Maria no Catecismo da Igreja Católica

IGREJA E MARIA

1      Igreja atinge a perfeição em Maria

§ 829     "Enquanto na beatíssima Virgem a Igreja já  atingiu a perfeição, pela qual existe sem mácula e sem ruga, os cristãos ainda se esforçam por crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso elevam seus olhos a Maria[a1] " ela, a Igreja é já  a toda santa.

2      Lugar de Maria no mistério da Igreja

§ 773     Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela "caridade que nunca passará" (1 Cor 13,8) é a finalidade que comanda tudo o que nela é meio sacramental ligado ao mundo presente que passa[a2] . Sua estrutura se ordena integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo. E a santidade é medida segundo o 'grande mistério', em que a  Esposa responde com o dom do amor ao dom do Esposo[a3] . Maria nos precede a todos na santidade que é o mistério da Igreja como "a Esposa sem mancha nem ruga[a4] ". Por isso, "a dimensão marial da Igreja antecede sua dimensão petrina[a5] ".

MARIA - MÃE DE CRISTO, MÃE DA IGREJA

§963      Depois de termos falado do papel da Virgem Maria no mistério de Cristo e do Espírito, convém agora considerar lugar dela no mistério da Igreja. "Com efeito, a Virgem Maria (...) é reconhecida e honrada como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. (...). Ela é também verdadeiramente 'Mãe dos membros [de Cristo] (...), porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça'[a6] ." (...) Maria, Mãe de Cristo, Mãe da Igreja[a7] .

              I. A maternidade de Maria com relação à Igreja

              TOTALMENTE UNIDA A SEU FILHO...

§964      O papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união com Cristo, decorrendo diretamente dela (dessa união), "Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua morte[a8] ." Ela é particularmente manifestada na hora da paixão de Jesus:

A bem-aventurada Virgem avançou em sua peregrinação de fé, manteve fielmente sua união com o Filho até a cruz, onde esteve de pé não sem desígnio divino, sofreu intensamente junto com seu unigênito. E com ânimo materno se associou a seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima ela por gerada. Finalmente, pelo próprio Jesus moribundo na cruz, foi dada como mãe ao discípulo com estas palavras: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo 19,26-27[a9] ).

§965      Após a ascensão de seu Filho, Maria "assistiu com suas orações a Igreja nascente[a10] . Reunida com os apóstolos e algumas mulheres, "vemos Maria pedindo, também ela, com suas orações, o dom do Espírito, o qual, na Anunciação, a tinha coberto com sua sombra[a11] ".

...TAMBÉM EM SUA ASSUNÇÃO...

§966      "Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo[a12] ." A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos:

Em vosso parto, guardastes a virgindade; em vossa dormição, não deixastes o mundo, ó mãe de Deus: fostes juntar-vos à fonte da vida, vós que concebestes o Deus vivo e, por vossas orações, livrareis nossas almas da morte[a13] ....

... ELA E NOSSA MÃE NA ORDEM DA GRAÇA

§967      Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Com isso, ela é "membro supereminente e absolutamente único da Igreja[a14] ", sendo até a "realização exemplar (typus)" da Igreja[a15] .

§968      Mas seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. "De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça[a16] ."

§969      "Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz resolutamente manteve, até a perpétua consumação de todos os eleitos. Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da  salvação eterna. (...) Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora. protetora, medianeira[a17] ."

§970      "A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem (...) deriva dos superabundantes méritos de Cristo, estriba-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a sua força[a18] ." "Com efeito, nenhuma criatura jamais pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a  única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas uma variegada cooperação que participa de uma única fonte[a19] ."

II- O culto da Santíssima Virgem

§971      "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48): "A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão[a20] ". A Santíssima Virgem "é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja. Com efeito desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de 'Mãe de Deus', sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e necessidades (...) Este culto (...) embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encanado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente[a21] "; este culto encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus [a22] e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário, "resumo de todo o Evangelho[a23] ".

III. Maria - ícone escatológico da Igreja

§972      Depois de termos falado da Igreja, de sua origem, de sua missão e de seu destino, a melhor maneira de concluir é voltar o olhar para Maria, a fim de contemplar nela (Maria) o que é a Igreja em seu mistério, em sua "peregrinação da fé", e o que ela (Igreja) será  na pátria ao termo final de sua caminhada, onde a espera, "na glória da Santíssima e indivisível Trindade", "na comunhão de todos os santos[a24] [a25] ", aquela que a Igreja venera como a Mãe de seu Senhor e como sua própria Mãe:

              Assim como no céu, onde já  está  glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus representa e inaugura a Igreja em sua consumação no século futuro, da mesma forma nesta terra, enquanto aguardamos a vinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperança segura e consolação para o Povo de Deus em peregrinação.

3      Maria, realização exemplar e typus da Igreja

§ 967     Por sua adesão total à vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Com isso, ela é "membro supereminente e absolutamente único da Igreja[a26] ", sendo até a "realização exemplar (typus)" da Igreja[a27] .

4      Maternidade espiritual de Maria

§ 501     Jesus é o Filho Único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria [a28] estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: "Ela gerou seu Filho, do qual Deus fez “o primogênito entre uma multidão de irmãos” (Rm 8,29), isto é, entre os fiéis, em cujo nascimento e educação Ela coopera com amor materno[a29] .

 

Paulo VI : “Culto à Virgem Maria”

Maria, Mãe de Cristo pelo Espírito Santo

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Maria na Economia da Salvação

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 [a1] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 65

 [a2] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 48.

 [a3]Conforme Carta Apostólica de João II, Mulieris dignitatem, 7: 1988. item 27.

 [a4] Ef 5, 27 para apresentar a si mesmo uma Igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e imaculada.

 [a5] Conforme Carta Apostólica de João II, Mulieris dignitatem, 7: 1988. item 27.: AAS 80 1718 – NOTA 55.

 [a6] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 53, citando Santo Agostinho, virg. 6 : PL 40,399

 [a7] Paulo VI discurso de 21/11/64.

 [a8] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 75.

 [a9] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 58.

 [a10] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 69.

 [a11] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 59.

 [a12] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 59, Conforme proclamação do dogam da Assunção da bem-aventurada Virgem Maria pelo Papa Pio XII em 1950 : DS 3903.

 [a13] Liturgia Bizantina, Tropário da Festa da Dormição (15 de agosto)

 [a14] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 53

 [a15] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 63

 [a16] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 61

 [a17] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 62

 [a18] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 60.

 [a19] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 62

 [a20] Marialis cultus 56.

 [a21] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 66

 [a22] Constituição do Vaticano II « Sacrosanctum concilium »  103

 [a23] Marialis cultus 42

 [a24] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 69

 [a25] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 68

 [a26] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 53

 [a27] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 63

 [a28] cf. Jo 19, 26-27 ; Ap 12, 17

 [a29] Conforme  Constituição Dogmática Concílio Vaticano II « Lumen gentium » item 63.