"). Os Padres espirituais entendem esta palavra como uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, à diminuição da vigilância, à negligência do coração. "O espírito está pronto, mas a carne é fraca" (Mt 26,). Quanto mais alto se sobe, tanto maior a queda. O desânimo doloroso é o inverso da presunção. Quem é humilde não se surpreende com sua miséria Passa então a ter mais confiança, a perseverar na constância.
III. A confiança filial
2734 A [§122]confiança filial é experimentada - e se prova - na tribulação[a123]. A dificuldade principal se refere à oração de súplica por si ou pelos outros, na intercessão. Alguns deixam até de orar porque, pensam eles, seu pedido não é ouvido. Aqui surgem duas questões: por que pensamos que nosso pedido não foi ouvido? De que maneira é atendida, ou é "eficaz", nossa oração?
POR QUE NOS LAMENTAR POR NÃO SERMOS ATENDIDOS?
2735 Um [§124]fato deveria provocar admiração em nós. Quando louvamos a Deus ou lhe damos graças pelos benefícios em geral, pouco nos preocupamos em saber se nossa oração lhe é agradável. Em compensação, temos a pretensão de ver o resultado de nosso pedido. Qual é, pois, a imagem de Deus que nos motiva à oração? Um meio a utilizar ou o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo?
2736 Estamos [§125]acaso convencidos de que "nem sabemos o que convém pedir" (Rm 8,26)? Pedimos a Deus "os bens convenientes"? Nosso Pai sabe do que precisamos, antes de lho pedirmos[a126], mas espera nosso pedido porque a dignidade de seus filhos está precisamente em sua liberdade. Mas é preciso rezar com seu Espírito de liberdade para poder conhecer na verdade o seu desejo[a127].
2737 "Não possuís porque não pedis. Pedis, mas não recebeis, porque pedis mal, com o fim de gastardes nos vossos prazeres" (Tg 4,2-3). [a128]Se pedimos com um coração dividido, "adúltero[a129]" Deus não nos pode ouvir, porque deseja nosso bem, nossa vida. "Ou julgais que é em vão que a Escritura diz: Ele reclama com ciúme o espírito que pôs dentro de nós (Tg 4,5)?" Nosso Deus é "ciumento" de nós, o que é o sinal da verdade de seu amor. Entremos no desejo de seu Espírito e seremos ouvidos:
Não te aflijas se não recebes imediatamente de Deus o que lhe pedes: pois Ele quer fazer-te um bem ainda maior por tua perseverança em permanecer com Ele na oração[a130]. Ele quer que nosso desejo seja provado na oração. Assim Ele nos prepara para receber aquilo que Ele está pronto a nos dar[a131].
DE QUE MANEIRA É EFICAZ NOSSA ORAÇÃO?
2738 A [§132]revelação da oração na economia da salvação nos ensina que a fé se apóia na ação de Deus na história. A confiança filial é suscitada por sua ação por excelência: a Paixão e a Ressurreição de seu Filho. A oração cristã é cooperação com sua Providência, com seu plano de amor para os homens.
2739 Em [§133]S. Paulo, esta confiança é audaciosa[a134], fundada na oração do Espírito em nós e no amor fiel do Pai, que nos deu seu Filho único[a135]. A transformação do coração que reza é a primeira resposta a nosso pedido.
2740 A [§136]oração de Jesus faz da oração cristã uma súplica eficaz. É Ele o seu modelo. Jesus reza em nos e conosco. Já que o coração do Filho não busca senão o que agrada ao Pai, como haveria (o coração dos filhos adotivos) de apegar-se mais aos dons do que ao Doador?
2741 Jesus [§137]também reza por nós, em nosso lugar e em nosso favor. Todos os nossos pedidos foram recolhidos uma vez por todas em seu Grito na Cruz e ouvidos pelo Pai em sua Ressurreição, e por isso Ele não deixa de interceder por nós junto do Pai[a138]. Se nossa oração está resolutamente unida à de Jesus, na confiança e na audácia filial, obteremos tudo o que pedimos em seu nome; bem mais do que pequenos favores, receberemos o próprio Espírito Santo, que possui todos os dons.
IV. Perseverar no amor
2742 “Orai [§139]sem cessar" (1 Ts 5,17), "sempre e por tudo dando graças a Deus Pai, em nome de nosso Senhor, Jesus Cristo" (Ef 5,20), "com orações e súplicas de toda sorte, orai em todo tempo, no Espírito e, para isso, vigiai com toda perseverança e súplica por todos os santos" (Ef 6,18). "Não nos foi prescrito que trabalhemos, vigiemos e jejuemos constantemente, enquanto, para nós, é lei rezar sem cessar." [a140]Esse ardor incansável só pode provir do amor. Contra nossa pesada lentidão e preguiça, o combate da oração é o do amor humilde, confiante e perseverante. Esse amor abre nossos corações para três evidências de fé, luminosas e vivificantes:
2743 Orar é sempre possível: o tempo do cristão é o de Cristo ressuscitado que "esta conosco todos os dias" (Mt 28,20), apesar de todas as tempestades[a141]. Nosso tempo está nas mãos de Deus:
É possível até no mercado ou num passeio solitário fazer uma oração freqüente e fervorosa. Sentados em vossa loja, comprando ou vendendo, ou mesmo cozinhando[a142].
2744 Orar é uma necessidade vital. A prova contrária não é menos convincente: se não nos deixarmos levar pelo Espírito, cairemos de novo na escravidão do pecado[a143]. Como o Espírito Santo pode ser "nossa Vida", se nosso coração está longe dele?
Nada se compara em valor à oração; ela toma possível o que é impossível, fácil o que é difícil. E impossível que caia em pecado o homem que reza[a144].
Quem reza certamente se salva; quem não reza certamente se condena[a145].
2745 Oração [§146]e vida cristãs são inseparáveis, pois se trata do mesmo amor e da mesma renúncia que procede do amor. Trata-se da mesma conformidade filial e amorosa ao plano de amor do Pai; da mesma união transformadora no Espírito Santo, a qual nos conforma sempre mais a Cristo Jesus; trata-se do mesmo amor por todos os homens, aquele amor com que Jesus nos amou. "Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome Ele vos dará. Isto vos mando: amai-vos uns aos outros" (Jo 15,16-17).
Ora sem cessar aquele que une a oração às obras e as obras à oração. Somente dessa forma podemos considerar como realizável o principio de orar sem cessar[a147].
V. A oração da Hora de Jesus
2746 Quando [§148]chega sua Hora, Jesus ora ao Pai[a149]. Sua oração, a mais longa transmitida pelo Evangelho, abarca toda a economia da criação e da salvação, como sua Morte e Ressurreição. A oração da Hora de Jesus é sempre a sua, assim como sua Páscoa, acontecida "uma vez por todas", estará sempre presente na Liturgia de sua Igreja.
2747 A tradição cristã a chama com toda propriedade a oração "sacerdotal" de Jesus. E a oração de nosso Sumo Sacerdote, inseparável de seu Sacrifício, de sua "passagem" [páscoa] para o Pai, onde Ele é "consagrado" inteiramente ao Pai[a150].
2748 Nessa [§151]oração pascal, sacrifical, tudo é "recapitulado" nele[a152]: Deus e o mundo, o Verbo e a carne, a vida eterna e o tempo, o amor que se entrega e o pecado que o trai, os discípulos presentes e aqueles que crerão nele por meio da palavra deles, a humilhação e a glória. E a oração da Unidade.
2749 Jesus [§153]realizou toda a obra do Pai, e sua oração, como seu Sacrifício, se estende até a consumação dos tempos. A oração da Hora enche os últimos tempos e os leva até sua consumação. Jesus, o Filho a quem o Pai deu tudo, está todo entregue ao Pai e, ao mesmo tempo, se exprime com uma liberdade soberana[a154], em virtude do poder que o Pai lhe deu sobre toda carne. O Filho, que se tomou Servo, é o Senhor, o Pantocrátor (o Todo-Poderoso). Nosso Sumo Sacerdote, que por nós reza é também aquele que ora em nós e o Deus que nos ouve.
2750 E [§155]entrando no santo nome do Senhor Jesus que podemos acolher, interiormente, a oração que Ele nos ensina: "Pai nosso!” Sua oração sacerdotal inspira os grandes pedidos do Pai-Nosso: a solicitude pelo nome do Pai[a156], a paixão por seu Reino (a glória), [a157]o cumprimento da vontade do Pai, de seu plano de salvação[a158], e a libertação do mal[a159].
2751 Por [§160]fim, é nesta oração que Jesus nos revela e nos dá o "conhecimento" indissociável do Pai e do Filho[a161], que é o próprio mistério da Vida de oração.
RESUMINDO.
2752 A oração supõe um esforço e uma luta contra nós mesmos e contra os embustes do Tentador. O combate da oração é inseparável do "combate espiritual" necessário para agir habitualmente segundo o Espírito de Cristo: reza-se como se vive, porque se vive como se reza.
2753 No combate da oração devemos enfrentar concepções errôneas, diversas correntes de mentalidade, a experiência de nossos fracassos. A essas tentações que lançam dúvida sobre a utilidade ou a própria possibilidade da oração convém responder pela humildade, confiança e perseverança.
2754 As dificuldades principais no exercício da oração são a distração e a aridez. O remédio está na fé, na conversão e na vigilância do coração.
2755 Duas tentações freqüentes ameaçam a oração: a falta de fé e a acídia, que é uma forma de depressão devida ao relaxamento da ascese, que leva ao desânimo.
2756 A confiança filial é posta â prova quando temos o sentimento de não ser sempre ouvidos. O Evangelho nos convida a nos interrogar sobre a conformidade de nossa oração com o desejo do Espírito.
2757 "Orai sem cessar" (1 Ts 5,17). Rezar sempre é possível. É mesmo uma necessidade vital. Oração e vida cristã são inseparáveis.
2758 A oração da Hora de Jesus, chamada com propriedade "oração sacerdotal[a162], recapitula toda a Economia da criação e da salvação e inspira os grandes pedidos do "Pai-Nosso".
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Rev.2 de dez/2003
[§1]75
[a2]Cf Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 8: AAS 58 (1966) 821.
[§3] 94
[a4]Cf Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 8: AAS 58 (1966) 821.
[§5] 694
[a6]Cf Jo 4,14.
[§7]133,1100
[a8]Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 25: AAS 58 (1966) 829; cf Santo Ambrósio, De officiis ministrorum, 1, 88: ed. N. Testard (Paris 1984) p. 138 (PL 16, 50).
[a9]Guigo il Certosino, Scala claustralium, 2, 2: PL 184, 476. Tuttavia queste parole non sono recepite nel testo dell'edizione critica SC 163, 84; vedi ivi l'apparato critico.
[§10] 1073,368
[a11]Cf Princípios e normas para a Liturgia das Horas, 9: Liturgia delle Ore, v. 1 (Livraria Editora Vaticana 1981) p. 31.
[§12] 1812-1829
[§13]826
[a14]São João Maria Vianney,
Oratio, in B. Nodet, Le Curé d'Ars. Sa pensée-son cœur (Le Puy 1966) p. 45.
[§15] 1165,2837,305
[a16]Cf Mt 6,11.34.
[§17] 2546,2632
[a18]Cf Lc 13,20-21
[§19] 1201
[a20]Cf Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Dei Verbum, 10: AAS 58 (1966) 822.
[§21] 2780
[§22]451
[§23] 432,435
[a24]Cf Ex 3,14; 33,19-23.
[a25]Cf Mt 1,21.
[a26]Cf Rm 10,13; At 2,21; 3,15-16; Gl 2,20.
[§27]2616
[a28]Cf Lc 18,13; Mc 10,46-52.
[§29] 435
[a30]Cf Lc 8,15.
[§31] 478,1674
[§32]686,2001,1310
[a33]São Gregório Nazianzeno, Oração 31 (theologica 5), 28: SC 250, 332 (PG 36, 165)
[a34]Cf
Lc 11,13.
[a35]Cf Jo 14,17; 15,26; 16,13.
[a36]Domingo de Pentecostes, Antifona al « Magnificat » das primeiras Vésperas: Liturgia das Horas, v. 2 (Livraria Editora Vaticana 1981) p. 923; cf Domenica de Pentecoste, Alla Messa del giorno, Sequenza: Lezionario domenicale e festivo (Livraria Editora Vaticana 1972) p. 216. 582. 946.
[a37]Ofício das Horas bizantino, Vésperas do dia de Pentecostes, Stico 4: A, (Roma 1884) p. 394.
[§38] 695
[§39] 689
[a40]Cf At 1,14.
[§41] 494
[a42]Cf Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen gentium, 62: AAS 57 (1965) 63.
[§43] 970,512,2619
[a44]Cf Lc 1,46-55.
[§45]490
[a46] Lc 1, 48 porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão,
[a47] Sf 3,17 Javé, o seu Deus, o valente libertador, está no meio de você. Por causa de você, ele está contente e alegre e renova o seu amor por você; está dançando de alegria por sua causa,
[§48]490
[a49]Cf Lc 1,48.
[§50] 435,146
[§51] 495,1020
[a52] Jo 19, 27 Depois disse ao discípulo: «Eis aí
a sua mãe.» E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa.
[§53] 971,1674
[§54]967,972
[a55] Jo 19, 27
[a56]Cf Concilio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen gentium, 68-69: AAS 57(1965) 66-67.
[§57] 956
[a58]Cf Hb 12,1.
[a59]Cf Mt 25,21.
[§60] 917,919,1202
[a61]Cf 2 Rs 2,9.
[a62]Cf Lc 1,17.
[a63]Cf Concilio Vaticano II, Decreto Perfectae caritatis, 2: AAS 58 (1966) 703.
[a64]São Basílio Magno, Livro de Espírito Santo, 26, 62: SC 17bis, 472 (PG 32, 184).
[§65]1657
[§66] 1547
[a67]Cf Concilio Vaticano II, Decreto Presbyterorum ordinis, 4-6: AAS 58 (1966) 995-1001.
[§68] 916
[§69]1674
[a70]Cf João Paulo II, Exortação apostólica Catechesi tradendae, 54: AAS 71 (1979) 1321-1322.
[a71]Cf João Paulo II, Exortação apostólica Catechesi tradendae, 55: AAS 71 (1979) 1322-1323.
[a72] São João da Cruz, chama de amor viva, segunda redação, stropha 3, declaratio, 30: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 13 (Burgos 1931) p. 171.
[§73] 1181,2097,1379,1175,1674
[a74]Cf Mt 6,6.
[a75]Cf Concilio Vaticano II, Decreto Perfectae caritatis, 7: AAS 58 (1966) 705.
[§76]1099
[a77]São Gregório Nazianzeno, Oração 27 (theologica 1), 4: SC 250, 78 (PG 36, 16).
[§78] 1168,1174,2177
[§79]2563
[§80]1176
[a81]São João Crisóstomo, De Ana, sermão 2, 2: PG 54, 646.
[§82]
2603,612
[a83]Cf Mt 11,25-26.
[a84]Cf Mc 14,36.
[§85]1146
[§86]2097
[a87]Cf Santa Teresa de Jesus, Caminho da perfeição, 26: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 3 (Burgos 1916) p. 122.
[§88]158,127
[§89]2690,2664
[a90]Cf Mc 4,4-7.15-19.
[§91] 516,2678
[§92]2562-2564
[a93]Santa Teresa de Jesus, Livro da vida, 8: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 1 (Burgos 1915) p. 57.
[a94]Cf Ct 3,1-4.
[§95] 2726
[§96] 1348,2100
[§97]2822
[a98]Cf Lc 7,36-50; 19,1-10.
[§99]2559
[a100]Cf Jr 31,33.
[a101]Cf Ef 3,16-17.
[§102] 1380,521
[a103]Cf F. Trochu, o Cura d'Ars S.João Maria Vianney (Lyon-Paris 1927) p. 223-224.
[a104]Cf Santo Inácio de Loiola, Exercitia spiritualia, 104: MHSI 100, 224.
[§105] 494
[§106] 533,498
[a107]Santo Isaac de Ninive, Tractatus mystici, 66:
ed. A.J. Wensinck (Amsterdam 1923) p. 315; ed. P. Bedjan (Parigi-Lipsia 1909)
p. 470.
[a108]São João da Cruz, Carta, 6: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 13 (Burgos 1931) p. 262.
[§109] 165,2730
[a110]Cf Mt 26,40-41
[§111] 2612,409,2015
[§112] 2710
[§113] 37,2500
[a114]Cf Mc 10,22
[§115] 2711
[a116]Cf Mt 6,21.24.
[§117]2659
[§118] 1426
[a119]Cf Lc 8,6.13.
[§120] 2609,2089,2092,2074
[§121] 2094,2559
[§122] 2629
[a123]Cf Rm 5,3-5.
[§124] 2779
[§125] 2559,1730
[a126]Cf Mt 6,8.
[a127]Cf Rm 8,27.
[a128]Cf todo o contexto Tg 1,5-8; 4,1-10; 5,16.
[a129]Cf Tg 4,4.
[a130]Evágrio Pôntico, De oratione, 34: PG 79, 1173.
[a131]Santo Agostinho, Epistula 130, 8, 17: CSEL 44, 59 (PL 33, 500).
[§132]2568,307
[§133] 2778
[a134]Cf Rm 10,12-13.
[a135]Cf Rm 8,26-39.
[§136]2604
[§137] 2606,2614
[a138]Cf Hb 5,7; 7,25; 9,24
[§139] 2098,162
[a140]Evágrio Pôntico, Capita practica ad Anatolium, 49: SC 171, 610 (PG 40, 1245).
[a141]Cf Lc 8,24.
[a142]São João Crisóstomo, De Anna, sermo 4, 6: PG 54, 668.
[a143]Cf Gl 5,16-25.
[a144]São João Crisóstomo, De Anna, sermo 4, 5: PG 54, 666.
[a145]Santo Alonso Maria de Ligório, “Del gran mezzo della preghiera”, parte 1, c. 1, ed. G. Cacciatore (Roma 1962) p. 32.
[§146] 2660
[a147]Origines, oração, 12, 2: GCS 3, 324-325 (PG 11, 452).
[§148] 1085
[a149]Cf Jo 17.
[a150]Cf Jo 17,11.13.19.
[§151] 518,820
[a152]Cf Ef 1,10.
[§153] 2616
[a154]Cf Jo 17,11.13.19.24.
[§155] 2815
[a156]Cf Jo 17,6.11.12.26.
[a157]Cf Jo 17,1.5.10.22.23-26.
[a158]Cf Jo 17,2.4.6.9.11.12.24.
[a159]Cf Jo 17,15.
[§160]740
[a161]Cf Jo 17,3.6-10.25.
[a162]Cf Jo 17.